A beleza da igreja: Membresia
Estamos procurando determinar como edificar uma igreja saudável. A saúde de qualquer igreja local depende, em grande parte, de uma questão básica: os membros são nascidos de novo? Membros espiritualmente mortos disseminam enfermidades que estão decompondo as suas almas e suas igrejas. Todas essas enfermidades são formas gangrenosas de pecados impenitentes.
Uma membresia significativa é fundamental para a edificação de uma igreja saudável. Deus sempre tencionou que houvesse uma linha nítida divisória para distinguir aqueles que creem nele daqueles que não creem.
UMA LINHA QUE SEPARA
No A.T. o povo de Deus era representado pela nação de Israel. Esse povo era separado das demais nações. O N.T. apresenta a igreja como formada de membros (corpo e família). “a bíblia apresenta a igreja local como uma entidade formada de indivíduos múltiplos, mas altamente integrados que são identificáveis como uma unidade.” Mark Dever. Em resumo, a igreja é retratada na Bíblia como formada de um grupo de pessoas específico e identificável.
Nesse sentido, alguns textos apresentam a ideia de membresia:
Mateus 18.17 E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano.
Jesus recomendou que os pecadores impenitentes fossem excluídos da igreja e considerados publicanos e gentios. A expulsão só faz sentido se o indivíduo removido pertencer visivelmente à igreja.
Atos 1.15Naqueles dias Pedro levantou-se entre os irmãos, um grupo de cerca de cento e vinte pessoas.
Atos 2.41 Os que aceitaram a mensagem foram batizados, e naquele dia houve um acréscimo de cerca de três mil pessoas.
No nascedouro da igreja apostólica, nos deparamos com o relato de que a medida em que as pessoas aceitaram a mensagem do evangelho pregada pelos apóstolos, elas foram incluídas na igreja de Cristo. O conceito de acréscimo está conectado com a consideração de um número anterior.
1 Coríntios 5.12 Pois com que direito haveria eu de julgar os de fora? Não julgais vós os de dentro? 13Os de fora, porém, Deus os julgará. Expulsai, pois, de entre vós o malfeitor.
Quando a igreja estava constituída e dando os seus primeiros passos, os apóstolos obedeceram as ordens do Senhor Jesus no tocante aos pecadores impenitentes. Na passagem destacada acima, Paulo menciona a linha divisória da membresia, descrevendo os membros da igreja como “os de dentro” e os ímpios como “os de fora”.
2 Coríntios 2.6 A punição que foi imposta pela maioria é suficiente.
Novamente, Paulo menciona a disciplina de um irmão (talvez o mesmo) na igreja de Corinto. Seu argumento é de que a disciplina imposta pela igreja foi determinante para o arrependimento da pessoa. Em sua colocação, o apóstolo menciona a maioria, indicando que temos um grupo específico de irmãos que compõem a membresia da igreja.
O ponto principal sobre a membresia na igreja é: quem toma as decisões finais sobre questões como admissão de novos membros, disciplina na igreja, ordenação ou remoção de presbíteros? Para responder essa questão é necessário apontar como as decisões são tomadas na igreja? A declaração de fé de Cambridge editada em 1648 apresentou o ponto da seguinte forma:
O governo da igreja é uma mistura de governos [...] no que diz respeito a Cristo, o Rei e Cabeça da igreja, ao soberano poder que reside nele e é exercido por ele, o governo da igreja é uma monarquia. No que diz respeito ao corpo, à irmandade da igreja, e ao poder outorgado a eles, o governo da igreja parece uma democracia. No que concerne aos presbíteros e ao poder confiado a eles, o governo da igreja é uma aristocracia.
FORMAS DE GOVERNO DA IGREJA
Durante a história as igrejas se organizaram de modos distintos. Todavia, as formas de governo na igreja podem ser divididas em três grandes categorias:
Episcopal. O governo é exercido por uma categoria distinta de oficiais da igreja considerados como sacerdotes autorizados. A autoridade final para a tomada de decisões encontra-se fora da igreja local.
Os principais ramos do cristianismo que utilizam o modelo episcopal são os católicos romanos, os anglicanos e os episcopais.
A grande maioria das igrejas neopentecostais e as igrejas relevantes adotam o modelo episcopal empobrecido, onde o pastor sênior toma todas as decisões. Suas alegações são baseadas na interpretação equivocada do texto do livro de Apocalipse, no capítulo 2, quando Jesus fala “ao anjo da igreja...”.
Presbiteriano. Tem um governo de presbíteros, alguns dos quais têm autoridade não só sobre suas congregações locais, mas também, através do presbitério e da assembleia geral, sobre todas as igrejas de uma região e, na denominação como um todo.
Congregacional. O governo da igreja tem autoridade final baseada na congregação local. A própria igreja define os rumos da igreja local, sem qualquer interferência externa.
CONGREGACIONALISMO LIDERADO POR PRESBÍTEROS
O congregacionalismo não deveria ser visto como um regime meramente democrático, como muitos congregacionalistas defendem.
A autoridade da membresia só pode ser exercida com excelência apenas quando ela, em obediência a Cristo, está sob liderança de presbíteros comprometidos com o amadurecimento e edificação dos membros da igreja local.
A autoridade final pertence a Jesus e a sua palavra registrada nas Escrituras. Os presbíteros devem liderar e ensinar segundo essa palavra. Portanto, congregações devem naturalmente seguir a direção de sua liderança.
Paulo ensina:
Efésios 4.11E ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, 12com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado, 13até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo. 14O propósito é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro. 15Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo. 16Dele todo o corpo, ajustado e unido pelo auxílio de todas as juntas, cresce e edifica-se a si mesmo em amor, na medida em que cada parte realiza a sua função.
Nesse texto, aprendemos que o intuito de Deus ao conceder dons aos líderes é para que eles treinem a membresia para realizar suas tarefas. Na perspectiva do apóstolo, os encontros da igreja servem para que os presbíteros - com seus dons variados - preparem os membros para conhecer, viver, proteger e para estender o alcance do evangelho na vida uns dos outros e entre os que estão fora. Para Paulo, quem edifica a igreja? Os presbíteros, os líderes, os mestres? Não. Todos os membros devem fazer isso. O trabalho dos oficiais é preparar os crentes para realizarem suas atribuições.
Portanto, qualquer governo da igreja que deseja ser bíblico deve ser liderado por presbíteros - presbíteros são pessoas reconhecidas pela igreja local para liderar, ensinar e pastorear seus membros. As igrejas dependem de seus líderes para treiná-los a realizar as suas tarefas. Uma parte fundamental no governo da igreja bíblica, é a exigência de que membros comuns assumam a responsabilidade por outros membros da igreja. Isso significa que todos têm um trabalho a fazer.
Assim sendo, o governo da igreja no padrão dos apóstolos é um governo misto. Em parte é uma monarquia – Jesus é o rei por meio de sua palavra; em parte aristocracia – presbíteros lideram e ensinam a igreja; e em parte é uma democracia – a congregação tem a palavra final sobre certas questões cruciais.
RESPONSABILIDADES DOS MEMBROS DA IGREJA
Todo crente tem um trabalho a fazer
A membresia da igreja envolve responsabilidades que todos os crentes precisam assumir. A responsabilidade de agir dos membros da igreja é parte integrante de seu compromisso de cuidar uns dos outros. O N.T. trata os crentes não apenas como responsáveis por realizar o trabalho de discipulado uns dos outros, mas como capacitados por Deus para fazê-lo.
Mateus 7.15“Cuidado com os falsos profetas. Eles vêm a vocês vestidos de peles de ovelhas, mas por dentro são lobos devoradores. 16Vocês os reconhecerão por seus frutos. Pode alguém colher uvas de um espinheiro ou figos de ervas daninhas?
1 João 4.1Amados, não creiam em qualquer espírito, mas examinem os espíritos para ver se eles procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo. 2Vocês podem reconhecer o Espírito de Deus deste modo: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne procede de Deus;
2 Pe 3.1Amados, esta é agora a segunda carta que escrevo a vocês. Em ambas quero despertar com estas lembranças a sua mente sincera para que vocês se recordem 2das palavras proferidas no passado pelos santos profetas e do mandamento de nosso Senhor e Salvador que os apóstolos ensinaram a vocês.
Gálatas 1.8Mas, ainda que nós ou um anjo dos céus pregue um evangelho diferente daquele que pregamos a vocês, que seja amaldiçoado! 9Como já dissemos, agora repito: Se alguém anuncia a vocês um evangelho diferente daquele que já receberam, que seja amaldiçoado!
Constatamos que em todos estes casos – e ainda em outros – o N.T. afirma que o Espírito Santo habita em cada crente capacitando-o a separar o verdadeiro evangelho de um falso evangelho, ou um verdadeiro conhecimento de um falso conhecimento.
A igreja por meio de seus membros são os representantes de Cristo na terra. Isso envolve buscar a expansão do alcance do reino de Deus na terra e guardar uns aos outros em santidade e crescimento. Todo cristão tem esse dever: Vigiar tanto o que se ensina quanto quem ensina o povo de Deus.
Portanto, um pastor, presbítero ou bispo que impeça os membros da igreja de realizarem esta tarefa – por qualquer motivo, sejam eles de maturidade, conhecimento ou confiança – essencialmente desobriga da tarefa que Deus, em Cristo, os encarregou.
O trabalho de todo membro
Uma parte relevante e importante do que significa ser igreja é cooperar para o discipulado um dos outros. Exige que o membro comum da igreja, assuma a responsabilidade por outros membros da igreja. De modo muito prático, de que maneira os crentes podem realizar suas tarefas?
Congregar-se regularmente com a igreja.
Hebreus 10.24E consideremos uns aos outros para nos incentivarmos ao amor e às boas obras. 25Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas procuremos encorajar-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês veem que se aproxima o Dia.
Atos 2.46Todos os dias, continuavam a reunir-se no pátio do templo. Partiam o pão em casa e juntos participavam das refeições, com alegria e sinceridade de coração,
1 Coríntios 16.2No primeiro dia da semana, cada um de vocês separe uma quantia, de acordo com a sua renda, reservando-a para que não seja preciso fazer coletas quando eu chegar.
Conhecer, ensinar, pregar e proteger o evangelho.
1 Coríntios 15.1Irmãos, quero lembrá-los do evangelho que preguei a vocês, o qual vocês receberam e no qual estão firmes. 2Por meio deste evangelho vocês são salvos, desde que se apeguem firmemente à palavra que preguei; caso contrário, vocês têm crido em vão.
Gálatas 1.6Admiro-me de que vocês estejam abandonando tão rapidamente aquele que os chamou pela graça de Cristo, para seguirem outro evangelho 7que, na realidade, não é o evangelho. O que ocorre é que algumas pessoas os estão perturbando, querendo perverter o evangelho de Cristo.
Ajudar a confirmar a confissão de outros crentes. Você não pode confirmar pessoas que você não conhece. Busque intencionalmente maneiras de incluir pessoas na sua vida. Paulo oferece uma lista de verificação para conferirmos se estamos indo bem na nossa tarefa uns com os outros.
Romanos 12.9O amor deve ser sincero. Odeiem o que é mau; apeguem-se ao que é bom. 10Dediquem-se uns aos outros com amor fraternal. Prefiram dar honra aos outros mais do que a vocês. 11Nunca falte a vocês o zelo, sejam fervorosos no espírito, sirvam ao Senhor. 12Alegrem-se na esperança, sejam pacientes na tribulação, perseverem na oração. 13Compartilhem o que vocês têm com os santos em suas necessidades. Pratiquem a hospitalidade.
Participar das reuniões de membros.
1 Coríntios 5.4Quando vocês estiverem reunidos em nome de nosso Senhor Jesus, estando eu com vocês em espírito, estando presente também o poder de nosso Senhor Jesus Cristo, 5entreguem esse homem a Satanás, para que o corpo seja destruído, e seu espírito seja salvo no dia do Senhor.
Mateus 18. 17Se ele se recusar a ouvi-los, conte à igreja; e, se ele se recusar a ouvir também a igreja, trate-o como pagão ou publicano.
Discipular outros membros da igreja. O cristianismo básico envolve a edificação de outros crentes por meio das palavras e dos ouvidos.
Efésios 4.29Nenhuma palavra torpe saia da boca de vocês, mas apenas a que for útil para edificar os outros, conforme a necessidade, para que conceda graça aos que a ouvem. 30Não entristeçam o Espírito Santo de Deus, com o qual vocês foram selados para o dia da redenção. 31Livrem-se de toda amargura, indignação e ira, gritaria e calúnia, bem como de toda maldade. 32Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus os perdoou em Cristo.
Obedecer aos líderes.
Hebreus 13. 17Obedeçam aos seus líderes e submetam-se à autoridade deles. Eles cuidam de vocês como quem deve prestar contas. Obedeçam-lhes, para que o trabalho deles seja uma alegria, não um peso, pois isso não seria proveitoso para vocês.
Essas tarefas e responsabilidades dos crentes devem ser encaradas com muita seriedade. Nesse sentido, o modelo de governo na igreja deve cooperar para que os crentes possam exercer seus dons e obedecer a palavra de Deus.
A autoridade para ensinar
É por isso que um presbítero deve ser apto para ensinar. A igreja tem uma tarefa para realizar e os presbíteros são destacados pelas Escrituras para treinar o povo de Deus na execução de suas responsabilidades.
1 Timóteo 3. 2É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, moderado, sensato, respeitável, hospitaleiro e apto para ensinar;
Atos 20.28Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo os designou como bispos, para pastorearem a igreja de Deus, que ele comprou com o seu próprio sangue. 29Sei que, depois da minha partida, lobos ferozes penetrarão no meio de vocês e não pouparão o rebanho. 30E dentre vocês mesmos se levantarão homens que torcerão a verdade, a fim de atrair os discípulos.
Hebreus 13.7Lembrem-se dos seus líderes, que transmitiram a palavra de Deus a vocês. Observem bem o resultado da vida que tiveram e imitem a sua fé.
As igrejas saudáveis têm presbíteros que se apegam firmemente à palavra fiel enquanto ensinam e instruem segundo a verdade. Os presbíteros não constituem uma “classe especial de crentes” como a divisão estabelecida em tempos passados de cleros e leigos. Fundamentalmente um presbítero é um cristão e um membro da igreja comum. Ele é separado e reconhecido como um presbítero porque seu caráter é exemplar e por ser capaz de orientar e ensinar os crentes em suas tarefas.
Sendo assim, a diferença entre um presbítero e um membro, embora formalmente designada por um título, é baseada em grande parte em uma diferença de maturidade, não de classe.
COMO OS CRENTES SE SUBMETEM A IGREJA?
As Igrejas não são formadas apenas pela presença de crentes no culto ou em suas atividades ministeriais, e sim por suas crenças e compromissos em comum. Um indivíduo precisa decidir ser membro de uma igreja, e depois, deve tomar a decisão de participar continuamente pela frequência, oração, serviço, sustento financeiro, submissão a liderança e ocasionalmente (se necessário) à disciplina da congregação. Os membros da igreja devem se submeter uns aos outros em oito pontos fundamentais (retirado do livro Membresia na Igreja de Jonathan Leeman):
Publicamente: por meio do Batismo e da Ceia do Senhor.
Afetivamente: Preferências e gostos pessoais são deixados de lado. Neste caso, a igreja sempre será diferente por acomodar indivíduos com anseios diferentes.
Profissionalmente: As vezes o ministério pode exigir tempo integral dos membros da igreja e em outros casos, o trabalho não pode impedir de cultuar no Dia do Senhor.
Eticamente: Permitir que a igreja avalie a conduta moral.
Fisicamente/geograficamente: não deixando de congregar.
Financeiramente: através das contribuições particulares, regulares e proporcionais.
Espiritualmente: Os membros devem exercer seus dons, preferencialmente, na igreja local.
Socialmente: Convívio social intencional e o cultivo de amizades entre os membros da igreja.
A AUTORIDADE DAS CHAVES DO REINO DE DEUS
Chegamos ao cerne da questão levantada anteriormente: Quem toma as decisões na igreja? Este ponto oferecerá a explicação meticulosa e pormenorizada do assunto. Já vimos quais são as atribuições dos líderes e dos membros da igreja. Vamos, agora, amarrar todo esse ensino e pensar em maneiras de aplicar tudo que foi mencionado anteriormente. Para seguir em frente, proponho três ponderações: Que autoridade Jesus concede à igreja? Como a igreja exerce sua autoridade? Quando a igreja exerce a sua autoridade?
Que autoridade Jesus concede à igreja? A autoridade de batizar, discipular e servir no ministério.
Mateus 28.18Então, Jesus aproximou-se deles e disse: “Foi-me dada toda a autoridade nos céus e na terra. 19Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, 20ensinando-os a obedecer a tudo o que eu ordenei a vocês. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos”.
Quando a igreja exerce essa autoridade? Conferindo confissões - a autoridade das chaves. Jesus usou a linguagem das chaves para referir-se a essa autoridade.
Mateus 16.13Chegando Jesus à região de Cesareia de Filipe, perguntou aos seus discípulos: “Quem os outros dizem que o Filho do homem é?” 14Eles responderam: “Alguns dizem que é João Batista; outros, Elias; e, ainda outros, Jeremias ou um dos profetas”. 15“E vocês?”, perguntou ele. “Quem vocês dizem que eu sou?” 16Simão Pedro respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. 17Respondeu Jesus: “Feliz é você, Simão, filho de Jonas! Porque isto não foi revelado a você por carne ou sangue, mas por meu Pai que está nos céus. 18E eu digo que você é Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do Hades não poderão vencê-la. 19Eu darei a você as chaves do Reino dos céus; o que você ligar na terra terá sido ligado nos céus, e o que você desligar na terra terá sido desligado nos céus”.
O confessor confessando a confissão correta recebe as chaves. Jesus concede a autoridade das chaves do reino para ligar e desligar a Pedro, que representa os apóstolos. Mas eles não são os únicos a receberem as chaves. Se formos para Mateus 18, vemos que Jesus também dá as chaves para uma congregação reunida.
Como a igreja exerce essa autoridade? As chaves do reino em ação. Como as chaves de autoridade do reino funcionam.
Mateus 18.15“Se o seu irmão pecar contra você, vá e, a sós com ele, mostre-lhe o erro. Se ele o ouvir, você ganhou seu irmão. 16Mas, se ele não o ouvir, leve consigo mais um ou dois outros, de modo que ‘qualquer acusação seja confirmada pelo depoimento de duas ou três testemunhas’. 17Se ele se recusar a ouvi-los, conte à igreja; e, se ele se recusar a ouvir também a igreja, trate-o como pagão ou publicano. 18“Digo a verdade: Tudo o que vocês ligarem na terra terá sido ligado no céu, e tudo o que vocês desligarem na terra terá sido desligado no céu.
A linguagem usada por Jesus nesse texto é a mesma da passagem anterior. Só que desta vez, ele não está falando com apenas uma pessoa. O sujeito agora é plural. A igreja reunida tem autoridade porque Jesus lhe conferiu as chaves de autoridade do reino.
Uma boa definição dessa autoridade foi dada por Jonathan Leeman:
O que é a autoridade das chaves? É a autoridade para pronunciar o julgamento do céu sobre o que e quem do evangelho: confissões e confessores. Mais concretamente, é a autoridade para escrever e confirmar declarações de fé e para adicionar e remover nomes no rol de membros da igreja.
Como funciona essa autoridade na prática? A igreja ouve o que um cristão está confessando; considera a vida do confessor; e conjuntamente como igreja fazem um pronunciamento público: “É um membro da igreja” ou “não é um membro da igreja”.
Vamos considerar algumas outras definições:
O que é igreja? “Um grupo de cristãos que juntos se identificam como seguidores de Jesus ao se reunirem regularmente em nome dele, pregarem o evangelho e celebrarem as ordenanças”.
Não foi isso que Jesus disse quando afirmou: “onde estiverem dois ou três em meu nome” (Mateus 18.20).
Então, quando um cristão resolve se juntar com outros cristãos e se reunirem regularmente para proclamarem o nome de Cristo, ele promete colocar o seu nome e a sua autoridade na reunião destas pessoas e os considera como igreja.
O que é membresia da igreja? “Uma aliança entre crentes pela qual confirmam as profissões de fé uns dos outros através das ordenanças e concordam em supervisionar o discipulado a Cristo uns dos outros”.
A membresia é o acordo formal entre os cristãos da igreja sobre a forma como vão se organizar.
Quando juntamos todo esse ensino bíblico, fica fácil constatar como e porque a autoridade das chaves deve ser exercida. Cristãos que resolveram juntar-se para reunir e proclamar o nome de Cristo, são responsáveis por averiguar os novos cristãos que vão ingressar com eles nessa reunião e manter a saúde da igreja por meio da disciplina e do cuidado uns dos outros.
Tudo isso para glória de Deus.
Na prática, a igreja reunida e liderada por presbíteros tem a responsabilidade de: (1) Receber e disciplinar seus membros e (2) escolher e excluir seus líderes.
Quando falamos em excluir e disciplinar membros é necessário diferenciar a disciplina bíblica da praticada pelo romanismo.
O catolicismo romano acrescentou um elemento além do que a bíblia ensina. A excomunhão é o processo de remover pessoas de sua participação na membresia da igreja e da salvação – como se a igreja pudesse reter a salvação de indivíduos.
Entre os crentes fiéis, a disciplina significa remover a pessoa da membresia formal da igreja e a instrução para que essa pessoa alcance o arrependimento. É como se a igreja dissesse: “não podemos mais ceder o nosso nome de representantes de Cristo para confirmar que tal pessoa é de fato um cristão.
O MODELO DE DISCIPULADO
Acreditamos que o modelo de membresia na igreja proposto pelo N.T. é eficaz para o discipulado de todos os crentes.
Se a autoridade das chaves está com a igreja para decidir sobre a aceitação e desligamento de membros, então cada membro deve se engajar ativamente na vida dos irmãos para que as decisões sejam sábias, verdadeiras e edifiquem os outros. Isso é discipulado. O que se espera de cada membro é que se envolva e conheça os membros da igreja para que possam exercer cada vez melhor a autoridade das chaves do reino que lhe foram confiadas.
Por outro lado, quando a igreja exerce essa autoridade liderada por presbíteros, cada reunião é uma aula. O discipulado não para. É como se os presbíteros afirmassem: “Aqui estão as chaves. Conduza com cuidado. Faça exatamente como eu te ensinei nas Escrituras”. Toda a congregação - presbíteros e membros juntos - possuem as chaves do reino. Mas os presbíteros têm a tarefa de treinar, capacitar e conduzir a congregação a usar corretamente as chaves do reino.
NA PRÁTICA:
Todo membro deve assinar o termo de compromisso com a igreja.
Porque assinar um termo de compromisso? Para afirmar publicamente o compromisso do membro com as diretrizes teológicas, estatutárias da igreja e organizacionais da igreja. “O pacto da igreja representa a agenda (coisas a serem feitas) de uma igreja local, declarações de fé ou confissões (inclusive termo de compromisso) representam seus credos (coisas a serem cridas)” Mark Dever.
Embora nenhum estatuto de igreja esteja incluído nos documentos do N.T., a Bíblia tem princípios que orientam a vida de uma igreja local.
At 6.1Naqueles dias, crescendo o número de discípulos, os judeus de fala grega entre eles queixaram-se dos judeus de fala hebraica, porque suas viúvas estavam sendo esquecidas na distribuição diária de alimento. 2Por isso os Doze reuniram todos os discípulos e disseram: “Não é certo negligenciarmos o ministério da palavra de Deus, a fim de servir às mesas. 3Irmãos, escolham entre vocês sete homens de bom testemunho, cheios do Espírito e de sabedoria. Passaremos a eles essa tarefa 4e nos dedicaremos à oração e ao ministério da palavra”.
1Tm 5.9Nenhuma mulher deve ser inscrita na lista de viúvas, a não ser que tenha mais de sessenta anos de idade, tenha sido fiel a seu marido 10e seja bem conhecida por suas boas obras, tais como criar filhos, ser hospitaleira, lavar os pés dos santos, socorrer os atribulados e dedicar-se a todo tipo de boa obra.
Além disso o N.T. tem ensinos específicos sobre a estrutura da igreja tais como:
Liderança definido de presbíteros e diáconos
Variedade de ministérios para atenderem as demandas locais
Locais de reunião, ceia e batismo
Todo membro deve assinar o pacto de membresia.
Porque assinar um pacto de membresia? Para afirmar publicamente seu compromisso com os outros membros da igreja. Definição de Pacto de igreja: “uma série de promessas escritas, baseadas na bíblia, que os membros fazem voluntariamente a Deus e uns aos outros, com referência a compromissos morais e espirituais básicos e à prática de sua fé” Charles Daweese
DISCIPLINA
Será que realmente temos que prestar contas uns para os outros? Devemos somente encorajar os outros de maneira positiva, ou falar honestamente sobre faltas, erros, afastamento das Escrituras e pecados? Diante de nossa responsabilidade com Deus, devemos tornar público essas questões? Para esclarecer esse assunto, vamos responder a algumas questões que surgem quando pensamos nesse assunto:
Toda a disciplina é negativa?
Todos nós precisamos de disciplina, não somos perfeitos e ser corrigido vai ajudar na nossa caminhada cristã. Durante a vida todos precisam ser inspirados, nutridos e curados, mas também corrigidos e disciplinados. Desse modo, não podemos enxergar disciplina apenas pelo aspecto negativo. Apesar de ser difícil, às vezes ela será necessária. O próprio Deus utiliza a disciplina como ferramenta de aprimoramento e correção.
Apocalipse 3.19 Eu repreendo e disciplino a quantos amo.
Temos base bíblica para disciplina eclesiástica?
Na Bíblia, encontramos algumas evidências de disciplina, bem como deve ser tratado o pecador impenitente na igreja
Hebreus 12.4 Ora, na vossa luta contra o pecado, ainda não tendes resistido até ao sangue 5e estais esquecidos da exortação que, como a filhos, discorre convosco: Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, nem desmaies quando por ele és reprovado; 6porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe. 7É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige? 8Mas, se estais sem correção, de que todos se têm tornado participantes, logo, sois bastardos e não filhos. 9Além disso, tínhamos os nossos pais segundo a carne, que nos corrigiam, e os respeitávamos; não havemos de estar em muito maior submissão ao Pai espiritual e, então, viveremos? 10Pois eles nos corrigiam por pouco tempo, segundo melhor lhes parecia; Deus, porém, nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade. 11Toda disciplina, com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça.
Jesus ensinou a respeito da disciplina:
Mateus 18.15 Se teu irmão pecar [contra ti], vai argui-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão. 16Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça. 17E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano. 18Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que desligardes na terra terá sido desligado nos céus. 19Em verdade também vos digo que, se dois dentre vós, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer coisa que, porventura, pedirem, ser-lhes-á concedida por meu Pai, que está nos céus. 20Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles.
A igreja apostólica aplicou o ensino de Jesus:
1 Coríntios 5.1 Geralmente, se ouve que há entre vós imoralidade e imoralidade tal, como nem mesmo entre os gentios, isto é, haver quem se atreva a possuir a mulher de seu próprio pai. 2E, contudo, andais vós ensoberbecidos e não chegastes a lamentar, para que fosse tirado do vosso meio quem tamanho ultraje praticou? 3Eu, na verdade, ainda que ausente em pessoa, mas presente em espírito, já sentenciei, como se estivesse presente, que o autor de tal infâmia seja, 4em nome do Senhor Jesus, reunidos vós e o meu espírito, com o poder de Jesus, nosso Senhor, 5entregue a Satanás para a destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor [Jesus].9Já em carta vos escrevi que não vos associásseis com os impuros; 10refiro-me, com isto, não propriamente aos impuros deste mundo, ou aos avarentos, ou roubadores, ou idólatras; pois, neste caso, teríeis de sair do mundo. 11Mas, agora, vos escrevo que não vos associeis com alguém que, dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse tal, nem ainda comais. 12Pois com que direito haveria eu de julgar os de fora? Não julgais vós os de dentro? 13Os de fora, porém, Deus os julgará. Expulsai, pois, de entre vós o malfeitor.
Paulo, advertiu outras igrejas em casos parecidos:
Gálatas 6.1 Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado.
2 Tessalonicenses 3.10 Porque, quando ainda convosco, vos ordenamos isto: se alguém não quer trabalhar, também não coma. 11Pois, de fato, estamos informados de que, entre vós, há pessoas que andam desordenadamente, não trabalhando; antes, se intrometem na vida alheia. 12A elas, porém, determinamos e exortamos, no Senhor Jesus Cristo, que, trabalhando tranquilamente, comam o seu próprio pão. 13E vós, irmãos, não vos canseis de fazer o bem. 14Caso alguém não preste obediência à nossa palavra dada por esta epístola, notai-o; nem vos associeis com ele, para que fique envergonhado. 15Todavia, não o considereis por inimigo, mas adverti-o como irmão.
Até mesmo os líderes devem ser disciplinados em caso de pecados impenitentes:
1 Timóteo 5.19 Não aceites denúncia contra presbítero, senão exclusivamente sob o depoimento de duas ou três testemunhas. 20Quanto aos que vivem no pecado, repreende-os na presença de todos, para que também os demais temam.
A disciplina eclesiástica
Quando as pessoas escutam a expressão “disciplina eclesiástica”, naturalmente, elas ficam na defensiva e apontam que “Jesus disse para não julgar”. Entretanto, a correta interpretação do texto citado (Mt 7.1-5) aponta que a orientação é quanto ao julgamento hipócrita ou arrogante, exibindo uma atitude de vingança e desprovida de amor e compaixão pelo pecador.
Existem outras passagens (citadas anteriormente) que mostram que a igreja deve exercer julgamento dentro de si mesma. Um tipo de julgamento, principalmente daqueles que se declaram cristãos e não são. Os membros da igreja devem ser capazes de mostrar que existe uma distinção clara entre o comportamento dos crentes e dos incrédulos.
Talvez, a conclusão mais lógica neste caso, é pensar que talvez devemos aprimorar a maneira como recebemos novos membros. Se formos mais cuidadosos no que diz respeito ao como reconhecer e receber os novos membros, teremos, então, menos ocasiões de praticar a disciplina corretiva.
Por que devemos praticar a disciplina eclesiástica?
Além do motivo óbvio - as recomendações das Escrituras - imagine pessoas feitas a imagem de Deus, sendo perdidas no pecado porque ninguém as corrige. Nunca é fácil para uma igreja ser fiel nesta questão de disciplina, quando tantas outras igrejas são infiéis neste assunto.
Mark Dever analisou assim o problema:
Sejamos honestos. O estado das igrejas americanas hoje não é bom. Ainda que o número de membros de algumas igrejas pareça estar bem, quando começamos a indagar o que representam esses números de membros, achamos problemas. Alan Redpath disse, a respeito da membresia de uma igreja típica dos Estados Unidos, que 5% não existem, 10% não podem ser achados, 25% não frequentam, 50% aparecem no domingo, 70% não assiste a reunião de oração, 90% não realizam o culto doméstico e 95% nunca compartilharam o evangelho com os outros.
Quando analisamos estes dados, percebemos muita similaridade com a igreja brasileira. Podemos acrescentar a isso, os escândalos de pastores, os divórcios, o consumo de pornografia, vícios, os desigrejados entre outros fatores que contribuem para aumentar o estado de penúria do quadro dos crentes atuais. Sendo assim, a disciplina eclesiástica deve ser praticada para o bem de todos os membros saudáveis da igreja, e principalmente para glória de Deus.
Contudo, a disciplina nunca deve ser realizada com dureza de coração, com maldade e vileza. Mas com amor e humildade, desejando ver o bem evidenciado. Portanto, podemos enumerar mais cinco motivos pelos quais devemos praticar a disciplina eclesiástica:
Para o bem da pessoa disciplinada – não queremos que nossas igrejas encorajem os hipócritas que têm o coração endurecido, confirmado e iludido pelo pecado.
Para o bem de outros cristãos, ao verem o perigo do pecado.
Para saúde da igreja como um todo – esse assunto não pode ser central na igreja, assim como os remédios não são centrais na vida.
Para testemunho coletivo da igreja – disciplina é um poderoso instrumento de evangelização. Quando as igrejas são vistas se conformando ao mundo, isso torna mais difícil a tarefa da evangelização.
Para glória de Deus – espera-se que os cristãos sejam santos, não por causa de nossa própria reputação, mas por causa da reputação de Deus.
Conclusão
A disciplina bíblica na igreja é apenas obediência a Deus, e uma simples confissão de que precisamos de ajuda. Não podemos viver a vida cristã sozinhos. Nosso propósito em praticar a disciplina na igreja é positivo para a pessoa que recebe a disciplina, para os outros cristãos ao verem o perigo real do pecado, para saúde da igreja como um todo e para o testemunho coletivo da igreja para os de fora. Acima de tudo, nossa santidade tem de refletir a santidade de Deus. Ser membro de uma igreja precisa ter significado, não por causa do orgulho pessoal, e sim por causa do nome de Deus.
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