Eleição


Acesse pelo link:


Eleição

Gênesis 25.1 Abraão casou com outra mulher, que se chamava Quetura. 2Ela lhe deu à luz Zinrã, Jocsã, Medã, Midiã, Isbaque e Sua. 3Jocsã gerou Seba e Dedã. Os filhos de Dedã foram: Assurim, Letusim e Leumim. 4Os filhos de Midiã foram: Efá, Éfer, Enoque, Abida e Elda. Todos estes foram filhos de Quetura. 5Abraão deu tudo o que tinha a Isaque. 6Porém, aos filhos das concubinas que tinha, Abraão deu presentes e, ainda em vida, os separou de seu filho Isaque, enviando-os para a terra do Oriente. 7Os dias da vida de Abraão foram cento e setenta e cinco anos. 8Abraão expirou e morreu após uma longa velhice, e foi reunido ao seu povo. 9Os filhos dele, Isaque e Ismael, o sepultaram na caverna de Macpela, no campo de Efrom, filho de Zoar, o heteu, em frente de Manre, 10o campo que Abraão havia comprado dos filhos de Hete. Ali foram sepultados Abraão e Sara, sua mulher. 11Depois da morte de Abraão, Deus abençoou Isaque, o filho dele. Isaque morava perto de Beer-Laai-Roi. 12São estas as gerações de Ismael, filho de Abraão, que Agar, egípcia, serva de Sara, lhe deu à luz. 13Estes são os nomes dos filhos de Ismael, por ordem de nascimento: o primogênito de Ismael foi Nebaiote; depois, Quedar, Abdeel, Mibsão, 14Misma, Dumá, Massá, 15Hadade, Tema, Jetur, Nafis e Quedemá. 16Estes são os filhos de Ismael e estes são os seus nomes pelas suas aldeias e pelos seus acampamentos: doze príncipes de seus povos. 17E os anos da vida de Ismael foram cento e trinta e sete; e morreu e foi reunido ao seu povo. 18Os filhos de Ismael habitaram desde Havilá até Sur, nas imediações do Egito, no caminho para a Assíria. Ele se estabeleceu diante de todos os seus irmãos. 19São estas as gerações de Isaque, filho de Abraão. Abraão gerou Isaque. 20Ele tinha quarenta anos quando tomou por esposa Rebeca, filha de Betuel, o arameu de Padã-Arã, e irmã de Labão, o arameu. 21Isaque orou ao Senhor por sua mulher, porque ela era estéril. O Senhor ouviu as orações dele, e Rebeca, a mulher de Isaque, ficou grávida. 22Os filhos lutavam no ventre dela. Então ela disse: “Por que isso está acontecendo comigo?” E ela foi consultar o Senhor. 23E o Senhor lhe respondeu: “Duas nações estão no seu ventre, dois povos, nascidos de você, se dividirão: um povo será mais forte do que o outro, e o mais velho servirá o mais moço.” 24Cumpridos os dias para que desse à luz, eis que havia gêmeos no seu ventre. 25Nasceu o primeiro, ruivo, todo revestido de pelo; por isso, deram-lhe o nome de Esaú. 26Depois, nasceu o irmão. Com a mão segurava o calcanhar de Esaú, e por isso lhe deram o nome de Jacó. Isaque tinha sessenta anos quando Rebeca deu à luz. 27Cresceram os meninos. Esaú tornou-se perito caçador, homem do campo; Jacó, porém, era homem pacato e morava em tendas. 28Isaque amava Esaú, porque se saboreava de sua caça; Rebeca, porém, amava Jacó. 29Jacó tinha feito um ensopado, quando Esaú, exausto, veio do campo 30e lhe disse: — Por favor, me deixe comer um pouco da coisa vermelha, essa coisa vermelha aí, pois estou exausto. (Por isso deram-lhe o nome de Edom.) 31Jacó

respondeu: — Primeiro me venda o seu direito de primogenitura. 32Ele respondeu: — Estou morrendo de fome; de que me vale o direito de primogenitura? 33Então Jacó disse: — Primeiro jure. Esaú jurou e vendeu o seu direito de primogenitura a Jacó. 34E Jacó deu a Esaú pão e o ensopado de lentilhas; ele comeu e bebeu, levantou-se e saiu. Assim, Esaú desprezou o seu direito de primogenitura.

Esse capítulo funciona como um sumário e um contraste entre duas sementes – da serpente para condenação e da mulher para a salvação.

Deus manifesta seu controle soberano sobre Adão e Eva (3.15), sobre os descendentes de Noé (9.25-27), sobre a carreira de Abraão (12.1-3) e, agora, sobre Jacó e Esaú. A orquestração da história patriarcal por Deus é também uma afirmação para nós de que Deus controla toda a história, até mesmo a nossa.

No cerne desse relato estão a promessa de Deus de sua presença protetora e as bênçãos dadas a Abraão e posteriormente transferidas para Isaque e Jacó. O que cobre toda a história é a boa vontade soberana de Deus e a sua escolha e bênção sobre Jacó. Ele abre o ventre estéril de Rebeca, prediz a supremacia de Jacó sobre Esaú, contraria os direitos primogênitos dos seres humanos e anula a autoridade patriarcal de Isaque. A eleição é predita e efetuada por Deus, baseada em sua misericórdia e amor. Ao mesmo tempo, a responsabilidade humana e o chamado à fidelidade são confirmados: cada personagem colhe o que semeia - A impaciência, a ganância e a falta de fé de Esaú lhe custarão seu direito de primogenitura. Ao contrário de Esaú, Jacó demonstra fidelidade pactual e visão ao desejar o direito e a bênção de primogenitura, e ao permanecer leal à semente e à terra prometida. A aliança, no entanto, depende da fidelidade de Deus. Embora os eleitos sejam, muitas vezes, infieis, Deus sempre permanece fiel aos seus eleitos.

Morte e nascimento

Antes de concluir a história sobre Abraão, o narrador apresenta os últimos detalhes referentes aos filhos e o desfecho dos assuntos de Abraão para inserir novos personagens. O texto pode ser dividido em três blocos:

1. A morte e outros descendentes de Abraão.

Gênesis 25.1 Abraão casou com outra mulher, que se chamava Quetura. 2Ela lhe deu à luz Zinrã, Jocsã, Medã, Midiã, Isbaque e Sua. 3Jocsã gerou Seba e Dedã. Os filhos de Dedã foram: Assurim, Letusim e Leumim. 4Os filhos de Midiã foram: Efá, Éfer, Enoque, Abida e Elda. Todos estes foram filhos de Quetura. 5Abraão deu tudo o que tinha a Isaque. 6Porém, aos filhos das concubinas que tinha, Abraão deu presentes e, ainda em vida, os separou de seu filho Isaque, enviando-os para a terra do Oriente. 7Os dias da vida de Abraão foram cento e setenta e cinco anos. 8Abraão expirou e morreu após uma longa velhice, e foi reunido ao seu povo. 9Os filhos dele, Isaque e Ismael, o sepultaram na caverna de Macpela, no campo de Efrom, filho de Zoar, o heteu, em frente de Manre, 10o campo que Abraão havia comprado dos filhos de Hete. Ali foram sepultados Abraão e Sara, sua mulher. 11Depois da morte de Abraão, Deus abençoou Isaque, o filho dele. Isaque morava perto de Beer-Laai-Roi.

Gênesis 25.1 Abraão casou com outra mulher, que se chamava Quetura. Nenhuma tentativa é feita pelo narrador inspirado para datar essa descendência secundária de Abraão, e muito provavelmente esse evento é anacrônico. A inserção dessa genealogia no final da história sobre Abraão pretende mostrar que Isaque, o filho da promessa, é o patriarca eleito e único herdeiro da Terra Prometida.

2Ela lhe deu à luz Zinrã, Jocsã, Medã, Midiã, Isbaque e Sua. 3Jocsã gerou Seba e Dedã. Os filhos de Dedã foram: Assurim, Letusim e Leumim. 4Os filhos de Midiã foram: Efá, Éfer,Enoque, Abida e Elda. Todos estes foram filhos de Quetura. Fontes bíblicas e acadianas identificam-nos como povos ou localidades na Arábia.

5Abraão deu tudo o que tinha a Isaque. 6Porém, aos filhos das concubinas que tinha, Abraão deu presentes e, ainda em vida, os separou de seu filho Isaque, enviando-os paraa terra do Oriente. Abraão deixou tudo que possuía para Isaque. Ele deserdou seus descendentes filhos de Quetura como havia feito com Ismael, filho de

Agar. As práticas religiosas e sociais dos patriarcas diferem das leis posteriores de Israel e da atualidade – os filhos da escrava não tinham direitos plenos como os filhos legítimos.

O texto fornece uma tensão notável entre a eleição de Deus de seu povo mediador, por meio do qual ele abençoará a terra, e sua generosidade que abraça todos os povos. Sem contar que, as ocorrências de muitos desses nomes em fontes escritas antigas, não modernas, por inferência ajudam a estabelecer que outros eventos da narrativa abraâmica também ocorreram na história real. Por fim, a questão da poligamia no A.T. que era praticada por homens piedosos (muitas vezes, porém, a prática gerava conflitos entre as esposas e os irmãos de várias esposas). Entretanto, a poligamia não correspondia à intenção original de Deus. Ele deu a Adão uma, não várias esposas (Gn 2.18-25), e a prática foi introduzida pelo Lameque depravado (Gn 4.19). Cristo visa à restauração desse ideal original em sua igreja, pois a lei havia apenas se acomodado à dureza do coração humano (Mt 19.1-9). Portanto um presbítero ou diácono na igreja deve ser esposo de apenas uma esposa (1Tm 3.2,12).

7Os dias da vida de Abraão foram cento e setenta e cinco anos. 8Abraão expirou e morreu após uma longa velhice, e foi reunido ao seu povo. A morte e o sepultamento de Abraão formam uma conclusão natural de sua história: o estado abençoado de Abraão no momento de sua morte (e na morte), e a presença contínua de Deus com a próxima geração. O texto ressalta que ele morreu em boa velhice, exatamente como Deus havia prometido (veja 15.15).

9Os filhos dele, Isaque e Ismael, o sepultaram na caverna de Macpela, no campo de Efrom, filho de Zoar, o heteu, em frente de Manre, 10o campo que Abraão havia comprado

dos filhos de Hete. Ali foram sepultados Abraão e Sara, sua mulher. Isaque e Ismael são mencionados em ordem de importância teológica, não de idade, como poderíamos esperar.

11Depois da morte de Abraão, Deus abençoou Isaque, o filho dele. Isaque morava perto de Beer-Laai-Roi. Isso funciona como uma transição para o relato sobre Isaque e encerra a história sobre Abraão.

2. Os descendentes de Ismael

12São estas as gerações de Ismael, filho de Abraão, que Agar, egípcia, serva de Sara, lhe deu à luz. 13Estes são os nomes dos filhos de Ismael, por ordem de nascimento: o primogênito de Ismael foi Nebaiote; depois, Quedar, Abdeel, Mibsão, 14Misma, Dumá, Massá, 15Hadade, Tema, Jetur, Nafis e Quedemá. 16Estes são os filhos de Ismael e estes são os seus nomes pelas suas aldeias e pelos seus acampamentos: doze príncipes de seus povos. 17E os anos da vida de Ismael foram cento e trinta e sete; e morreu e foi reunido ao seu povo. 18Os filhos de Ismael habitaram desde Havilá até Sur, nas imediações do Egito, no caminho para a Assíria. Ele se estabeleceu diante de todos os seus irmãos.

Esse trecho da passagem apresenta os descendentes de Ismael, retrata o cumprimento das promessas de Deus a Abraão e Agar serva de Sara. Ismael não é um homem sem futuro e destino.

12São estas as gerações de Ismael, filho de Abraão, que Agar, egípcia, serva de Sara, lhe deu à luz. 13Estes são os nomes dos filhos de Ismael, por ordem de nascimento: o primogênito de Ismael foi Nebaiote; depois, Quedar, Abdeel, Mibsão, 14Misma, Dumá, Massá, 15Hadade, Tema, Jetur, Nafis e Quedemá. 16Estes são os filhos de Ismael e estes são os seus nomes pelas suas aldeias e pelos seus acampamentos: doze príncipes de

seus povos. De modo surpreendente, o narrador dedica uma porção inteira à genealogia de uma concubina. Ele o faz porque Agar dá à luz o filho de Abraão como mãe substituta de Sara, e para mostrar que Deus cumpriu sua promessa dada a essa serva (16.10,12).

17E os anos da vida de Ismael foram cento e trinta e sete; e morreu e foi reunido ao seu povo. A notícia sobre a duração de vida de um não israelita é excepcional, sugerindo a importância desse descendente de Abraão.

18Os filhos de Ismael habitaram desde Havilá até Sur, nas imediações do Egito, no caminho para a Assíria. Ele se estabeleceu diante de todos os seus irmãos. Os ismaelitas estabeleceram-se principalmente na Arábia, segundo os nomes pessoais e geográficos nos profetas e nas inscrições assírias reais.

Deus cumpre sua palavra a Abraão, como confirmam os dois relatos sobre as linhagens não eleitas de Abraão. O relato sobre Ismael confirma, também a fidelidade da promessa de Deus à assustada e angustiada serva Agar. No fim, o gracioso Soberano reunirá todos sob o domínio do reino de Jesus Cristo

3. Os descendentes de Isaque.

19São estas as gerações de Isaque, filho de Abraão. Abraão gerou Isaque. 20Ele tinha quarenta anos quando tomou por esposa Rebeca, filha de Betuel, o arameu de Padã-Arã, e irmã de Labão, o arameu. 21Isaque orou ao Senhor por sua mulher, porque ela era estéril. O Senhor ouviu as orações dele, e Rebeca, a mulher de Isaque, ficou grávida. 22Os filhos lutavam no ventre dela. Então ela disse: “Por que isso está acontecendo comigo?” E ela foi consultar o Senhor. 23E o Senhor lhe respondeu: “Duas nações estão no seu ventre, dois povos, nascidos de você, se dividirão: um povo será mais forte do que o outro, e o mais velho servirá o mais moço.” 24Cumpridos os dias para que desse à luz, eis que havia gêmeos no seu ventre. 25Nasceu o primeiro, ruivo, todo revestido de pelo; por isso, deram-lhe o nome de Esaú. 26Depois, nasceu o irmão. Com a mão segurava o calcanhar de Esaú, e por isso lhe deram o nome de Jacó. Isaque tinha sessenta anos quando Rebeca deu à luz. 27Cresceram os meninos. Esaú tornou-se perito caçador, homem do campo; Jacó, porém, era homem pacato e morava em tendas. 28Isaque amava Esaú, porque se saboreava de sua caça; Rebeca, porém, amava Jacó. 29Jacó tinha feito um ensopado, quando Esaú, exausto, veio do campo 30e lhe disse: — Por favor, me deixe comer um pouco da coisa vermelha, essa coisa vermelha aí, pois estou exausto. (Por isso deram-lhe o nome de Edom.) 31Jacó respondeu: — Primeiro me venda o seu direito de primogenitura. 32Ele respondeu: — Estou morrendo de fome; de que me vale o direito de primogenitura? 33Então Jacó disse: — Primeiro jure. Esaú jurou e vendeu o seu direito de primogenitura a Jacó. 34E Jacó deu a Esaú pão e o ensopado de lentilhas; ele comeu e bebeu, levantou-se e saiu. Assim, Esaú desprezou o seu direito de primogenitura.

21Isaque orou ao Senhor por sua mulher, porque ela era estéril. A mulher certa é, novamente, estéril. O motivo da esterilidade destacava o poder de Yahweh de dar a Abraão uma descendência numerosa sobre probabilidades insuperáveis.

Aqui, a esterilidade não é um motivo de ansiedade, mas de graça soberana. Sem contar que essa geração também precisa aprender as lições da fé e entender que a sua semente não é natural, mas sobrenatural.

21... O Senhor ouviu as orações dele, e Rebeca, a mulher de Isaque, ficou grávida. Assim como o servo de Abraão obteve a esposa de Isaque por meio de oração, Isaque também obterá sua descendência dependendo do Senhor Deus. Isaque e sua esposa Rebeca não recorrem a uma concubina como seu pai fez.

22Os filhos lutavam no ventre dela. Então ela disse: “Por que isso está acontecendo comigo?” E ela foi consultar o Senhor. Rebeca carrega dentro de si não apenas a geração seguinte, mas também a luta e a ansiedade que a acompanham. A luta pela supremacia entre Jacó e Esaú no ventre e a escolha soberana do Senhor formam uma introdução adequada a esse relato, cuja marca é a rivalidade.

O conflito avança do ventre, passando pelo parto complicado dos gêmeos (25.26), para suas profissões diferentes (25.27) até as preferências opostas dos pais (25.28). Essa luta prenuncia também a luta de Jacó com o anjo de Deus (32.22-32).

22... Por que isso está acontecendo comigo?”. Essa pergunta angustiada, espalhada pelas páginas da história humana, encontra sua resposta na aceitação de que a sabedoria e a soberania de Deus estão por trás de todas as coisas.

23E o Senhor lhe respondeu: “Duas nações estão no seu ventre, dois povos, nascidos de você, se dividirão: um povo será mais forte do que o outro, e o mais velho servirá o mais moço.”. Deus prediz o resultado no início da história para realçar que cada fase da história é guiada por Deus. A despeito dos erros terríveis desses homens falíveis, os propósitos de Deus cumpriram-se no final. Ademais, como veremos a seguir, Jacó deve sua supremacia à eleição soberana, não a direitos naturais. A graça de Deus triunfa sobre a convenção humana

25Nasceu o primeiro, ruivo, todo revestido de pelo; por isso, deram-lhe o nome de Esaú. 26Depois, nasceu o irmão. Com a mão segurava o calcanhar de Esaú, e por isso lhe deram o nome de Jacó. As descrições pessoais zombam de ambos: Esaú o peludo” (simboliza a sua natureza animal) e Jacó o que se “agarra ao calcanhar” (agarrar alguém pelo calcanhar, ir atrás de alguém para trair).

26...Isaque tinha sessenta anos quando Rebeca deu à luz. Isaque intercede durante 20 anos por sua esposa estéril, sem perder a esperança. Ele sabe que, por sua semente, a descendência prometida será contada, e ele aprendeu com o fracasso de seus pais a não querer cumprir a promessa de Deus por meio do esforço humano.

27Cresceram os meninos... Abraão morreu quando os meninos tinham 15 anos de idade (25.7), eles, sem dúvida alguma, conheceram o patriarca durante sua infância. Todavia, esses meninos precisam ter suas próprias experiências e encarar suas próprias provações.

27... Esaú tornou-se perito caçador, homem do campo; Jacó, porém, era homem pacato e morava em tendas. A sofisticação de Jacó encontra-se em oposição à habilidade especial de Esaú na caça. Esaú é profano, impulsivo e não pensa no futuro diante de suas necessidades imediatas. Jacó possui fé para valorizar a herança, mas ele a mancha mediante suas maquinações para conseguir uma vantagem à custa de seu irmão.

28Isaque amava Esaú, porque se saboreava de sua caça; Rebeca, porém, amava Jacó. O favoritismo divide ainda mais a família. O amor de Isaque baseia-se em sentidos naturais - Isaque, que tinha um gosto por caça; o de Rebeca, nas qualidades inerentes do escolhido. A graça soberana de Deus precisa agora prevalecer sobre os esforços de Isaque e Rebeca.

29Jacó tinha feito um ensopado, quando Esaú, exausto, veio do campo 30e lhe disse: — Por favor, me deixe comer um pouco da coisa vermelha, essa coisa vermelha aí, pois estou exausto. (Por isso deram-lhe o nome de Edom.) Esaú é impulsivo e precisa urgentemente comer e beber, e Jacó não deveria ter se aproveitado disso.

31Jacó respondeu: — Primeiro me venda o seu direito de primogenitura. Jacó explora a miséria de seu irmão. Seu ideal é certo, mas seu método é errado. Mais tarde, Deus transformará sua ambição em virtude.

O primogênito ocupa uma posição de honra na família. Na lei, não é apenas o melhor que pertence a Deus, mas também o primeiro - o primogênito do ventre (Êx 13.2; Dt 15.19) e as primícias do solo (Dt 18.4; Ne 10.38-39) pertencem exclusivamente ao Senhor. Em virtude de seu direito de primogenitura, ele recebe o dobro da porção da herança do pai (Dt 21.17). A bênção do direito de primogenitura é acompanhada também pela responsabilidade de ser o protetor da família, o líder da família.

Esse direito de primogenitura é transferível; o filho mais novo pode substituir o mais velho, como nos casos de José/Judá, Efraim/Manassés, Moisés/Arão, Davi/seus seis irmãos mais velhos e Salomão/Adonias. Na família de Abraão, aquele que possui o direito de primogenitura herda a aliança de Abraão.

32Ele respondeu: — Estou morrendo de fome; de que me vale o direito de primogenitura? 33Então Jacó disse: — Primeiro jure. Esaú jurou e vendeu o seu direito de primogenitura a Jacó. Esaú vende seus direitos de herança, ele abre mão da bênção. O autor de Hebreus descreve a situação:

Hebreus 12.16 E cuidem para que não haja nenhum impuro ou profano, como foi Esaú, o qual, por um prato de comida, vendeu o seu direito de primogenitura. 17Vocês sabem também que, posteriormente, querendo herdar a bênção, foi rejeitado, pois não achou lugar de arrependimento, embora, com lágrimas, o tivesse buscado.

Em suma, Jacó está ludibriando o direito de ser herdeiro da benção da família e de definir seu destino por esforço próprio. Ele não depende da benção de Deus e não se apoia na eleição divina.

A descrição do narrador, expõe Esaú como um homem grosseiro impulsionado por desejos imediatos. Os atos de Esaú revelam uma pessoa profana. Ele fala de modo vulgar e age segundo as exigências imediatas e sem reflexão. Jacó, por sua vez, fala com finesse e age como um homem que pensa antes de agir, que prefere recompensas futuras à gratificação imediata, contudo, ele é descrito como um homem desonesto, civilizado, de previsão e que prefere confiar em suas próprias forças.

Por meio dessa caracterização, Esaú serve como lembrete da natureza humana pecaminosa, enquanto, Jacó ainda precisa ser transformado por Deus.

34E Jacó deu a Esaú pão e o ensopado de lentilhas; ele comeu e bebeu, levantou-se e saiu. Assim, Esaú desprezou o seu direito de primogenitura. Esaú menosprezou as promessas de Deus e desprezou seu direito de primogenitura. Mostrando que a rejeição de Deus não foi sem motivo. Como os propósitos de Deus se realizarão em meio a tanta discórdia?

A eleição de Deus

Romanos 9.10 E isto não aconteceu somente com ela, mas também com Rebeca, ao conceber de um só, de Isaque, nosso pai. 11E os gêmeos ainda não eram nascidos, nem tinham feito o bem ou o mal — para que o propósito de Deus, quanto à eleição, prevalecesse, não por obras, mas por aquele que chama —, 12quando foi dito a Rebeca: “O mais velho será servo do mais moço.” 13Como está escrito: “Amei Jacó, porém desprezei Esaú.” 14Que diremos, então? Que Deus é injusto? De modo nenhum! 15Pois ele diz a Moisés: “Terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia e terei compaixão de quem eu tiver compaixão.” 16Assim, pois, isto não depende de quem quer ou de quem corre, mas de Deus, que tem misericórdia. 17Porque a Escritura diz a Faraó: “Foi para isto mesmo que eu o levantei, para mostrar em você o meu poder e para que o meu nome seja anunciado em toda a terra.” 18Logo, Deus tem misericórdia de quem quer e também endurece a quem ele quer. 19Mas você vai me dizer: “Por que Deus ainda se queixa? Pois quem pode resistir à sua vontade?” 20Mas quem é você, caro amigo, para discutir com Deus? Será que o objeto pode perguntar a quem o fez: “Por que você me fez assim?” 21Será que o oleiro não tem direito sobre a massa, para do mesmo barro fazer um vaso para honra e outro para desonra?

O relato de Gênesis reproduz o método da ação divina revelado com bastante frequência na Escritura. Sempre houve os que abriram o coração para a revelação de Deus, enquanto outros endureciam o seu. E pela maneira como responderam, mostraram se estavam ou não entre aqueles sobre os quais Deus fez recair a Sua escolha.

E a escolha que Deus fez de Jacó e a omissão do seu irmão Esaú não dependeram nem um pouco da conduta ou do caráter dos irmãos gêmeos: Deus o declarou previamente - antes do nascimento deles.

No texto de Romanos, Paulo aponta que, quando uns recebem iluminação e outros não, pode-se discernir a eleição divina como operando antecedentemente à vontade ou à atividade dos que são eleitos. F.F. Bruce afirma:

O ponto em que Paulo insiste aqui é que a humanidade inteira é culpada aos olhos de Deus; ninguém tem direito à Sua graça. Se decide estender Sua graça a uns, os outros não têm base para alegar que Ele é injusto porque não a estende a eles. Justamente porque é graça, ninguém tem direito a ela, e ninguém pode exigir que Deus dê explicação dos princípios pelos quais dá Sua graça, ou exigir que Ele a dê de modo diverso daquele pelo qual o faz. Em sua soberania, a graça pode impor condições, mas não pode ser submetida a condições.

Algumas pessoas argumentam que se Deus preordena os caminhos do homem por Sua própria vontade, por que então, Deus deveria culpá-lo por andar por onde anda? Paulo responde: Romanos 9.20 Mas quem é você, caro amigo, para discutir com Deus? A glória de Deus triunfará no final, quer o homem lhe obedeça, quer não; quer o homem goste, quer não; quer o homem entenda, quer não.

A doutrina da eleição é uma das mais discutidas, atacadas e pouco admiradas da Escritura. A eleição incondicional pode ser descrita como:

Eleição é um ato divino, anterior à criação, em que Deus, por Sua graça e soberania, e não por mérito, escolhe indivíduos para a salvação.

Calvino disse: “Mas porque o pacto da vida não é pregado igualmente a todos os homens, e porque, entre aqueles aos quais é pregado, não é sempre recebido da mesma forma, mostra-se nessa diversidade um admirável segredo do julgamento divino”. Ele observa que a salvação não é oferecida igualmente a todos. Mesmo entre aqueles que ouvem a mensagem, a receptividade varia. Essa diversidade, para Calvino, revela o mistério do julgamento divino, indicando que Deus escolhe soberanamente quem receberá e responderá à mensagem da salvação.

A doutrina da eleição incondicional demonstra que o amor de Deus por nós não se baseia em quem somos, no que fizemos ou faremos, mas simplesmente em Sua decisão de nos amar. Portanto, a resposta apropriada a Deus é a gratidão e o louvor eterno, dedicação completa àquele que nos amou sem qualquer merecimento de nossa parte. Diante dos outros, nossa postura deve ser de humildade, reconhecendo que a graça de Deus é um dom imerecido, sobre o qual não temos direito individualmente.

Como vivem os eleitos

23E o Senhor lhe respondeu: “Duas nações estão no seu ventre, dois povos, nascidos de você, se dividirão: um povo será mais forte do que o outro, e o mais velho servirá o mais moço.”

DEUS – A eleição não se baseia apenas em palavras vazias ou em promessas passageiras, mas em uma verdade eterna e imutável, revelada nas Escrituras e confirmada em Cristo.

O próprio Senhor Jesus disse: João 15.16 Não foram vocês que me escolheram; pelo contrário, eu os escolhi e os designei para que vão e deem fruto, e o fruto de vocês permaneça, a fim de que tudo o que pedirem ao Pai em meu nome, ele lhes conceda.

É uma confiança que transcende as circunstâncias terrenas, proporcionando consolo e esperança duradoura, mesmo em meio às provações e tribulações da vida. Esta verdade fundamental serve como fonte inesgotável de conforto e segurança para aqueles que depositam sua confiança em Cristo. Em um mundo frequentemente marcado pela incerteza, pelo medo e pela fragilidade da existência humana, a fé em Jesus oferece um refúgio seguro, uma âncora para a alma. Ninguém será salvo por crer na eleição, contudo, certamente, sua existência será gloriosamente segura e confiante.

GRAÇA - A eleição é um presente imerecido de Deus, concedido àqueles que creem em Jesus Cristo, e não algo que possa ser conquistado por meio de boas ações ou mérito próprio.

As características negativas de Jacó são destacadas de forma bastante forte no texto. Isso é feito para mostrar que a graça divina não é a recompensa por, mas a fonte de, um caráter transformado. A graça que supera o pecado humano e que transforma a natureza humana é a tônica do relato da vida de Jacó. Deus realiza seus propósitos eletivos por meio de coparticipantes pactuais fiéis, não perfeitos.

HOMEM - Não existem garantias naturais para o futuro e não existe maneira de garantir um futuro melhor. Precisamos confiar exclusivamente no poder de Deus.

O mundo de Deus oferece mais surpresas do que o costume normalmente permite. Nada pode explicar a eleição de Deus; nem justiça, nem promessa divina, nem propósito pedagógico explicam adequadamente a escolha de Deus por Jacó ao invés de Esaú. Somente a vontade soberana, misericordiosa e graciosa de Deus em seu mundo criado. A nossa garantia, portanto, não está ancorada em argumentos lógicos ou capacidade humana, mas na insondável e gloriosa vontade de Deus. Que poderosa garantia!

A eleição, também, contraria toda a sabedoria convencional. Ela levanta uma reivindicação teológica profunda. Afirma que não vivemos num mundo em que todas as possibilidades permanecem abertas, e em que podemos escolher nossa postura como bem quisermos. Não nega a liberdade, porém, afirma que não estamos condenados a viver da maneira como o mundo está organizado atualmente.

Finalmente, o narrador de Gênesis ressalta a natureza da semente da aliança. Ao contrastar Jacó, a semente eleita, com Esaú, a não eleita, ele mostra que as pessoas eleitas, a despeito de imperfeições berrantes, são caracterizadas por um compromisso de serem herdeiras de Abraão, o homem de fé. Os não eleitos não têm qualquer compromisso com essa esperança na semente e na terra prometidas. Jacó é distinguido de Esaú por sua fé nas promessas e nas bênçãos de Deus. Ele arma um esquema contra seu irmão porque ele acreditava corretamente que o direito de primogenitura na linhagem de Abraão e de Isaque inclui bênçãos e promessas incríveis. A despeito de todas as suas fraquezas, Jacó vive dentro da visão da fé.

Conclusão

A história de Jacó e Esaú demonstra que a eleição divina não se baseia em mérito humano, mas na misericórdia e no plano de Deus. (Enfatiza a não dependência do mérito humano e o plano divino).


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Justo e Justificador

Discipulado: Como discipular?

Discipulado: Igreja Discipula