Os pilares da oração
Efésios 6.18 Orem no Espírito em todas as ocasiões, com toda oração e súplica. Tendo isso em mente, estejam atentos e perseverem na oração por todos os santos. 19Orem também por mim, para que, ao falar, me seja dada a mensagem a fim de destemidamente tornar conhecido o mistério do evangelho, 20pelo qual sou embaixador preso em correntes. Orem para que eu anuncie o evangelho ousadamente, como devo fazer.
Por diversas vezes em nosso estudo da carta de Paulo aos efésios, nos maravilhamos com a amplitude da glória de Deus e do seu desígnio eterno. A unidade, a diversidade, a santidade e a harmonia descritas e apresentadas como características distintivas da nova vida em Cristo e do novo povo de Deus. Entretanto, os cristãos têm de enfrentar a perspectiva dolorosa de um conflito com o inimigo de Deus, que também é o seu inimigo. O plano de Deus é criar um novo povo. Seus inimigos vão fazer de tudo para impedir. Na porção anterior, o diabo – juntamente com seus aliados: a carne e o mundo – é apresentado como o nosso inimigo, que luta na arena do nosso coração por nossos afetos, motivações, amores e desejos. O poder para vencer a batalha espiritual é o poder de Deus – o evangelho de Cristo.
Finalmente, o apóstolo apresenta a oração, não somente como uma arma espiritual, mas, sim, como um manto que envolve toda a guerra espiritual do crente. A ordem de Paulo no texto (por três vezes ele conclama aos crentes: “orem”) nos propicia uma oportunidade singular de pensar no assunto. O tema suscita diversas questões polêmicas e alguns ensinos equivocados. A oração sempre foi uma matéria complicada, haja vista os discípulos terem pedido para Jesus os ensinarem como deveriam orar. Em sua carta aos Romanos, o apóstolo afirmou “Não sabemos orar como convém” (Rm 8.26). Tiago asseverou que “Quando pedem, não recebem, pois pedem por motivos errados, para gastar em seus prazeres” (Tg 4.3).
A oração é indispensável e vital para todos os cristãos. Muitos crentes chegam a afirmar que orar é como respirar. Parece mesmo que eles têm razão. É por isso que a luta de todos nós com o tema é tão intrigante. Nosso intuito é elaborar um panorama sucinto, porém, preciso do texto e propor alguns princípios acerca do meio de graça da oração - em outras palavras: os pilares da oração.
Os quatro imperativos da oração
Efésios 6.18 Orem no Espírito em todas as ocasiões, com toda oração e súplica. Tendo isso em mente, estejam atentos e perseverem na oração por todos os santos.
O primeiro aspecto relevante que podemos notar na passagem é a expressão “Orem no Espírito”. A oração é no Espírito, por que é induzida e guiada por ele. Assim como, a palavra de Deus é a espada do Espírito que ele mesmo emprega. Consequentemente, as Escrituras e a oração permanecem juntas como duas armas indissociáveis que o Espírito coloca em nossas mãos.
A seguir, Paulo apresenta os quatro ditames da oração cristã:
“em todas as ocasiões”. O apóstolo admoesta seus leitores a buscarem a Deus em todas as oportunidades. Nos tempos de tribulação, nos momentos de gratidão e nos dias de bonança. Todos nós conhecemos pessoas que se tornaram gigantes da oração em situações aflitivas, todavia, depois de alcançar a benção de Deus, esfriaram na oração e deixaram de beber da fonte de água viva.
“com toda oração e súplica”. A pessoa deve estar consciente da situação ao seu redor. Não pode limitar a oração a alguns componentes apenas. A Bíblia diz que os crentes têm de orar com gratidão, petição, louvores, arrependimento entre outros. O cristão pode e deve utilizar todos os tipos de oração e aumentar a abrangência de suas petições e súplicas.
“estejam atentos e perseverem na oração”. A vida espiritual do crente exige atenção redobrada. Nada em sua vida, na igreja ou na sociedade é fortuito. Abaixo da superfície uma renhida guerra está acontecendo. Eles conhecem as promessas gloriosas de Deus, sabem de seus propósitos e planos, por isso mesmo, permanecem perseverantes na oração. Mesmo quando orar não for a melhor escolha.
“por todos os santos”. Ao longo de sua peregrinação terrena, Jesus valorizou singularmente a intercessão. Ele é o nosso grande intercessor e através de sua amorosa intercessão a comunhão dos santos permanece viva e real. Somos uma comunidade unida essencialmente pela oração e pela intercessão. Os necessitados oram pelos abastados. Os negros pelos brancos. As mulheres pelos homens. Os judeus pelos gentios. Ou vice e versa. Deve existir sempre e constantemente oração por todos os santos nos lábios dos crentes.
Um pedido pessoal
Efésios 6.19 Orem também por mim, para que, ao falar, me seja dada a mensagem a fim de destemidamente tornar conhecido o mistério do evangelho, 20pelo qual sou embaixador preso em correntes. Orem para que eu anuncie o evangelho ousadamente, como devo fazer
O apóstolo ensinou e a seguir praticou o seu ensino - ele pediu oração para os santos de Deus. Paulo era suficientemente sábio para saber de sua profunda necessidade de força para lidar com o inimigo de sua alma. Também era humilde para pedir aos seus irmãos que intercedessem por ele. Todavia, ele não pediu para que fosse libertado da prisão. O que ele pede é que os irmãos invocassem a benção de Deus sobre ele para que pudesse ser uma testemunha fiel de Cristo. As forças que ele necessitava não eram apenas para a sua refrega contra as forças do mal, mas, antes, para o seu ministério de evangelismo pelo qual procurava libertar as pessoas do domínio do diabo.
Muitos crentes apresentam uma atitude completamente distinta da que o apóstolo mostrou. Por diversos motivos, que podem ser simplesmente a leniência ou desprezo do valor da intercessão da igreja, para razões mais preocupantes como não querer compartilhar sua vida com outras pessoas. Em qualquer uma dessas situações – ou mesmo algumas não mencionadas – o que está por trás é um profundo desprezo pelo valor da oração de pessoas que foram salvas por Jesus e que acesso ao trono da graça de Deus.
Qual foi a última vez que você apresentou para os irmãos da sua igreja um pedido de oração? Você se recorda de ter orado por algum irmão necessitado ou os seus problemas ocupam a sua vida que não há espaço para a intercessão? Existe desejo do seu coração de participar das reuniões de oração da sua igreja ou considera esses momentos inoportunos e inconvenientes? Vamos resgatar o sentimento e a motivação de irmãos que nos ensinaram a singela expressão: “Orem também por mim”.
O que é oração
Gênesis 4.25 Novamente Adão teve relações com sua mulher, e ela deu à luz outro filho, a quem chamou Sete, dizendo: “Deus me concedeu um filho no lugar de Abel, visto que Caim o matou”. 26Também a Sete nasceu um filho, a quem deu o nome de Enos. Nessa época começou-se a invocar o nome do Senhor.
O texto supracitado retrata de maneira singular a definição de oração. Adão tinha recebido uma promessa de Deus (Gênesis 3.15 Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e o descendente dela; este ferirá a sua cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar”) e agora, as pessoas estavam invocando ao Senhor para que ele cumprisse a sua promessa. A humanidade estava orando em resposta à promessa de Deus.
O que é oração? Só porque algo é crucial na vida de alguém, não quer dizer que seja natural. Do mesmo modo, com a oração, por ser essencial na vida dos crentes, não significa que seja instintiva. Comumente, as pessoas tendem a pensar que a definição de oração é perda de tempo, uma vez que, todos sabem o que é oração. Alguns indivíduos ponderam que “nem é preciso ser cristão para saber o que é oração”. Entretanto, às vezes as expressões mais comuns são as com definições mais defeituosas exatamente pelo seu desgaste. Então, precisamos da definição adequada.
A primeira coisa, portanto, é listar as conceituações mais comuns sobre oração. A designação mais utilizada sobre oração é falar com Deus. Algumas pessoas ensinam: “fale com Deus com sinceridade como se estivesse falando com um amigo. Apenas fale e ele vai te ouvir”. Outra caracterização da oração seria pedir algo a Deus. Nesse caso, a oração é apresentar nossos pedidos a Deus. Ademais, alguns pensam na oração como maneira de alinhar nossas vontades e desejos aos propósitos de Deus. Qual é o problema com essas definições? Elas estão erradas? Não. Não estão, todavia, elas descrevem os aspectos secundários da oração.
A questão prevalece: O que é oração? Temos uma linha que perpassa toda a Escritura acerca da oração, um elemento que está presente em todas as declarações ou menções relacionadas a oração: A oração, é uma resposta a revelação do caráter e da natureza de Deus! Uma coisa comum nas Escrituras é que antes de qualquer pessoa orar, esse mesmo indivíduo recebe um estímulo da Palavra de Deus acerca da pessoa do próprio Deus.
Nesse sentido, torna-se indispensável que todos os que se acheguem a Deus em oração conheçam o seu caráter e a sua natureza - seus atributos e os seus feitos maravilhosos. Quem é Deus, como seus atributos se harmonizam, qual a sua linguagem e a revelação de seu poder e autoridade? Outrossim, devemos nos familiarizar com as suas promessas. Com as afirmações objetivas de sua vontade e de seus propósitos. Tudo isso, está revelado nas páginas da Bíblia. Aprouve ao Senhor se revelar por meio das Escrituras.
Um modelo de oração
Mateus 6.9 Vocês, orem assim: “Pai nosso, que estás nos céus! Santificado seja o teu nome. 10Venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. 11Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia. 12Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores. 13E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal, porque teu é o Reino, o poder e a glória para sempre. Amém.
Quando estamos falando de um modelo de oração, normalmente, surgem conceitos estranhos aos apresentados nas Escrituras. Algumas pessoas afirmam que não existe uma forma correta de orar. Se com isso estão afirmando que não existe um manual de oração, eles acertaram. Entretanto, se querem dizer que podemos orar de qualquer forma, nesse caso, estão equivocados. Quando Jesus foi questionado sobre o assunto, ele não se esquivou da resposta ou não ofereceu uma solução. Também, não disse que a sinceridade era suficiente. Ele ensinou seus discípulos a orarem.
Inicialmente, é notável que Jesus não estabeleceu os métodos que comumente as pessoas estão habituadas. Ele não disse que deveríamos gastar horas a fio em oração. Obviamente, que orar por muito tempo não tem problema, todavia, não torna a oração mais eficaz. Além do mais, o fervor da oração não significa falar com voz empostada ou alterada. Também, não significa ficar de joelhos, subir no monte ou orar em determinados horários. Outrossim, a oração dos crentes deve se diferenciar das preces feitas por religiosos, que transformam suas orações em um ritual de sacrifício a sua divindade.
Então, existe um modelo de oração? Objetivamente, sim - Jesus nos ensinou a orar por meio da oração do Pai Nosso. Porém, no modelo de oração apresentado por Jesus, ele procura corrigir as nossas prioridades e motivações.
Adoração. Na primeira parte da oração, o nosso Senhor tratou de ressaltar o caráter, a natureza, os propósitos e os feitos de Deus. Ele disse:
“Pai nosso, que estás nos céus! Santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu…”.
De maneira prática, quando formos orar, a primeira tarefa é saber exatamente a quem estamos nos dirigindo em oração. Nosso Deus é pessoal, envolvido com a sua criação e todo poderoso. Estamos diante do governador do universo. Perante o Rei dos reis e Senhor dos senhores.
Petição. A seguir, Jesus nos ensina que podemos apresentar ao Pai os nossos pedidos. Não erramos quando pedimos, ao contrário, somos incentivados a pedir. Jesus pediu:
“... Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia.”
Deus sabe que os homens são completamente incapazes. Mesmo as suas maiores e mais importantes realizações são resultado direto e objetivo de sua graça. Portanto, em seu amor e misericórdia, nos ofereceu uma oportunidade de levar a ele as nossas petições.
Confissão. O reconhecimento e o arrependimento de nossos pecados não podem ficar de fora da oração. Jesus incluiu este aspecto na oração.
“Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores. E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal…”
Dois pontos precisam ser evidenciados neste artigo da oração: Primeiro, o Senhor não está colocando uma condição para recebermos o perdão de Deus. Somos perdoados apenas e somente por sua graça. Ele está ressaltando uma parte do caráter do crente, eles naturalmente, perdoam. Segundo, o arrependimento - e não o orgulho - devem estar presentes quando contemplamos a majestade de Deus. Somente o Senhor pode nos livrar da tentação e perdoar os nossos pecados. Deus não leva em conta a nossa força e a nossa capacidade - elas não podem nos livrar do mal.
Louvor. Ele finaliza a oração modelo com uma nota de louvor e adoração. Uma doxologia que acompanha todos os crentes ao longo da história.
“... porque teu é o Reino, o poder e a glória para sempre. Amém.”
Começamos a oração declarando a glória de Deus e terminamos no mesmo ponto. Quando oramos, estamos nos agarrando como náufragos que se agarram ao seu colete salva-vidas ao poder e as promessas de Deus. Ninguém pode deter os seus planos. Ninguém pode mudar seus desígnios. Ele é o rei, poderoso e glorioso. Amém!
Estes quatro artigos da oração modelo ensinada por Jesus, também evidenciam o total das orações das Escrituras. Adoração, petição, confissão e louvor são encontrados separados em outros lugares da Bíblia. Jesus juntou tudo em uma oração simples e matricial que deve ser seguida por todos os crentes.
Conclusão
Neste sublime clímax, Paulo termina a parte principal de sua carta. Durante toda a correspondência ele procurou ressaltar o “mistério que, durante épocas, foi mantido oculto em Deus, que criou todas as coisas” (Ef 3.9). Mas no final, ele ordena aos crentes que lutem em oração. Invocar a Deus é o principal exercício da fé e da esperança, e, é assim um meio de Deus repartir sua graça conosco.
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