Graça





Gênesis 29.31 Quando o Senhor viu que Lia era desprezada, fez com que ela fosse fecunda, ao passo que Raquel era estéril. 32Assim, Lia ficou grávida e deu à luz um filho, a quem deu o nome de Rúben, pois disse: — O Senhor viu a minha aflição. Por isso, agora meu marido vai me amar. 33Ela ficou grávida outra vez e deu à luz um filho. E disse: — O Senhor ouviu que eu era desprezada e me deu mais este filho. E deu-lhe o nome de Simeão. 34Lia ficou grávida ainda outra vez e deu à luz um filho. E disse: — Agora, desta vez, o meu marido se unirá mais a mim, porque lhe dei à luz três filhos. Por isso lhe deu o nome de Levi. 35Mais uma vez ela ficou grávida e deu à luz um filho. Então disse: — Desta vez louvarei o Senhor. E por isso lhe deu o nome de Judá. E depois disso não teve mais filhos. 30.1 Quando Raquel viu que não dava filhos a Jacó, teve ciúmes de sua irmã e disse a Jacó: — Dê-me filhos, do contrário morrerei. 2Então Jacó ficou irado com Raquel e disse: — Será que eu estou em lugar de Deus, que a impediu de ter filhos? 3Então Raquel disse: — Eis aqui Bila, minha serva; tenha relações com ela, para que dê à luz e eu traga filhos ao meu colo por meio dela. 4Assim, Raquel lhe deu Bila, sua serva, por mulher; e Jacó teve relações com ela. 5Bila ficou grávida e deu à luz um filho a Jacó. 6Então Raquel disse: — Deus me fez justiça; ouviu a minha voz e me deu um filho. Por isso lhe chamou Dã. 7Outra vez Bila, serva de Raquel, ficou grávida e deu à luz o segundo filho a Jacó. 8Raquel disse: — Com grandes lutas tenho competido com minha irmã e consegui vencer. Por isso deu ao filho o nome de Naftali. 9Quando Lia viu que ela mesma tinha cessado de ter filhos, tomou a sua serva Zilpa e a deu a Jacó por mulher. 10Zilpa, serva de Lia, deu a Jacó um filho. 11Lia disse: — Afortunada! E deu ao filho o nome de Gade. 12Depois, Zilpa, serva de Lia, deu o segundo filho a Jacó. 13Então Lia disse: — É a minha felicidade! Porque as mulheres dirão que sou feliz. E lhe deu o nome de Aser. 14Nos dias da colheita do trigo, Rúben saiu e achou umas mandrágoras no campo. Ele as trouxe para Lia, sua mãe. Então Raquel disse a Lia: — Dê-me algumas das mandrágoras que o seu filho trouxe. 15Mas Lia respondeu: — Você acha pouco o fato de ter tomado de mim o marido? Vai tomar também as mandrágoras de meu filho? Raquel respondeu: — Ele poderá ter relações com você esta noite, em troca das mandrágoras de seu filho. 16À tarde, quando Jacó voltava do campo, Lia saiu ao encontro dele e lhe disse: — Esta noite você terá relações comigo, pois eu aluguei você pelas mandrágoras de meu filho. E naquela noite Jacó teve relações com ela. 17Deus ouviu Lia, ela ficou grávida e deu à luz o quinto filho. 18Então Lia disse: — Deus me recompensou, porque dei a minha serva ao meu marido. E deu ao filho o nome de Issacar. 19E Lia engravidou mais uma vez e deu a Jacó o sexto filho. 20E disse: — Deus me concedeu excelente dádiva. Agora meu marido vai permanecer comigo, porque lhe dei seis filhos. E ela deu ao filho o nome de Zebulom. 21Depois disto, deu à luz uma filha e lhe chamou Diná. 22Deus lembrou-se de Raquel, ouviu-a e a fez fecunda. 23Ela engravidou e deu à luz um filho. Então disse: — Deus tirou de mim o meu vexame. 24E deu ao filho o nome de José, dizendo: — Que o Senhor me dê ainda outro filho. 25Depois que Raquel deu à luz José, Jacó disse a Labão: — Deixe-me voltar ao meu lugar e à minha terra. 26Dê-me os meus filhos e as mulheres, pelas quais trabalhei para o senhor, e partirei. O senhor sabe muito bem quanto e de que maneira o servi. 27Labão lhe respondeu: — Se puder me fazer este favor, peço que fique comigo. Descobri por meio de adivinhações que o Senhor Deus me abençoou por causa de você. 28E Labão continuou: — Fixe o seu salário, que eu pagarei. 29Então Jacó disse: — O senhor sabe como tenho trabalhado e como cuidei do seu gado. 30Porque o pouco que o senhor tinha antes de eu chegar foi aumentado grandemente; e o Senhor Deus o abençoou com o meu trabalho. Mas quando vou começar a trabalhar também por minha própria casa? 31Labão perguntou a Jacó: — Quanto você quer que eu lhe dê? Jacó respondeu: — Não precisa me dar nada. Voltarei a apascentar e a guardar o seu rebanho, se o senhor concordar com isto: 32Passarei hoje por todo o seu rebanho, separando para mim todas as ovelhas salpicadas e malhadas, todos os cordeiros negros, e todas as cabras malhadas e salpicadas. Isto será o meu salário. 33Assim, a minha justiça responderá por mim, no dia de amanhã, quando o senhor vier conferir o meu salário. As cabras que não forem salpicadas e malhadas e as ovelhas que não forem negras, caso forem achadas comigo, o senhor pode considerá-las como roubadas. 34Labão disse: — Está bem. Seja como você disse. 35Mas, naquele mesmo dia, Labão separou os bodes listrados e malhados e todas as cabras salpicadas e malhadas, todos os que tinham alguma brancura e todos os cordeiros pretos; e os passou às mãos de seus filhos. 36E pôs a distância de três dias de viagem entre si e Jacó. E Jacó apascentava o restante dos rebanhos de Labão. 37Jacó pegou galhos verdes de álamo, de aveleira e de plátano e lhes removeu a casca, em riscas abertas, deixando aparecer a brancura dos galhos. 38Pôs esses galhos descascados em frente ao rebanho, nos canais de água e nos bebedouros, aonde os rebanhos vinham para beber água. E como acasalavam quando vinham beber, 39as ovelhas ficavam prenhes diante dos galhos e davam crias listradas, salpicadas e malhadas. 40Então Jacó separou os cordeiros e virou o rebanho para o lado dos animais listrados e dos animais pretos nos rebanhos de Labão; e pôs o seu rebanho à parte e não o

juntou com o rebanho de Labão. 41E, todas as vezes que as ovelhas fortes ficavam prenhes, Jacó punha os galhos à vista do rebanho nos canais de água, para que ficassem prenhes diante dos galhos. 42Porém, quando o rebanho era fraco, não punha os galhos. Assim, os animais fracos eram de Labão, e os fortes eram de Jacó. 43E o homem se tornou mais e mais rico; teve muitos rebanhos, servas, servos, camelos e jumentos.

Essa passagem incomum, com rituais estranhos e aparentemente pagãos, deve ser lida juntamente com o relato sobre Jacó em Betel - em que Deus promete estar com Jacó e sua presença implica em promessas relacionadas aos filhos e a terra.

Gênesis 28.14A sua descendência será como o pó da terra; você se estenderá para o oeste e para o leste, para o norte e para o sul. Em você e na sua descendência serão benditas todas as famílias da terra. 15Eis que eu estou com você e o guardarei por onde quer que você for. Farei com que você volte para esta terra, porque não o abandonarei até que eu cumpra aquilo que lhe prometi.

A cena continua em Harã, cobrindo os termos do contrato nupcial - Jacó passou os sete primeiros anos deste contrato solteiro, mas agora ele tem duas esposas, cada uma com sua própria serva. Durante os primeiros anos de seu contrato nupcial, Labão deveria ter permitido que Jacó fizesse preparativos para o sustento de sua família; em vez disso, ele o deixou de mãos vazias. Jacó precisa cuidar de sua casa sozinho.

Na primeira parte da passagem, Jacó foi uma vítima passiva de Labão e de suas esposas em relação aos seus casamentos e filhos, na segunda parte, Jacó tenta garantir a bênção de Deus por meio de esforços próprios. Ele é potente em termos de força física, para trabalhar duro e gerar uma família, mas em termos espirituais ele é impotente. Jacó, o manipulado, volta a ser Jacó, o manipulador. Porém o sucesso de Jacó ao defraudar o trapaceiro Labão não provém de sua insensatez, mas da graça de Deus.

Deus inclui as pessoas caídas e falíveis em seus planos graciosos. Duas irmãs competitivas, um esposo preso entre elas, um sogro explorador e um genro corrupto não são os personagens mais prováveis para uma narrativa de fé, salvação e triunfo. A despeito do caráter de Jacó e da rivalidade entre Raquel e Lia, Deus abençoa a família com doze filhos - as doze tribos de Israel nascem em um cenário opressão, mentira, dor e rivalidade. A graça de Deus é maior do que os nossos pecados, e seus propósitos não serão frustrados por eles.

Mas, o que é a graça de Deus? Parte da resposta passa por outras questões como: de que maneira a graça pode transformar o coração dos pecadores? Quando a graça de Deus foi concedida? Por que somos salvos unicamente pela graça de Deus?

Os filhos e a prosperidade de Jacó

Todo o texto pode ser dividido em duas partes. Na primeira parte, Jacó é manipulado por suas esposas, que convivem com enganos e mentiras para alcançar seus objetivos. Na segunda parte, Jacó precisa enfrentar seu sogro manipulador para conseguir se livrar de sua opressão e do abuso.

1. Os filhos de Jacó.

O nascimento de 11 filhos e de uma filha ao longo de sete anos implica que os nascimentos não ocorrem de modo sucessivo e que duas ou mais das quatro mães ficaram grávidas ao mesmo tempo.

O Senhor capacita Lia.

31 Quando o Senhor viu que Lia era desprezada, fez com que ela fosse fecunda, ao passo que Raquel era estéril. 32Assim, Lia ficou grávida e deu à luz um filho, a quem deu o nome de Rúben, pois disse: — O Senhor viu a minha aflição. Por isso, agora meu marido vai me amar. 33Ela ficou grávida outra vez e deu à luz um filho. E disse: — O Senhor ouviu que eu era desprezada e me deu mais este filho. E deu-lhe o nome de Simeão. 34Lia ficou grávida ainda outra vez e deu à luz um filho. E disse: — Agora, desta vez, o meu marido se unirá mais a mim, porque lhe dei à luz três filhos. Por isso lhe deu o nome de Levi. 35Mais uma vez ela ficou grávida e deu à luz um filho. Então disse: — Desta vez louvarei o Senhor. E por isso lhe deu o nome de Judá. E depois disso não teve mais filhos.

31 Quando o Senhor viu que Lia era desprezada, fez com que ela fosse fecunda, ao passo que Raquel era estéril. Deus misericordioso dá graciosamente a Lia, a esposa não amada, o filho primogênito e metade dos filhos de Jacó. Seus filhos incluem a linhagem sacerdotal de Levi e a linhagem messiânica de Judá.

31... Raquel era estéril. Assim como Sara e Rebeca, a esposa amada é estéril. A angústia de Raquel referente à infertilidade é compreensível, mas, do ponto de vista bíblico, a esterilidade não precisa ser motivo de angústia ou frustração, mas antes uma oportunidade para a manifestação da graça soberana de Deus.

32Assim, Lia ficou grávida e deu à luz um filho, a quem deu o nome de Rúben, pois disse: — O Senhor viu a minha aflição. Por isso, agora meu marido vai me amar. Lia encontra misericórdia ao dar à luz a filhos. Todavia, ela anseia uma mudança em seu status, de esposa rejeitada para esposa preferida. Sempre que concebia, ela nutria o mesmo anseio, mas sempre em vão.

A despeito de ter o favor e as dádivas do Senhor, sua esperança não se cumpre. Ela precisa aprender a encontrar sua satisfação emocional apenas na graça do Senhor.

34Lia ficou grávida ainda outra vez e deu à luz um filho. E disse: — Agora, desta vez, o meu marido se unirá mais a mim, porque lhe dei à luz três filhos. Por isso lhe deu o nome de Levi. Levi assumirá uma importância redentora quando a tribo que leva o seu nome se tornar ligada ao templo e ao sacerdócio.

35Mais uma vez ela ficou grávida e deu à luz um filho. Então disse: — Desta vez louvarei o Senhor. E por isso lhe deu o nome de Judá. E depois disso não teve mais filhos. Essa criança se tornará fonte de bênção e reconciliação para a família de Jacó e posteriormente, para todas as nações por meio de seu descendente.

Raquel e Lia Rivalizam.

30.1 Quando Raquel viu que não dava filhos a Jacó, teve ciúmes de sua irmã e disse a Jacó: — Dê-me filhos, do contrário morrerei. 2Então Jacó ficou irado com Raquel e disse: — Será que eu estou em lugar de Deus, que a impediu de ter filhos? 3Então Raquel disse: — Eis aqui Bila, minha serva; tenha relações com ela, para que dê à luz e eu traga filhos ao meu colo por meio dela. 4Assim, Raquel lhe deu Bila, sua serva, por mulher; e Jacó teve relações com ela. 5Bila ficou grávida e deu à luz um filho a Jacó. 6Então Raquel disse: — Deus me fez justiça; ouviu a minha voz e me deu um filho. Por isso lhe chamou Dã. 7Outra vez Bila, serva de Raquel, ficou grávida e deu à luz o segundo filho a Jacó. 8Raquel disse: — Com grandes lutas tenho competido com minha irmã e consegui vencer. Por isso deu ao filho o nome de Naftali. 9Quando Lia viu que ela mesma tinha cessado de ter filhos, tomou a sua serva Zilpa e a deu a Jacó por mulher. 10Zilpa, serva de Lia, deu a Jacó um filho. 11Lia disse: — Afortunada! E deu ao filho o nome de Gade. 12Depois, Zilpa, serva de Lia, deu o segundo filho a Jacó. 13Então Lia disse: — É a minha felicidade! Porque as mulheres dirão que sou feliz. E lhe deu o nome de Aser.

30.1 Quando Raquel viu que não dava filhos a Jacó, teve ciúmes de sua irmã e disse a Jacó: — Dê-me filhos, do contrário morrerei. A inveja de Raquel e a recusa de Jacó em se importar com a sua esposa estéril fornecem a ocasião para os nascimentos dos quatro filhos por meio das servas.

Raquel quer conquistar respeito e notoriedade para validar seu casamento. Ironicamente, ela tem ciúmes de uma irmã que foi descartada por um marido que não a ama. Cada mulher quer aquilo que a outra tem, e nenhuma valoriza aquilo que recebeu.

2Então Jacó ficou irado com Raquel e disse: — Será que eu estou em lugar de Deus, que a impediu de ter filhos? Jacó apresenta uma certeza teológica, mas também uma abdicação de seu papel como líder de sua família.

8Raquel disse: — Com grandes lutas tenho competido com minha irmã e consegui vencer. Por isso deu ao filho o nome de Naftali. A luta de Raquel com Lia é, na verdade, uma luta pelo favor de Deus. Ironicamente, Labão trata suas filhas como um bem em uma luta econômica, e agora suas filhas parecem ver seus filhos como bens num conflito de família.

13Então Lia disse: — É a minha felicidade! Porque as mulheres dirão que sou feliz. E lhe deu o nome de Aser. Sua felicidade deve-se ao seu sucesso as custas de sua irmã. No entanto, Lia não recebe o que realmente deseja: o amor e o reconhecimento de Jacó.

Satisfação, alegria e saciedade a parte de Deus não podem produzir resultados a longo prazo. O efeito deles tem duração curta e a seguir as pessoas estão novamente em busca de alguma coisa para preencher a sua necessidade de significado. A cultura do self moderno expressa em alta performance, espiritualidade e sexualidade avança rapidamente para a proliferação de pessoas completamente dopadas de artificialidades efêmeras que são facilmente substituídas por outras igualmente inúteis. Somente o prazer encontrado em Deus e o desfrutar do relacionamento pessoal e salvador com Cristo podem nutrir e satisfazer a alma do homem.

Deus concede filhos a Raquel.

14Nos dias da colheita do trigo, Rúben saiu e achou umas mandrágoras no campo. Ele as trouxe para Lia, sua mãe. Então Raquel disse a Lia: — Dê-me algumas das mandrágoras que o seu filho trouxe. 15Mas Lia respondeu: — Você acha pouco o fato de ter tomado de mim o marido? Vai tomar também as mandrágoras de meu filho? Raquel respondeu: — Ele poderá ter relações com você esta noite, em troca das mandrágoras de seu filho. 16À tarde, quando Jacó voltava do campo, Lia saiu ao encontro dele e lhe disse: — Esta noite você terá relações comigo, pois eu aluguei você pelas mandrágoras de meu filho. E naquela noite Jacó teve relações com ela. 17Deus ouviu Lia, ela ficou grávida e deu à luz o quinto filho. 18Então Lia disse: — Deus me recompensou, porque dei a minha serva ao meu marido. E deu ao filho o nome de Issacar. 19E Lia engravidou mais uma vez e deu a Jacó o sexto filho. 20E disse: — Deus me concedeu excelente dádiva. Agora meu marido vai permanecer comigo, porque lhe dei seis filhos. E ela deu ao filho o nome de Zebulom. 21Depois disto, deu à luz uma filha e lhe chamou Diná. 22Deus lembrou-se de Raquel, ouviu-a e a fez fecunda. 23Ela engravidou e deu à luz um filho. Então disse: — Deus tirou de mim o meu vexame. 24E deu ao filho o nome de José, dizendo: — Que o Senhor me dê ainda outro filho.

14Nos dias da colheita do trigo, Rúben saiu e achou umas mandrágoras no campo. Ele as trouxe para Lia, sua mãe. Então Raquel disse a Lia: — Dê-me algumas das mandrágoras que o seu filho trouxe. A mandrágora (mandrágora em hebraico significa frutas do amor) era usada como um afrodisíaco no mundo antigo. Sua polpa emite uma fragrância forte e distintiva, e a forma peculiar de suas grandes raízes carnudas e partidas lembram o tronco humano. Afrodite, a deusa grega do amor, da beleza e do sexo, era chamada de “Senhora da mandrágora”.

Raquel passou mais três anos sem filhos. Com essa ironia dramática, o narrador descarta a superstição folclórica relacionada à planta da fertilidade. O futuro não é decidido mediante artifícios humanos. Yahweh controla a história.

15Mas Lia respondeu: — Você acha pouco o fato de ter tomado de mim o marido? Vai tomar também as mandrágoras de meu filho? Raquel respondeu: — Ele poderá ter relações com você esta noite, em troca das mandrágoras de seu

filho. Aparentemente, Raquel tinha o privilégio questionável de decidir qual das esposas ou concubinas de Jacó passaria a noite com ele.

16À tarde, quando Jacó voltava do campo, Lia saiu ao encontro dele e lhe disse: — Esta noite você terá relações comigo, pois eu aluguei você pelas mandrágoras de meu filho. E naquela noite Jacó teve relações com ela. Em sua rivalidade, as irmãs concorrentes chegam a um acordo que satisfaz as necessidades de cada uma. O casamento de Jacó com Lia é agora reduzido a um contrato comercial. A vida da família está apodrecida e quebrada pela atmosfera desumana de pagamentos por “prestação de serviço”.

21Depois disto, deu à luz uma filha e lhe chamou Diná. Diná é a única filha de Jacó identificada pelo nome (Gn 46.7). Diná aparecerá novamente nos terríveis eventos do capítulo 34.

22Deus lembrou-se de Raquel, ouviu-a e a fez fecunda. 23Ela engravidou e deu à luz um filho. Então disse: — Deus tirou de mim o meu vexame. O verbo “lembrou-se” pressupõe que Raquel é uma coparticipante da aliança. Esse é o clímax de toda a passagem e ocorre após Raquel abrir mão de seu esposo. Tanto o narrador quanto Raquel atribuem o nascimento de José a graça de Deus, não a planta afrodisíaca.

24E deu ao filho o nome de José, dizendo: — Que o Senhor me dê ainda outro filho. O nome do filho prenuncia o nascimento do outro filho, Benjamim (Gn 35.17).

2. Jacó defrauda Labão.

O contrato.

25Depois que Raquel deu à luz José, Jacó disse a Labão: — Deixe-me voltar ao meu lugar e à minha terra. 26Dê-me os meus filhos e as mulheres, pelas quais trabalhei para o senhor, e partirei. O senhor sabe muito bem quanto e de que maneira o servi. 27Labão lhe respondeu: — Se puder me fazer este favor, peço que fique comigo. Descobri por meio de adivinhações que o Senhor Deus me abençoou por causa de você. 28E Labão continuou: — Fixe o seu salário, que eu pagarei. 29Então Jacó disse: — O senhor sabe como tenho trabalhado e como cuidei do seu gado. 30Porque o pouco que o senhor tinha antes de eu chegar foi aumentado grandemente; e o Senhor Deus o abençoou com o meu trabalho. Mas quando vou começar a trabalhar também por minha própria casa? 31Labão perguntou a Jacó: — Quanto você quer que eu lhe dê? Jacó respondeu: — Não precisa me dar nada. Voltarei a apascentar e a guardar o seu rebanho, se o senhor concordar com isto: 32Passarei hoje por todo o seu rebanho, separando para mim todas as ovelhas salpicadas e malhadas, todos os cordeiros negros, e todas as cabras malhadas e salpicadas. Isto será o meu salário. 33Assim, a minha justiça responderá por mim, no dia de amanhã, quando o senhor vier conferir o meu salário. As cabras que não forem salpicadas e malhadas e as ovelhas que não forem negras, caso forem achadas comigo, o senhor pode considerá-las como roubadas. 34Labão disse: — Está bem. Seja como você disse.

25Depois que Raquel deu à luz José, Jacó disse a Labão: — Deixe-me voltar ao meu lugar e à minha terra. Jacó passou 20 anos em Padã-Arã: 14 anos sob contrato pelas esposas e seis anos pelos rebanhos. Após o nascimento de José, porém, parece que Jacó se sente livre para deixar Padã-Arã com sua família. Labão, entretanto, tem outros planos,

ele deseja continuar a exploração de Jacó e, quando isso não funciona, Labão pretende mandar Jacó embora de mãos vazias.

O acordo de Jacó e Labão – um contrato sensível e frágil:

  1. 1)  A exigência de Jacó: 26Dê-me os meus filhos e as mulheres, pelas quais trabalhei para o senhor, e partirei. O senhor sabe muito bem quanto e de que maneira o servi. Jacó poderia ter fugido com eles sem o consentimento de Labão, mas Labão e os seus filhos o teriam perseguido com espadas. Além do mais, Jacó seria considerado como um ladrão fugitivo.

  2. 2)  Labão disse: 27.... — Se puder me fazer este favor, peço que fique comigo. Descobri por meio de adivinhações que o Senhor Deus me abençoou por causa de você. Assim como os egípcios tentarão manter Israel escravizado no futuro, Labão tenta impedir o retorno de Jacó para a sua terra, onde ele jurou adorar ao Senhor. Porém, assim como Israel saqueará o Egito, Jacó também saqueará Labão.

    27...Descobri por meio de adivinhações que o Senhor Deus me abençoou por causa de você. A adivinhação (cartomancia, necromancia, horóscopo entre outros) é proibida em Israel (Lv 19.26; Dt 18.10,14), pois pressupõe que outras forças espirituais controlam o mundo e que, portanto, não estão sob o controle de Yahweh.

  3. 3)  Jacó replicou: 29... O senhor sabe como tenho trabalhado e como cuidei do seu gado. 30Porque o pouco que o senhor tinha antes de eu chegar foi aumentado grandemente; e o Senhor Deus o abençoou com o meu trabalho. Mas quando vou começar a trabalhar também por minha própria casa? Essa é a primeira vez que Jacó dá testemunho da bênção de Deus em sua vida.

  4. 4)  Labão novamente diz: 31... Quanto você quer que eu lhe dê? Labão sempre pensa em dinheiro. O leitor deve prever que ele pretende enganar Jacó mais uma vez.

  5. 5)  Jacó propõe: 31... Não precisa me dar nada. Voltarei a apascentar e a guardar o seu rebanho, se o senhor concordar com isto: 32Passarei hoje por todo o seu rebanho, separando para mim todas as ovelhas salpicadas e malhadas, todos os cordeiros negros, e todas as cabras malhadas e salpicadas. Isto será o meu salário.

    Normalmente, as cabras do Oriente são pretas ou marrom escuras e as ovelhas são brancas. Seu salário serão as cabras e as ovelhas de cor anormal. Geralmente, o salário do pastor é de 20% do rebanho, e raramente, a parte salpicada e malhada representaria uma porcentagem tão grande.

  6. 6)  Labão, astutamente afirma: 34... Está bem. Seja como você disse.

A competição.

35Mas, naquele mesmo dia, Labão separou os bodes listrados e malhados e todas as cabras salpicadas e malhadas, todos os que tinham alguma brancura e todos os cordeiros pretos; e os passou às mãos de seus filhos. 36E pôs a distância de três dias de viagem entre si e Jacó. E Jacó apascentava o restante dos rebanhos de Labão. 37Jacó pegou galhos verdes de álamo, de aveleira e de plátano e lhes removeu a casca, em riscas abertas, deixando aparecer a brancura dos galhos. 38Pôs esses galhos descascados em frente ao rebanho, nos canais de água e nos bebedouros, aonde os rebanhos vinham para beber água. E como acasalavam quando vinham beber, 39as ovelhas ficavam prenhes diante dos galhos e davam crias listradas, salpicadas e malhadas. 40Então Jacó separou os cordeiros e virou o rebanho

para o lado dos animais listrados e dos animais pretos nos rebanhos de Labão; e pôs o seu rebanho à parte e não o juntou com o rebanho de Labão. 41E, todas as vezes que as ovelhas fortes ficavam prenhes, Jacó punha os galhos à vista do rebanho nos canais de água, para que ficassem prenhes diante dos galhos. 42Porém, quando o rebanho era fraco, não punha os galhos. Assim, os animais fracos eram de Labão, e os fortes eram de Jacó. 43E o homem se tornou mais e mais rico; teve muitos rebanhos, servas, servos, camelos e jumentos.

35Mas, naquele mesmo dia, Labão separou os bodes listrados e malhados e todas as cabras salpicadas e malhadas, todos os que tinham alguma brancura e todos os cordeiros pretos; e os passou às mãos de seus filhos. Novamente, Labão está enganando Jacó. Conforme o acordo, os animais de cor incomum deveriam fazer parte do rebanho inicial de Jacó. Jacó começa sem nenhum animal de cor incomum, destacando assim a graça sobrenatural de Deus sobre ele.

37Jacó pegou galhos verdes de álamo, de aveleira e de plátano e lhes removeu a casca, em riscas abertas, deixando aparecer a brancura dos galhos. 38Pôs esses galhos descascados em frente ao rebanho, nos canais de água e nos

bebedouros, aonde os rebanhos vinham para beber água. Essas três árvores (37... álamo, de aveleira e de plátano), que apresentam substâncias tóxicas usadas medicinalmente no mundo antigo, podem ter tido o efeito de apressar o início do ciclo do cio e de, assim, intensificar a disposição dos animais de copular. Jacó está pensando em termos de simpatia mágica, como Raquel fizera com as mandrágoras. Entretanto, nenhuma das superstições, somente Deus, produz vida e prosperidade.

38... E como acasalavam quando vinham beber, 39as ovelhas ficavam prenhes diante dos galhos e davam crias listradas, salpicadas e malhadas. O esquema funciona por causa da graça soberana de Deus, não por causa da magia pagã ou da pressuposição equivocada de influência pré-natal sobre as características genéticas.

43E o homem se tornou mais e mais rico; teve muitos rebanhos, servas, servos, camelos e jumentos. O verbo hebraico “se tornou” é o mesmo verbo usado na promessa de Deus em Betel (Gn 28.14 A sua descendência será como o pó da terra; você se estenderá para o oeste e para o leste, para o norte e para o sul.), mostrando que a promessa, em parte, foi cumprida.

A graça de Deus

Efésios 1.3Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo. 4Porque Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença. 5Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos, por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade, 6para o louvor da sua gloriosa graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado.

Graça é uma palavra que pode ser mal compreendida e defini-la não é tão fácil quanto parece. Uma das definições mais conhecidas do termo graça é: Favor imerecido de Deus. John MacArthur definiu graça como: “A influência voluntária e benevolente de um Deus santo que opera soberanamente nas vidas dos pecadores desmerecedores”.

A graça tem dois aspectos facilmente percebidos. O primeiro deles é a graça elementar ou comum. Concedida à toda humanidade em geral. Essa graça opera para restringir os efeitos do pecado. Ela ameniza os desdobramentos da queda na vida dos indivíduos. Ela impõe limites morais ao comportamento das pessoas. Preserva a ordem da sociedade por meio de governos e instituições. Capacita homens e mulheres com criatividade nas artes e destreza nas ciências humanas e psicológicas.

Entretanto, ela não pode redimir os pecadores. Não perdoa seus pecados nem purifica suas vidas. Não renova o coração, nem produz fé ou viabilidade de salvação. Não conduz os mortos para vida nem concede luz aos que estão cegos. Ainda, que possa gerar alguma consciência de pecado ou iluminação para a verdade de Deus, porém, sozinha não dirige os indivíduos para salvação eterna.

Toda a Criação vai desfrutar em alguma boa medida da graça de Deus. De sua ação soberana no bem-estar de pecadores que mereciam somente a destruição e o castigo por seus pecados. E do restante da Criação como demonstração de sua bondade, misericórdia, paciência e amor.

O segundo aspecto da graça - um elemento da mesma graça e não outra graça - é a graça singular ou especial. A graça salvadora estendida a todos os que foram eleitos e predestinados pelo Pai. É a obra irreversível e arrebatadora de Deus que liberta homens e mulheres da penalidade, do cativeiro e do poder da escravidão do pecado. Ela renova o coração dos pecadores e santifica os crentes por meio da habitação do Espírito Santo, por ordem do Pai e através do mérito de Jesus. A graça de Deus transforma o coração e torna a pessoa completamente disposta a confiar e obedecer a Deus.

Jacó e Raquel são da mesma espécie – da nossa espécie. Ambos mancham sua fé com práticas supersticiosas: ela usa mandrágoras, ele usa o misticismo. Entretanto, a despeito de suas manobras insensatas, o Deus gracioso responde a oração de Raquel e lhe concede José e abençoa o supersticioso Jacó com grandes rebanhos. Até mesmo Labão se vê obrigado a reconhecer a graça de Deus sobre a vida de Jacó.

Transformados pela graça de Deus

27Labão lhe respondeu: — Se puder me fazer este favor, peço que fique comigo. Descobri por meio de adivinhações que o Senhor Deus me abençoou por causa de você.

A Bíblia ensina que somos preservados na graça e que toda vida do crente é impulsionada pela graça. Na verdade, a graça é o que pode mudar os impulsos afetivos das pessoas.

DEUS - A graça é a vontade soberana de Deus agindo em favor dos pecadores.

No núcleo da ideia da graça está o favor e o amor de Deus. É um atributo do caráter de Deus e é absolutamente de sua natureza agir graciosamente. Outro ponto relevante, é o fato de que a graça de Deus não é colocada à nossa disposição. Não possuímos a graça como se fosse uma substância. Não controlamos sua operação ou sua manifestação. Na verdade, a Bíblia diz que somos sujeitos à graça de Deus. Submetidos ao seu poder. A graça é um poder, uma capacitação concedida. Estamos envolvidos na graça de Deus por vontade de Deus.

GRAÇA - Duas repercussões distintas da graça de Deus em nós: O esforço humano não traz salvação. Boas obras resultam da salvação autêntica.

(1) Somos salvos unicamente pela graça por meio da fé. Efésios 2.8Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; 9não por obras, para que ninguém se glorie.

O esforço humano não traz salvação. Quando enfim, reconhecemos nossa inabilidade e abrimos mão de toda confiança humana, e então, confiamos em Cristo e em sua obra realizada em nosso favor na cruz, estamos agindo por meio da fé que Deus em sua graça nos deu. O resultado é que ninguém pode exigir absolutamente nada, porque não teve qualquer participação na sua realização.

(2) Somos salvos para boas obras. Efésios 2.10 Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou antes para nós as praticarmos.

Não podemos abrir qualquer brecha para admitir que somos salvos por qualquer outra coisa que não a graça de Deus. Entretanto, da mesma forma, não podemos deixar de falar que as boas obras têm tudo a ver com o viver do crente. Nenhuma obra pode ser realizada para merecer a salvação. Nenhuma! Mas muitas boas obras resultam da salvação autêntica. Elas são evidências conclusivas e definitivas da salvação genuína. Assim como os não salvos são naturalmente pecadores, os salvos são naturalmente santos.

HOMEM - A Graça pode transformar nosso coração, de modo que podemos agir com base na motivação correta.

Vejamos alguns exemplos retirados da Bíblia:

1. Paulo desafia os crentes a ofertar.

2 Coríntios 8.8 Não estou dando uma ordem, mas quero verificar a sinceridade do amor de vocês, comparando-o com a dedicação dos outros. 9Pois vocês conhecem a graça de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, se fez pobre por amor de vocês, para que por meio de sua pobreza vocês se tornassem ricos.

O apóstolo deseja que os crentes contribuam, mas que o façam sem que ele ordene. Ele não pressiona usando sua autoridade ou a lei de Deus dizendo “Deus vai castigar vocês se não obedecerem”. Ele também não manipula as emoções dos crentes contando histórias sobre como as pessoas estão sofrendo e apelando para a prosperidade dos coríntios.

Em vez disso, ele aponta para a viva e marcante graça de Deus. Ele transporta a salvação de Cristo para o âmbito das contribuições e a maneira de lidar com o dinheiro, usando uma imagem poderosa para lembrar seus leitores sobre a graça de Deus. Essencialmente, Paulo volta os nossos olhos para a graça de Deus até nosso coração ser transformado em um coração generoso.

2. Renunciar às paixões mundanas.

Tito 2.11 Porque a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens. 12Ela nos ensina a renunciar à impiedade e às paixões mundanas e a viver de maneira sensata, justa e piedosa nesta era presente, 13enquanto aguardamos a bendita esperança: a gloriosa manifestação de nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo.

Paulo, não incentiva seus leitores a usarem os argumentos comuns utilizados para mudança de comportamento. Ele não diz que eles devem mudar porque caso contrário a imagem deles será afetada ou serão excluídos de determinado grupo. Ou que eles precisam mudar senão Deus não dará suas bênçãos e, por fim, pode mandá-los para o inferno. Ele não usou os impulsos egocêntricos do coração para forçar a mudança de comportamento.

Como o apóstolo instruiu os crentes a obterem autocontrole? Ele argumenta que é a graça de Deus manifestada na salvação que pode ser o impulso para verdadeiras e significativas transformações. Ele está dizendo que se quisermos experimentar essas mudanças devemos permitir que a graça ensine. Em outras palavras, a graça deve se enterrar em nossos corações até mudar nossas perspectivas e os fundamentos de toda a nossa motivação.

Portanto, a graça de Deus acaba com duas inclinações da nossa alma, o orgulho e o medo. Acaba com o orgulho pois nos mostra que estávamos tão perdidos que Jesus precisou morrer para que fôssemos encontrados. Acaba com o medo, pois revela que nada do que fizermos pode esgotar o estoque da graça de Deus por nós. Ela não é retirada de nós em hipótese alguma. Quando abraçamos com força essas verdades, nosso coração não é apenas refreado, mas completamente transformado. Somos generosos ou virtuosos simplesmente por amor aquele que tanto nos amou e nos deu a sua graça.

Conclusão

Essa narrativa destaca a graça de Deus que sempre foi relevante na vida do seu povo. Deus não é frustrado pela fraude ou manipulado pelos desejos humanos. Suas promessas ao seu povo, personificado aqui em Jacó, finalmente triunfarão a despeito de toda oposição – inclusive de seu povo.


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