Cheios com o Espírito: O povo reunido








Efésios 5.18Não se embriaguem com vinho, que leva à libertinagem, mas sejam cheios com o Espírito, 19falando uns aos outros com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando ao Senhor de coração, 20sempre dando graças a Deus Pai por todas as coisas, em nome do nosso Senhor Jesus Cristo. 21Sujeitemse uns aos outros no temor de Cristo.


Paulo está fechando toda a seção em que ele tratou da pureza inerente ao povo de Deus. Porém, ele não está simplesmente buscando uma maneira de finalizar seu conteúdo e partir para o próximo assunto, o apóstolo deixou para o final o que pode ser considerado o poder capacitador e sustentador da santidade da igreja, a saber, o Espírito Santo. John Stottt afirma: “não há maior segredo para a santidade do que ser repleto daquele cuja própria natureza e nome são santos”.  


O texto começa com uma comparação contrastante entre a embriaguez e a plenitude do Espírito Santo. 


Efésios 5.18Não se embriaguem com vinho, que leva à libertinagem, mas sejam cheios com o Espírito,


Paulo evidencia a discrepância natural existente entre os dois estados. O resultado da embriaguez nas palavras de Paulo é a libertinagem. As pessoas que estão bêbadas entregam-se a atitudes e atos desenfreados e descontrolados – isso não é segredo para ninguém. Os resultados de estar cheio do Espírito Santo é diametralmente oposto. A plenitude do Espírito Santo nos torna mais parecidos com Cristo, enriquecidos das alegrias verdadeiras, discernimento pleno e satisfação interior. O Espírito Santo é a fonte de todo o poder que os crentes precisam em suas vidas. 


A expressão grega utilizada por Paulo é riquíssima e maravilhosa (sejam cheios com o Espírito)


  1. Está no modo imperativo. Não é uma proposta alternativa ou sugestão, mas, sim um mandamento autoritativo. 

  2. Está na forma plural. Em outras palavras, é direcionada a toda comunidade cristã. Todos devem e podem experimentar essa realidade. 

  3. Está na voz passiva. Os crentes não podem fazer nada para serem cheios do Espírito, a não ser obedecer aos seus mandamentos. Encher é tarefa de Deus e uma ação que somente ele pode realizar. 

  4. Está no tempo presente. Não é uma experiência de uma vez para sempre, ao contrário, é um privilégio que deve ser renovado continuamente. 


Desse ponto em diante, o apóstolo menciona quatro resultados do enchimento do Espírito Santo. Os que experimentam a plenitude do Espírito Santo estão:


19falando uns aos outros com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando ao Senhor de coração, 20sempre dando graças a Deus Pai por todas as coisas, em nome do nosso Senhor Jesus Cristo. 21Sujeitemse uns aos outros no temor de Cristo.


Essa passagem apresenta um retrato da igreja cheia da presença do Deus trino, de uma forma muito semelhante a presença de Deus quando o povo estava reunido no A.T.. John Stott diz: “a referência diz respeito à comunhão cristã, e a menção de “salmos, hinos e cânticos espirituais” (que não se distinguem facilmente entre si, embora a primeira palavra subentende um acompanhamento musical) indica que o contexto é o culto público”. No centro do ensino apostólico sobre ser cheio do Espírito Santo está o culto público de adoração do povo de Deus. Sendo assim, nas próximas semanas vamos aproveitar para trazer algum ensino sobre a reunião dos crentes, uma vez que, existe certa confusão acerca de sua natureza, características e métodos. 


Igreja e culto 


Quando cheguei ao Imersão (programa de treinamento para plantadores e revitalizadores de igreja organizado pela Igreja da Trindade) não imaginava que toda a minha vida pastoral, ministerial e consequentemente, a igreja que pastoreava na época - pastoreio até hoje - sofreriam tantas mudanças. Indiscutivelmente, a maior mudança, a mudança mais significativa foi a respeito do culto público e a maneira como adoramos ao Senhor e nos reunimos como seu corpo. Durante toda a minha vida cristã aprendi, experimentei e ensinei que o culto é primeiramente uma experiência sensorial individual, carregada de elementos emocionais e artifícios subjetivos. Então, pela primeira vez, estudei o que a Bíblia diz sobre a igreja local. O que encontrei mudou completamente minha vida, especialmente, a respeito do culto público. Isso mesmo, percebi que existe uma conexão imperativa entre como o povo de Deus entende a si mesmo enquanto igreja e a maneira como ele adora como povo de Deus. 


Adoração, em termos bem simples, é um dos propósitos da igreja. Aliás, a adoração é a cola que une todos os outros propósitos – Discipulado, comunhão e serviço. David Peterson em sua obra clássica “Teologia Bíblica da Adoração” definiu adoração como “um compromisso com [Deus] nos termos que ele propõe e da maneira que só ele torna possível”. Nesse sentido, uma vida de adoração inclui também reunir-se com o povo de Deus. Essa é a ordem dada por Deus por meio do autor de Hebreus:


Hebreus 10.24 Importemonos uns com os outros para nos incentivarmos ao amor e às boas obras. 25E não deixemos de nos reunir como igreja, segundo o costume de alguns, mas procuremos encorajar uns aos outros, sobretudo agora que vocês veem aproximarse o Dia.


Ademais, a Bíblia fornece capítulos inteiros com instruções pertinentes a essas reuniões (por exemplo, 1 Coríntios 11 a 14). 


Por que esse tópico é tão importante? Imagine um grupo de cristãos conversando sobre o momento mais sublime da igreja, o culto público. Para alguns, a igreja precisa de adoração íntima com Deus – momentos de intimidade do crente com Deus. Outros vão discordar e insistir em uma adoração histórica e doutrinária – fundamentada em credos antigos e hinos do passado. Outros ainda, insistem que a adoração do povo de Deus deve ser rica em liturgias formativas – a piedade dos crentes formada por meio de práticas corporificadas. Alguns, objetam e defendem que o culto deve ser voltado para a evangelização dos perdidos. Quando refletimos sobre como a igreja deve adorar, nem sempre está muito claro qual dessas perspectivas deve ser adotada por nossas igrejas. Grande parte da confusão pode ser desfeita se começarmos pela igreja local. O que a Palavra de Deus chama as igrejas a fazerem quando estão reunidas?  Quando respondermos, vamos descobrir, que as quatro afirmações têm elementos esperados da igreja enquanto está reunida. O culto público envolve comunhão com Cristo por meio do Espírito, pregação enraizada nas confissões históricas, liturgia formativa e testemunho para o perdido. Entretanto, cada uma das perspectivas comuns acerca do culto público não representam a inteira vontade de Deus a respeito do assunto. Em vez disso, a resposta passa por compreender a natureza da igreja e como ela pode revelar a maneira que o povo de Deus deve adorar. Para entender a adoração do povo de Deus, devemos entender a igreja local. Quando falamos do culto de domingo com uma visão bíblica do corpo da igreja, mudamos radicalmente o nosso comportamento. O foco está em colocar o que é comunitário como ênfase da adoração comunitária. A adoração comunitária é responsabilidade de todos e de cada membro individual da igreja local. Ser cristão é se reunir com o povo de Deus, para o louvor de Deus. 


O povo reunido


Apocalipse 21.3 Ouvi uma alta voz que vinha do trono e dizia― Eis que o tabernáculo de Deus está com os homens, com os quais ele viverá. Eles serão os seus povos; o próprio Deus estará com eles e será o Deus deles.


Essa é a grande promessa final de Deus. Reunir todo o seu povo em uma grande assembleia de salvos de todas as eras em todos os tempos. Essa promessa perpassa todo o relato bíblico. Se olharmos com atenção e cuidado, vamos perceber que em todo relato das Escrituras Deus sempre se relacionou com seu povo e não apenas com os indivíduos. Em Gênesis, Deus chama Abraão e a sua descendência. Depois, resgata essa família do Egito e os torna reino de sacerdotes e nação santa. Em todo o A.T. os autores inspirados relataram a história dessa nação separada para o louvor da glória de Deus. Não é nenhuma surpresa encontrarmos a mesma dinâmica no N.T.. Jesus ressaltou constantemente o aspecto corporativo de seus planos. Ele disse: “Edificarei a minha igreja” (Mt 16.18), ordenou aos seus seguidores para “se reunirem em seu nome” (Mt 18.20) e foi categórico quando asseverou: “para que todos sejam um. Pai, como tu estás em mim e eu estou em ti, que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste” (Jo 17.21).


Os apóstolos nos ensinaram a mesma coisa. Paulo disse que Jesus “morreu por nós” (Rm 5.8) e “amou a igreja e se entregou por ela” (Ef 5.25). Contudo, os textos mais incisivos, os que mais enfatizam a natureza comunitária da salvação são:


1 Pedro 2.10 Antes, vocês não eram povo, mas agora são povo de Deus; não haviam recebido misericórdia, mas agora a receberam.


Efésios 2.13 Agora, porém, em Cristo Jesus, vocês, que antes estavam longe, foram aproximados pelo sangue de Cristo. 


Efésios 2.19 Portanto, vocês já não são estrangeiros nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus,


Um pecador que se arrepende e confia em Cristo não apenas nasce de novo. Ele nasce em um novo povo. Ele pertence a uma nova família. Adorar a Deus juntos como igreja é como um encontro familiar prazeroso e edificante. E esse povo, essa família, torna-se visível hoje nas igrejas locais. Paulo assegura:


Efésios 3.10 A intenção dessa graça era que agora, por meio da igreja, a multiforme sabedoria de Deus se tornasse conhecida dos poderes e das autoridades nas regiões celestiais, 11de acordo com o eterno plano que ele fez em Cristo Jesus, o nosso Senhor.


O apóstolo afirma que Jesus estabeleceu a igreja local para mostrar e expressar para o mundo quem são os seus adoradores. Isso significa ser cristão – um adorador de Deus – requer identificação com o povo que adora a Deus. Uma vez que a salvação é comunitária, logo, a adoração deve ser comunitária. Portanto, a natureza comunitária da igreja modela a nossa adoração comunitária. Por outro lado, a adoração comunitária da igreja, molda e reforça nosso senso e a nossa identidade comunitária. A realidade comunitária da igreja e a adoração comunitária da igreja funcionam como forças transformadoras invisíveis e poderosas. Assim, para entender a adoração, precisamos entender a igreja local. Em resumo, antes de tratar do que fazer no culto, precisamos compreender quem está adorando. 


ILUSTRAÇÕES BÍBLICAS DA IGREJA


As diversas metáforas e analogias acerca da igreja na Bíblia nos fornece vislumbres valiosos a respeito da adoração comunitária. Vamos considerar três dessas analogias:


Embaixada do reino de Deus. O povo de Deus é um posto avançado do reino dos céus na terra. Essa imagem ensina que a adoração do povo de Deus deve evidenciar que somos diferentes do mundo. No A.T Israel deveria servir como representantes de Yahweh:


Êxodo 19.3 Logo, Moisés subiu ao monte para encontrarse com Deus, e o Senhor o chamou do monte, dizendo: ― Diga o seguinte aos descendentes de Jacó e declare aos israelitas: 4“Vocês viram o que fiz ao Egito e como transportei vocês sobre asas de águias e os trouxe para junto de mim. 5Agora, se me obedecerem fielmente e guardarem a minha aliança, vocês serão o meu tesouro especial entre todas as nações. Embora toda a terra seja minha, 6vocês serão para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa”. Estas são as palavras que você dirá aos israelitas.


No N.T., os autores inspirados reconheceram a igreja como embaixada do reino de Deus:


1 Pedro 2.9 Vocês, porém, são geração eleita, reino de sacerdotes, nação santa, povo que pertence a Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. 10Antes, vocês não eram povo, mas agora são povo de Deus; não haviam recebido misericórdia, mas agora a receberam.


2 Coríntios 5.20 Portanto, somos embaixadores de Cristo, e Deus faz seu apelo por meio de nós. Por amor a Cristo, suplicamos: reconciliemse com Deus.


O que essa realidade representa de maneira objetiva na adoração comunitária? 


  • O povo de Deus se reúne como seus representantes, não como consumidores. O objetivo do culto não é entreter ou proporcionar um momento de experiência sensorial. O Intuito é representar e apresentar o Rei.

 

  • Os crentes não vão a igreja para adorar, eles adoram por que são embaixadores. Se o culto for mais um evento em nossa agenda, é mais provável que revelemos uma mente egocêntrica. A avaliação do culto será por indicadores de satisfação pessoal. Quando adoramos encarnamos de modo objetivo nossa identidade como povo. 


  • As Escrituras devem ser o fator determinante acerca das práticas de culto do povo do reino. Embaixadores não têm direito de definir as políticas do reino. Eles devem aplicar as resoluções estabelecidas pelo rei. Na prática, não existe espaço para criatividade no culto. Obedecemos às ordens que o nosso Rei deixou registrado em sua palavra. 


  • A adoração é uma demonstração da cultura do reino de Deus. Uma igreja bíblica é por natureza contracultural, logo, seus cultos também devem ser. Declaramos a vontade do Rei, cantamos os hinos do Rei. Ensinamos as leis do reino na pregação. Recebemos novos embaixadores. Celebramos uma prévia da nossa volta para casa. 


  • A adoração coletiva convoca novos embaixadores. Embora não devamos atender as vontades dos incrédulos e incautos em nossos cultos, devemos orar para que eles participem e sejam salvos (“Portanto, somos embaixadores de Cristo, e Deus faz seu apelo por meio de nós. Por amor a Cristo, suplicamos: reconciliemse com Deus” 1 Co 5.20).


O templo de Deus. Uma igreja local é por substância o templo de Deus (não conseguimos encontrar Deus chamando os indivíduos de templo separadamente). Na adoração comunitária, desfrutamos de comunhão direta e especial com Deus e de uns com os outros. 


Em todo o enredo das Escrituras, Deus manifesta a sua presença, especialmente, quando seu povo está reunido em obediência as suas ordens. Ele fez isso:


  • No tabernáculo no deserto

  • No templo de Israel

  • No templo mais perfeito, seu Filho amado

  • Finalmente, em todos aqueles que estão unidos a seu Filho


O N.T. é extremamente direto e objetivo ao ensinar que os crentes unidos a Cristo e unidos uns aos outros em Cristo – e não separadamente – são templo do Espírito Santo. 


1 Coríntios 6.19 Acaso não sabem que o corpo de vocês é templo do Espírito Santo, que está em vocês, o qual receberam de Deus? Vocês não são de vocês mesmos;


1 Coríntios 3.16 Vocês não sabem que são templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vocês?


Efésios 2.22 Nele vocês também estão sendo edificados juntos, para se tornarem morada de Deus por seu Espírito.


1 Pedro 2.5 vocês também estão sendo utilizados como pedras vivas na edificação de uma casa espiritual para serem sacerdócio santo, oferecendo sacrifícios espirituais aceitáveis a Deus, por meio de Jesus Cristo.


Em todos estes textos percebemos, nitidamente, a linguagem coletiva dos escritores. Por definição um templo (apresentar e representar uma divindade) não pode ser definido por individualidades. Pessoas cheias do Espírito Santo colocam suas preferências e diferenças de lado para juntos como povo ou família adorarem ao Senhor e Deus.


Romanos 15.5 Que o Deus paciente e encorajador dê a vocês um espírito de unidade, segundo Cristo Jesus, 6para que, juntos e a uma só voz, glorifiquem ao Deus e Pai do nosso Senhor Jesus Cristo.


Em outras palavras, ser templo de Deus significa ser habitado pelo Espírito Santo para que juntos e reunidos a cada domingo possamos glorificar a Deus e desfrutar de sua presença especial durante a adoração comunitária. O que isso significa? 


  • O culto é por essência uma experiência congregacional. O culto não é o melhor momento para o crente “recarregar as baterias” (ainda que isso possa acontecer). Não encontramos Deus em nossas experiências sensoriais individuais. O culto é o encontro com Deus através de seu povo cheio do Espírito Santo (“Não se embriaguem com vinho, que leva à libertinagem, mas sejam cheios com o Espírito, falando uns aos outros com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando ao Senhor de coração” Ef 5.18-19).


  • A experiência congregacional deve ser prática. Se somos o templo de Deus, então o culto deve ser marcado por práticas coletivas. Os crentes não podem fechar os olhos e se concentrar em suas próprias necessidades. Ao contrário, atentar para o irmão que está ao seu lado, e cooperar para a sua edificação. Precisam abrir as suas bocas e falar uns aos outros. Abrir os seus ouvidos para o que está sendo ensinado na pregação. Receber o cálice das mãos dos presbíteros. Contemplar o incrédulo descendo nas águas do batismo e afirmando a sua fé em Cristo. O culto é uma experiência de práticas comunitárias poderosas. 


  • A adoração comunitária é o ministério sacerdotal dos crentes para outros crentes. Pedro disse: “vocês também estão sendo utilizados como pedras vivas na edificação de uma casa espiritual para serem sacerdócio santo, oferecendo sacrifícios espirituais aceitáveis a Deus, por meio de Jesus Cristo.” (1 Pe 2.5). O apóstolo ensina que quando estamos reunidos como templo desempenhamos duas funções sacerdotais ou dois tipos de sacrifício: (1) louvor a Deus, e (2) boas obras em favor dos outros. Em resumo, ministramos tanto ao Senhor quanto aos outros quando a igreja se reúne.


  • A verdadeira prática está no meio do povo e não na plataforma. Muitos crentes (a maioria dos evangélicos brasileiros) entendem a igreja como um lugar onde a adoração em um palco ou plataforma conduz o povo como uma onda ou campo gravitacional. A adoração é produzida por meios artificiais – como a missa católica romana, em que o sacerdote distribui a graça do altar até as pessoas. Porém, o ensino dos apóstolos e os exemplos deixados na Bíblia mostram que é entre o povo de Deus que está a verdadeira ação. Os bancos da igreja, as vozes da igreja, o levantar de mãos da igreja e a oração da igreja é o verdadeiro lugar da adoração. A Bíblia é o condutor do culto e os crentes são, todos eles, inclusive os líderes, reino de sacerdotes oferecendo juntos louvores ao nosso Deus.    


O corpo de Cristo. A igreja é chamada de corpo de Cristo em diversas oportunidades na Bíblia. Em algumas ocasiões para se referir a igreja universal ou católica (Mt 16.18). Indiscutivelmente, a maior quantidade de menções é concernente a igreja local. Ela é o corpo de Cristo. O ensino mais extenso na Bíblica sobre o que a igreja deve fazer quando se reúne está registrado em 1 Coríntios 12 a 14 (inclusive o capítulo do amor). Paulo disse aos crentes de Corinto: 


1 Coríntios 12.27 Ora, vocês são o corpo de Cristo, e cada um de vocês é membro desse corpo.


  1. Cada membro é uma parte importante do corpo:


1 Coríntios 12.14 Portanto, o corpo não é feito de um só membro, mas de muitos. 15Se o pé disser: “Porque não sou mão, não pertenço ao corpo”, nem por isso deixa de fazer parte do corpo. 16Se o ouvido disser: “Porque não sou olho, não pertenço ao corpo”, nem por isso deixa de fazer parte do corpo. 17Se o corpo todo fosse olho, onde estaria a audição? Se o corpo todo fosse ouvido, onde estaria o olfato? 18De fato, Deus dispôs cada um dos membros no corpo segundo a vontade dele. 19Se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo?

 

  1. Os membros têm um propósito único e objetivo: edificar o corpo de Cristo. O termo “edificar” aparece diversas vezes nas passagens de 1 Coríntios (12.7, 12.25, 13.5, 14.4-5, 14.12, 14.17, 14.19, 14.26). Vou destacar apenas alguns exemplos:



1 Coríntios 12.7 A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito, visando ao bem comum.


1 Coríntios 14.4 Quem fala em línguas edifica a si mesmo, mas quem profetiza edifica a igreja.


1 Coríntios 14.12 Assim acontece com vocês. Visto que estão ansiosos por terem dons espirituais, procurem crescer naqueles que trazem edificação para a igreja.


1 Coríntios 14.26 Portanto, que diremos, irmãos? Quando vocês se reúnem, um tem salmo, um tem ensino, um tem revelação, um fala em línguas e um tem a interpretação. Tudo seja feito para a edificação da igreja.


Em suma, uma vez que a igreja é o corpo de Cristo, a edificação do corpo deve estar no centro da adoração comunitária. O que isso significa: 


  • Ser edificado edificando. Estamos na reunião para sermos edificados, enquanto, edificamos os nossos irmãos. Somos ao mesmo tempo construtores e templo na nação de Deus. Construímos na vida dos nossos irmãos, à medida em que somos edificados por eles. Em resumo, a adoração comunitária mina naturalmente o egocentrismo. 

  • Discipulado. Estamos acostumados a pensar no discipulado em termos de estudos bíblicos, pequenos grupos, relacionamento pessoal e comunhão informal. Porém, no ensino da Bíblia, o culto é um dos principais ambientes de discipulado na igreja. Quando estamos reunidos “um tem salmo, um tem ensino, um tem revelação, um fala em línguas e um tem a interpretação. Tudo seja feito para a edificação da igreja” (1Co 14.26). Estamos discipulando uns aos outros e edificando o corpo de Cristo até a maturidade. 

  • Unidade. A unidade aparece quando cantamos alegremente músicas que não são as da nossa preferência, mas, que sabemos que trazem conforto e edificação para os nossos irmãos. Quando temos a oportunidade de servir e acolher os irmãos por meio das nossas contribuições. Quando deixamos nossos gostos e desejos de lado para que os outros possam ser edificados. 


Conclusão


A igreja local é uma embaixada do reino de Deus, o templo do Espírito Santo, o corpo que está sendo alimentado e nutrido em direção à maturidade. Isso acontece de maneira especial no culto de adoração coletiva. No encontro do povo de Deus somos desafiados a abrir mão das nossas vontades para servirmos uns aos outros em adoração ao nosso Senhor. 



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