A criação
Gênesis 1.3 Então Deus disse: — Haja luz! E houve luz. 4E Deus viu que a luz era boa e fez separação entre a luz e as trevas. 5Deus chamou à luz “dia” e chamou às trevas “noite”. Houve tarde e manhã, o primeiro dia. 6E Deus disse: — Haja um firmamento no meio das águas e separação entre águas e águas. 7E Deus fez o firmamento e a separação entre as águas debaixo do firmamento e as águas acima do firmamento. E assim aconteceu. 8E Deus chamou ao firmamento “céus”. Houve tarde e manhã, o segundo dia. 9E Deus disse: — Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num só lugar, e apareça a porção seca. E assim aconteceu. 10Deus chamou à porção seca “terra” e ao ajuntamento de águas chamou “mares”. E Deus viu que isso era bom. 11E Deus disse: — Que a terra produza relva, ervas que deem semente e árvores frutíferas que deem fruto segundo a sua espécie, cuja semente esteja no fruto sobre a terra. E assim aconteceu. 12E a terra produziu relva, ervas que davam semente segundo a sua espécie e árvores que davam fruto, cuja semente estava nele, conforme a sua espécie. E Deus viu que isso era bom. 13Houve tarde e manhã, o terceiro dia. 14E Deus disse: — Que haja luzeiros no firmamento dos céus, para fazerem separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais, para estações, para dias e anos. 15E sirvam de luzeiros no firmamento dos céus, para iluminar a terra. E assim aconteceu. 16Deus fez os dois grandes luzeiros: o maior para governar o dia, e o menor para governar a noite; e fez também as estrelas. 17E os colocou no firmamento dos céus para iluminarem a terra, 18para governarem o dia e a noite e fazerem separação entre a luz e as trevas. E Deus viu que isso era bom. 19Houve tarde e manhã, o quarto dia. 20E Deus disse: — Que as águas sejam povoadas de enxames de seres vivos; e as aves voem sobre a terra, sob o firmamento dos céus. 21Assim Deus criou as grandes criaturas marinhas e todos os seres vivos que se movem, os quais povoam as águas, segundo as suas espécies; e todas as aves, segundo as suas espécies. E Deus viu que isso era bom. 22E Deus os abençoou, dizendo: — Sejam fecundos, multipliquem-se e encham as águas dos mares; e, na terra, se multipliquem as aves. 23Houve tarde e manhã, o quinto dia. 24E Deus disse: — Que a terra produza seres vivos, conforme a sua espécie: animais domésticos, animais que rastejam e animais selvagens, segundo a sua espécie. E assim aconteceu. 25E Deus fez os animais selvagens, segundo a sua espécie, e os animais domésticos, conforme a sua espécie, e todos os animais que rastejam sobre a terra, segundo a sua espécie. E Deus viu que isso era bom. 26E Deus disse: — Façamos o ser humano à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. Tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os animais que rastejam pela terra. 27Assim Deus criou o ser humano à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. 28E Deus os abençoou e lhes disse: — Sejam fecundos, multipliquem-se, encham a terra e sujeitem-na. Tenham domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra. 29E Deus disse ainda: — Eis que lhes tenho dado todas as ervas que dão semente e se acham na superfície de toda a terra e todas as árvores em que há fruto que dê semente; isso servirá de alimento para vocês. 30E para todos os animais da terra, todas as aves dos céus e todos os animais que rastejam sobre a terra, em que há fôlego de vida, toda erva verde lhes servirá de alimento. E assim aconteceu. 31Deus viu tudo o que havia feito, e eis que era muito bom. Houve tarde e manhã, o sexto dia. 2.1 Assim, pois, foram acabados os céus e a terra e tudo o que neles há. 2E, havendo Deus terminado no sétimo dia a sua obra, que tinha feito, descansou nesse dia de toda a obra que tinha feito. 3E Deus abençoou o sétimo dia e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, tinha feito.
O verdadeiro herói do relato de Gênesis é o Deus trino - Yahweh. Os versos iniciais do texto apresentam a Trindade como o poder criador e sustentador de todas as coisas. Deus está escrevendo o seu primeiro livro: o livro da criação de todas as coisas – a revelação geral (a Bíblia é a revelação especial de Deus). As credenciais divinas que tornam qualquer ser humano indesculpável (Rm 1.20). Deus falou e tudo veio a existir. Apenas Deus produz forma do informe. Somente Deus sustenta toda a criação. As primeiras palavras do narrador, podem servir como lembrete de que quando parece difícil harmonizar o revelado com o observado, é porque sabemos de menos, e não demais.
Como podemos ser ensinados acerca da natureza e do caráter de Deus por meio das informações do relato da criação? É possível enxergar a perfeição e a beleza da Trindade além das discussões humanas acerca da mecânica do universo? O escritor tem um objetivo bem determinado – um objetivo que não é nem científico ou mesmo histórico – ele tem um propósito espiritual. Ele quer nos dizer que Deus criou todas as coisas e que tudo é muito ordenado. Podemos descrever o relato da criação como uma gloriosa apresentação artística e literária da criação com o propósito de exibir a aliança de Deus com a criação.
O relato da criação
Gênesis 1.3 Então Deus disse… 31Deus viu tudo o que havia feito, e eis que era muito bom. Houve tarde e manhã, o sexto dia.
Entre o versículo três e o último versículo do capítulo 1 (31), o escritor relata a criação de Deus. o relato da criação é dividido em duas tríades, que contrastam com o estado informe e vazio da terra quando a história começou.
Vamos explicar cada dia da criação:
O primeiro dia.
Gênesis 1.3 Então Deus disse: — Haja luz! E houve luz. 4E Deus viu que a luz era boa e fez separação entre a luz e as trevas. 5Deus chamou à luz “dia” e chamou às trevas “noite”. Houve tarde e manhã, o primeiro dia.
A simples frase 3… Deus disse abriga rica significação. As ordens específicas, chamando as coisas à existência, não dão espaço para as noções da criação autoexistente, ou que surgiu ao acaso ou que é resultado de uma emanação de Deus. 3… Haja luz com muita propriedade marca o primeiro passo do caos para a ordem. 4… fez separação para o homem o moderno é apenas um mundo em rotação, para o narrador, o Criador concede cada coisa o seu valor, lugar e significado.
O segundo dia.
Gênesis 1.6 E Deus disse: — Haja um firmamento no meio das águas e separação entre águas e águas. 7E Deus fez o firmamento e a separação entre as águas debaixo do firmamento e as águas acima do firmamento. E assim aconteceu. 8E Deus chamou ao firmamento “céus”. Houve tarde e manhã, o segundo dia.
O firmamento descrito parece ser a atmosfera ou o céu. O firmamento separa as águas e faz parte do céu. O texto sugere uma separação entre as águas da terra e as águas sobre a terra.
O terceiro dia.
Gênesis 1.9 E Deus disse: — Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num só lugar, e apareça a porção seca. E assim aconteceu. 10Deus chamou à porção seca “terra” e ao ajuntamento de águas chamou “mares”. E Deus viu que isso era bom. 11E Deus disse: — Que a terra produza relva, ervas que deem semente e árvores frutíferas que deem fruto segundo a sua espécie, cuja semente esteja no fruto sobre a terra. E assim aconteceu. 12E a terra produziu relva, ervas que davam semente segundo a sua espécie e árvores que davam fruto, cuja semente estava nele, conforme a sua espécie. E Deus viu que isso era bom. 13Houve tarde e manhã, o terceiro dia.
Deus continua a dar forma ao mundo pelo processo de diferenciação - 10Deus chamou à porção seca “terra” e ao ajuntamento de águas chamou “mares”. A seguir ele ordena: 11… A terra produza relva - a terra, então, é capacitada a produzir aquilo que lhe é próprio. Finalmente, Deus enlaçou todas as criaturas numa dependência comum dos seus elementos de origem, embora, dando a cada uma delas o caráter distintivo de sua espécie (11… ervas que deem semente e árvores frutíferas que deem fruto segundo a sua espécie, cuja semente esteja no fruto sobre a terra).
O quarto dia.
Gênesis 1.14 E Deus disse: — Que haja luzeiros no firmamento dos céus, para fazerem separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais, para estações, para dias e anos. 15E sirvam de luzeiros no firmamento dos céus, para iluminar a terra. E assim aconteceu. 16Deus fez os dois grandes luzeiros: o maior para governar o dia, e o menor para governar a noite; e fez também as estrelas. 17E os colocou no firmamento dos céus para iluminarem a terra, 18para governarem o dia e a noite e fazerem separação entre a luz e as trevas. E Deus viu que isso era bom. 19Houve tarde e manhã, o quarto dia.
O versículo 14 relaciona-se com o versículo 4. O sol, a lua e as estrelas são boas dádivas de Deus, estabelecendo o roteiro normativo das várias estações (14… sejam eles para sinais, para estações, para dias e anos). Os 15… luzeiros no firmamento dos céus falam por Deus e não pelo destino, pois governam apenas como luzeiros e não como poderes. Nestas poucas e simples sentenças desmascara-se a falsidade de uma superstição antiga como a Babilônia e a moderna como o horóscopo.
O quinto dia.
Gênesis 1.20 E Deus disse: — Que as águas sejam povoadas de enxames de seres vivos; e as aves voem sobre a terra, sob o firmamento dos céus. 21Assim Deus criou as grandes criaturas marinhas e todos os seres vivos que se movem, os quais povoam as águas, segundo as suas espécies; e todas as aves, segundo as suas espécies. E Deus viu que isso era bom. 22E Deus os abençoou, dizendo: — Sejam fecundos, multipliquem-se e encham as águas dos mares; e, na terra, se multipliquem as aves. 23Houve tarde e manhã, o quinto dia.
O quinto dia marca a criação dos primeiros 20… seres vivos: Aves, pássaros, insetos, peixes e todas as criaturas marítimas. Essa passagem não deixa dúvida de que as mais belas e grandiosas e, as mais terríveis e asquerosas criaturas provêm das mãos de Deus. Podem existir rebeldes no reino de Deus, não, porém rivais.
O sexto dia.
Gênesis 1.24 E Deus disse: — Que a terra produza seres vivos, conforme a sua espécie: animais domésticos, animais que rastejam e animais selvagens, segundo a sua espécie. E assim aconteceu. 25E Deus fez os animais selvagens, segundo a sua espécie, e os animais domésticos, conforme a sua espécie, e todos os animais que rastejam sobre a terra, segundo a sua espécie. E Deus viu que isso era bom. 26E Deus disse: — Façamos o ser humano à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. Tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os animais que rastejam pela terra. 27Assim Deus criou o ser humano à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. 28E Deus os abençoou e lhes disse: — Sejam fecundos, multipliquem-se, encham a terra e sujeitem-na. Tenham domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra. 29E Deus disse ainda: — Eis que lhes tenho dado todas as ervas que dão semente e se acham na superfície de toda a terra e todas as árvores em que há fruto que dê semente; isso servirá de alimento para vocês. 30E para todos os animais da terra, todas as aves dos céus e todos os animais que rastejam sobre a terra, em que há fôlego de vida, toda erva verde lhes servirá de alimento. E assim aconteceu. 31Deus viu tudo o que havia feito, e eis que era muito bom. Houve tarde e manhã, o sexto dia.
Três espécies de animais (24… animais domésticos, animais que rastejam e animais selvagens) distintos dos 20… seres vivos anteriores antecedem a criação do homem. Façamos o ser humano à nossa imagem, conforme a nossa semelhança está em flagrante contraste com 11… produza a terra. Em comparação com o restante da criação o homem é colocado em posição à parte por seu ofício (26… Tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os animais que rastejam pela terra), sua natureza (27… Deus criou o ser humano à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou) e o ápice da sua glória: o seu relacionamento com Deus (28E Deus os abençoou e lhes disse).
As palavras imagem e semelhança se reforçam mutuamente. Enquanto humanos, somos, por definição, a imagem de Deus, mas a semelhança espiritual, só pode estar presente onde Deus e o homem estiverem em comunhão. Desse modo, a queda a destruiu, e a nossa redenção torna a criá-la e a aperfeiçoar.
O 26… domínio sobre não está relacionado ao conteúdo, mas a consequência da imagem divina. Em uma dolorosa discrepância, a nossa inabilidade na exploração do que está a nossa mercê prova a inaptidão dos seres humanos para governar. Estando nós mesmos desgovernados.
A designação de 27… homem e mulher os criou tem implicações muito específicas e objetivas – especialmente na era do pluralismo subjetivo. Definir a humanidade como dois sexos é fazer cada parte um complemento da outra, e antecipar a doutrina apostólica da igualdade espiritual dos sexos. Por último, 31Deus viu tudo o que havia feito, e eis que era muito bom. Cada pormenor de sua obra foi declarado “bom” no decorrer dos dias da criação, o conjunto todo, porém, é muito bom. Os seres humanos são convocados a uma agradecida aceitação das coisas materiais como provindas de Deus e destinadas a Deus.
O sétimo dia.
Gênesis 2.1 Assim, pois, foram acabados os céus e a terra e tudo o que neles há. 2E, havendo Deus terminado no sétimo dia a sua obra, que tinha feito, descansou nesse dia de toda a obra que tinha feito. 3E Deus abençoou o sétimo dia e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, tinha feito.
A obra consumada por Deus é selada com a expressão 2… descansou – literalmente: cessou. É o repouso da realização cumprida, não da inatividade, pois Deus, nutre o que cria. Podemos compará-la com a descrição do N.T.: Hb 4.10 Porque aquele que entrou no descanso de Deus, também ele mesmo descansou de suas obras, como Deus descansou das suas. Entretanto, o repouso de Deus estava impregnado de algo mais do que a dádiva do sábado (descanso); inclui amplamente ainda a promessa ao crente, o qual é convocado a participar dele: Hb 4.11 Portanto, esforcemo-nos por entrar naquele descanso, a fim de que ninguém caia, segundo aquele exemplo de desobediência.
A teologia da criação
Gênesis 2.3 E Deus abençoou o sétimo dia e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, tinha feito.
Não se acha prova bíblica da doutrina da criação numa única e restrita porção da Bíblia, mas em todas as partes da Palavra de Deus. Existe um grande número de claras e inequívocas afirmações que falam da criação do mundo como um fato histórico. Além disso, Jesus é retratado como aquele por intermédio de quem se deu a criação.
Hebreus 1.2 mas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e pelo qual também fez o universo.
João 1.1 No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. 2Ele estava no princípio com Deus. 3Todas as coisas foram feitas por ele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez.
Colossenses 1.15 Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação. 16Pois nele foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele.
A crença da igreja de Cristo na criação do mundo vem expressa já no primeiro artigo da Declaração de Fé Apostólica (Credo apostólico): “Creio em Deus Pai, Todo-poderoso, Criador dos céus e da terra”. Louis Berkhof ensina:
A criação, no sentido estrito da palavra, pode ser definida como o livre ato de Deus pelo qual ele, segundo a sua vontade soberana e para a sua própria glória, produziu no princípio todo o universo, visível e invisível, sem uso de material preexistente, e assim lhe deu uma existência distinta da sua própria e, ainda assim, dele dependente.
Enquanto a doutrina da Criação parece ser consenso entre os cristãos piedosos e verdadeiros ao longo dos séculos, os mecanismos da criação nunca foram unanimidade. Sem querer explorar todas as teorias acerca de como se deu a criação de Deus, podemos mencionar que temos, posições em que existe margem para discordância entre cristãos que acreditam na completa fidelidade da Escritura. Existe a possibilidade de (1) Deus ter criado o universo adulto; (2) intervalo de eras entre Gênesis 1.1 e 1.3; (3) um dia longo no relato de Gênesis; (4) amplitude da palavra espécie na narrativa bíblica - explica a existência dos dinossauros; (5) morte de animais antes da queda – explica a presença de fósseis muito antigos; (6) uma evolução guiada por Deus. Contudo, algumas “teorias” a respeito da criação do universo devem ser sistematicamente rejeitadas pelos cristãos por comprometer o caráter de Deus. São elas: (1) qualquer tentativa de explicar o universo que exclua Deus como Criador; (2) a teoria da eternidade da matéria; (3) o evolucionismo materialista; (4) a evolução teísta – Deus interferiu em momentos importantes da criação; (5) o panteísmo – a ideia de que Deus e a criação são a mesma coisa; (6) o dualismo – a ideia de que Deus e o universo coexistem separadamente; (7) Deus não está envolvido com a criação - Deus criou e se afastou deixando tudo funcionando perfeitamente.
A criação e o ser humano - aplicações
Gênesis 1.31 Deus viu tudo o que havia feito, e eis que era muito bom. Houve tarde e manhã, o sexto dia.
A doutrina da criação tem muitas implicações. Levando em conta a teologia do livro de Gênesis, podemos dividir as aplicações em três blocos: Deus, homem e graça.
DEUS – O texto ressalta de forma gloriosa o poder e a majestade do Deus trino. Muito além das discussões importantes no tocante a dinâmica da criação, a passagem revela que Deus falou e tudo se fez. Yahweh falou e o que não era nada se transformou em tudo. O texto revela a imensidão da glória de Deus. Deus não se tornou Criador depois da obra da criação, a criação existe porque Deus é criador. Quando ele se manifestar os homens poderão atestar a loucura de suas especulações.
Além disso, os apóstolos conectaram Jesus ao Criador, essa ligação evidencia a realidade da plena divindade de Jesus. Aquele que falou e o que era nada se transformou em tudo, habitou entre nós e vimos a sua glória (Jo 1.14).
Enfim, ao relatar a criação como produção da soberana vontade de Deus, o escritor emitiu um título de propriedade para o Senhor. Ele é o dono de todo o universo! Ainda que distinto dele mesmo, a criação depende de sua boa vontade para continuar a existir. Nada escapa do controle absoluto e nada acontece sem que os olhos atentos do Senhor do universo não vejam.
HOMEM – A singularidade da criação do homem (criado à imagem e semelhança de Deus) expressa sua proeminência em relação ao restante da Criação. O homem é o regente autorizado de toda a terra e recebeu o mandato cultural de Deus: Gênesis 1.28E Deus os abençoou e lhes disse: — Sejam fecundos, multipliquem-se, encham a terra e sujeitem-na. Tenham domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra. Essa ordem recebe seu devido complemento em Mateus 28.19 Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
A singularidade da criação do homem realça a plena humanidade de Cristo. Ele é o homem perfeito que pode – por meio de sua humanidade – recriar uma nova humanidade. Paulo afirma: 2 Coríntios 5.17 E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas. Quando nos unimos a Cristo pela fé, acontece um novo ato de criação da parte de Deus ao nos reconciliar com ele mesmo. Em outras palavras, a criação nos aponta para a nova criação em Cristo que todos os que estão em aliança com Deus experimentam. Na criação Deus colocou o primeiro sinal da consumação final de todas as coisas e deixou um portal aberto para a redenção em Cristo.
GRAÇA – A graça de Deus está presente em todo o ato da criação. Foi somente pela vontade soberana de Deus que todas as coisas foram criadas. Nesse sentido, a graça precede a queda. A graça de Deus não se manifestou depois da queda, a graça estava presente antes mesmo de qualquer indício de pecado. O que torna inteiramente factível a eleição antes da fundação do mundo como ensina o apóstolo Paulo em Efésios 1.4.
Como indicativo dessa graça revelada e concedida a toda a criação, o próprio Deus santificou (separou) um dia para o descanso. O Dia do Senhor não é apenas uma discussão infundada sobre o calendário moderno. A separação de um dia para cultuar ao Senhor em louvor de sua glória diferencia este dia dos outros dias da semana. Toda a criação se move em direção a ele. Se este dia é o clímax da criação, é também o objetivo da comunidade redimida que aguarda a manifestação definitiva do Senhor do sábado. Observar o Dia do Senhor (domingo no calendário cristão) todas as semanas reforça a ideia da criação executada por Deus.
Por fim, o relato da criação destaca a graça de Deus atribuindo a expressão 31… muito bom quando Yahweh termina a sua obra. Tudo o que Deus criou é muito bom e nada deve ser rejeitado. Todo dom e talento dos homens nas artes, nas ciências, na política, nos esportes, na teologia, entre outros, proclamam a graça de Deus. Os crentes podem desfrutar das boas dádivas de Deus.
Conclusão
A obra da criação e o relato da Bíblia escancaram uma realidade esplendorosa: o que para os homens é tudo, para Deus são apenas sete dias – com um dia de descanso. Se todas as gerações precisavam dessa ênfase, talvez nenhuma tenha maior necessidade dela do que a era do conhecimento científico.
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