A Espiritualidade do casal





1Pedro 3.7 Maridos, do mesmo modo, sejam sábios no convívio com a sua esposa, tratandoa com honra, como parte mais frágil e coerdeira do dom da graça da vida, de forma que não sejam interrompidas as suas orações.

Essa passagem pode ser interpretada incorretamente. Pessoas podem achar que Deus não aceita as orações dos homens, em caso de tratamento inadequado de suas esposas. A Bíblia, porém, é clara em afirmar que o acesso a Deus é garantido pelo sacrifício de Cristo (Hb. 10.19-23). Logo, Pedro ensina que o relacionamento do casal é totalmente dependente do relacionamento com Deus.

Os casais cristãos podem negligenciar diversas áreas em seus casamentos. Certamente, os descuidos podem trazer consequências graves e irreparáveis. Entretanto, se existe uma matéria em que a negligência pode produzir muito estrago, é na espiritualidade. Quase que a totalidade dos casais que estão enfrentando algum tipo de crise ou dificuldade tem uma coisa em comum, sua vida espiritual está devastada ou anêmica.

Além disso, outro cenário - comum, mas perigoso – é quando um dos parceiros cultiva uma espiritualidade saudável, disciplinada e bíblica, enquanto o outro não faz o mesmo. Espiritualmente eles não têm afinidade. Algumas pessoas podem objetar dizendo que se um dos dois está crescendo na vida espiritual, seguramente, o casamento vai experimentar saúde. Não se deve duvidar que isso possa acontecer. O próprio apóstolo Paulo disse em sua primeira carta aos Coríntios no capítulo sete, que um dos cônjuges poderia “santificar” o casal.

1Coríntios 7.14 Pois o marido descrente é santificado pela mulher, e a mulher descrente é santificada pelo marido. Se assim não fosse, os seus filhos seriam impuros, mas, de fato, são santos.

Contudo, em muitos casos, em que isso acontece, o cônjuge piedoso tem a tendência de sentir-se desencorajado com a inércia do seu parceiro. Muitos relatos de pessoas esgotadas em seus matrimônios alegam que a tarefa de conduzir espiritualmente a família é demasiadamente desgastante e infrutífera. Por outro lado, algumas pessoas podem desenvolver a sensação de superioridade espiritual devido ao seu desenvolvimento espiritual - o que também é uma contradição lógica.

O interesse na espiritualidade saudável não é privilégio apenas dos cristãos. Mesmo outros segmentos religiosos ou seculares, têm destacado o tema como altamente relevante e de necessidade de cuidado permanente. Nesse sentido, podemos encontrar alguns conceitos equivocados, adquiridos de outras fontes que não as Escrituras, acerca da espiritualidade. Com extrema facilidade, indivíduos abordam a espiritualidade com as lentes da justiça própria, do mérito das obras ou do egoísmo. Pessoas são motivadas ao crescimento espiritual por meio do legalismo ou dos possíveis benefícios de uma vida espiritual sadia.

Portanto, para evitar equívocos em um assunto tão importante, os crentes devem buscar na Bíblia o modelo de espiritualidade para as suas próprias vidas, suas igrejas e, especialmente, para os seus casamentos. A espiritualidade bíblica é o fundamento de um casamento saudável e edificado para a glória de Deus.

O que é espiritualidade

2Coríntios 13.14 A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vocês.

O termo espiritualidade está intimamente ligado as questões interiores do homem e, consequentemente, relacionada ao Espírito Santo. Alguns grupos podem usar expressões como intimidade com Deus, piedade ou devoção. Neste estudo, optamos por espiritualidade por seu constante uso ao longo da

história da igreja, mas, essencialmente por evidenciar a obra do Espírito Santo – historicamente, a tradição reformada tem demonstrado um interesse peculiar, ardente e bíblico no Espírito Santo.

Para nutrir a alma do crente e sustentar a vida espiritual do casal somente o Espírito Santo é suficiente. Ainda que o próprio Espírito Santo lance mão dos meios de graça que ele mesmo estabeleceu. Neste caso, qualquer busca do poder do Espírito Santo a parte de seus meios designados é tanto pecaminosa quanto insensata. A Espiritualidade pode ser definida por meio de cinco asserções:

  1. A espiritualidade é uma relação de intercâmbio mútuo entre Deus e o homem. Recebemos seu amor, graça, misericórdia, bondade, provisão, promessa entre outras coisas, e entregamos nossa obediência às suas leis, devoção e adoração.

  2. A espiritualidade é uma relação em que a iniciativa e o poder procedem de Deus. Ele é o iniciador e o mantenedor da espiritualidade do casal. A nossa tarefa consiste em responder a sua iniciativa com fé e arrependimento.

  3. A espiritualidade é uma relação trinitária. Mesmo que o Espírito Santo, de fato, seja o provedor e mantenedor da espiritualidade, ela depende da obra de salvação operada pelo Filho e designada pelo Pai.

  4. A espiritualidade é uma relação familiar ativa. Os crentes foram adotados por Deus por meio do sacrifício do Filho, desse modo, o Espírito Santo sempre produz adoração no coração do crente. O Pai se deleita nos filhos o adorando no poder do Espírito Santo.

  5. A espiritualidade é desfrutada de maneira especial na família de Deus. De modo especial, na Ceia do Senhor, quando o sacrifício de Cristo é manifesto diante de nós com vivacidade singular.

Em resumo, espiritualidade é a nutrição espiritual do casal por meio do relacionamento com Espírito Santo através dos meios de graça que o próprio Espírito Santo estabeleceu. O Casal reconhece a presença santa de Deus no poder reconciliador e no amor salvífico de Cristo, pessoalmente, de tal maneira que experimenta a provisão do Espírito Santo para a sua santificação e adoração.

O desenvolvimento espiritual

O Espírito Santo estabeleceu meios para que o cristão fosse nutrido diariamente. Esses meios são ordinários, singelos e acessíveis para todos os que o buscam sinceramente.

1. A palavra de Deus verbalmente inspirada - A Bíblia.

Salmo 19.7 A lei do Senhor é perfeita e revigora a alma. Os testemunhos do Senhor são dignos de confiança e tornam sábios os ingênuos. 8Os preceitos do Senhor são justos e dão alegria ao coração. Os mandamentos do Senhor são límpidos e trazem luz aos olhos. 9O temor do Senhor é puro e dura para sempre. As ordenanças do Senhor são verdadeiras; todas elas são justas.

Benjamin Keach, importante teólogo batista do século 17 assegura que “Muitos confiam que têm o Espírito Santo, luz e poder, quando tudo isso é mera ilusão... Alguns homens gloriam do Espírito... porém, ao mesmo tempo, eles menosprezam e vilipendiam as suas benditas ordenanças e instituições, que ele deixou em sua Palavra”. Existe uma relação indestrutível entre a espiritualidade do crente e as Escrituras Sagradas. Em forte contraste com a tendência moderna, que se especializou em cultivar a espiritualidade por meio de hábitos saudáveis, cultura terapêutica e ênfase exagerada no self. Precisamos voltar para a Bíblia como meio de cultivar a vida espiritual.

Todo casamento deve ser estruturado na Bíblia. A Bíblia é a luz no meio da escuridão e nos mostra o verdadeiro e vivo caminho de Deus. Tanto com respeito ao que devemos fazer, quanto do que esperar do Senhor. Ela é uma defesa contra as investidas constantes contra a família. A Bíblia é o consolo na adversidade, para não desesperarmos e nos enche de temor e pureza na prosperidade. A Bíblia guarda o coração do casal para não pecar contra o Senhor.

Portanto, o casal cristão deve abandonar as fórmulas humanas, rejeitar os maneirismos e os discursos falsos dos que só tratam das emoções. Devemos evitar os constantes apelos para buscar por conta própria e os interesses egoístas. Em outras palavras, o casal espiritualmente saudável cultiva a meditação na Bíblia como centro de seu casamento. Tem uma sede incomum por conhecer e aplicar as Escrituras Sagradas e não poupa esforços nessa empreitada. Ele estuda a Bíblia mais do que qualquer outra coisa.

2. A comunicação com Deus – Oração.

Mateus 6.9 Vocês devem orar assim: “Pai nosso, que estás nos céus! Santificado seja o teu nome. 10Venha o teu reino; seja feita a tua vontade na terra como no céu. 11Dános hoje o pão nosso de cada dia. 12Perdoa as nossas ofensas, como também temos perdoado aqueles que nos ofendem. 13E não nos deixes cair em tentação, mas livranos do Maligno, pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém”.

A oração é outro meio pelo qual os crentes têm se aproximado de Deus. É inegável que a igreja primitiva e os apóstolos estruturaram as suas vidas e a igreja de Deus em uma sólida vida de oração. Existem diversos testemunhos de homens piedosos ao longo da história que buscavam ao Senhor em oração incessante.

No entanto, os cristãos maduros também reconhecem que para perseverarmos na disciplina constante e saudável da oração precisamos da capacitação do Espírito Santo. Pois, a oração é, e sempre foi, um dos grandes desafios da vida cristã. Na tentativa de contornar essa dificuldade imposta aos crentes, alguns grupos se perderam. Os católicos inventaram métodos extra bíblicos como o terço ou rosário, as orações repetitivas e o ascetismo religioso. Por outro lado, alguns crentes criaram as técnicas do secreto, as orações na madrugada ou no monte e os cultos de busca. Não precisamos dizer que qualquer tentativa de solucionar a questão que não inclua o arrependimento e a submissão ao Senhor falhou terrivelmente em seus resultados.

John Bunyan, puritano conhecido por sua obra “O Peregrino” disse:

Quanto ao meu coração, quando vou orar, acho-o tão relutante em buscar a Deus; e, quando está na presença de Deus, se mostra tão relutante em permanecer com ele, que muitas vezes sou forçado, em minhas orações, a primeiramente implorar a Deus que pegue o meu coração e fixe-o nele mesmo, em Cristo; e, quando meu coração está ali, peço a Deus que o mantenha ali.

Bunyan mostra que a única maneira de lidar com a inconstância na oração é, em oração, clamar ao Espírito Santo por ajuda. Resolvemos a questão, reconhecendo a nossa incapacidade e a reação alérgica da velha natureza à presença de Deus.

A incompreensão sobre a natureza da oração é outro fator que pode comprometer a oração. De acordo com a Bíblia, a oração é uma resposta do crente a revelação do caráter e da natureza de Deus, ou seja, deve ser acompanhada da meditação nas Escrituras. Ela não deve ser quantificada por tempo, mas por temor ao Senhor. As orações podem ser comunicações escritas. A oração comunitária da igreja sempre foi uma marca das igrejas cristãs, enquanto que os crentes atuais preferem as orações em particular. Finalmente, temos um modelo de oração que pode ser seguido pelos crentes, a saber, a oração que o Senhor nos ensinou, o Pai Nosso (Mt 6.9-13). Gerações de crentes testemunharam que, quando perseveramos na oração como meio de alimentar nossa alma, tempos de intenso deleite e satisfação brotam da adoração no coração dos quebrantados e contritos. Que os casais desfrutem dessa benção grandiosa concedida pelo Senhor ao seu povo.

3. A comunhão do povo de Deus – a igreja.

Hebreus 10.24 Importemonos uns com os outros para nos incentivarmos ao amor e às boas obras. 25E não deixemos de nos reunir como igreja, segundo o costume de alguns, mas procuremos encorajar uns aos outros, sobretudo agora que vocês veem aproximarse o Dia.

Falar da igreja como forma de nutrir a vida espiritual dos crentes pode produzir estranheza em algumas pessoas que habitualmente pensam a devoção como uma disciplina particular. Na verdade, nos últimos anos, os cristãos foram desencorajados a pensar na igreja como fonte de suprimento espiritual. A teologia do secreto ganhou força e os crentes foram levados a abandonar a comunhão dos santos e as ordenanças, em especial, a ceia do Senhor. Isso pode ser uma grande surpresa para muitos cristãos, que atualmente parecem não estar considerando a participação na ceia do Senhor como uma disciplina espiritual importante. Um lugar em que o povo de Deus tem rica comunhão com o seu Redentor. Eles preferem discutir, quem deve ou não participar dos elementos do pão e do cálice.

O N.T. desconhece o cristianismo solitário. Uma das fontes de constante e vigorosa nutrição espiritual dos crentes é a comunhão cristã do corpo de Cristo. A comunhão tem a ver com a vida comum da igreja. A fé cristã é distintivamente coletiva. Viver como cristão significa estar em compromisso uns com os outros. Envolver-se com atividades em que somos naturalmente expostos aos nossos irmãos para o crescimento da comunidade da fé. Além disso, a comunhão da igreja molda a nossa teologia da graça - recebemos e compartilhamos graça e perdão, o nosso testemunho – vitórias e fracassos em comum, e a nossa ética – padrões de pecado e santificação. Elementos fundamentais em um casamento que glorifica ao Senhor. Todavia, a comunhão deve ser intencional e rica de experiências – conhecer o irmão na informalidade das atividades de comunhão.

A vida espiritual no lar

Josué 24.15 Se, porém, não agrada a vocês servir ao Senhor, escolham hoje a quem irão servir, se aos deuses a que os seus antepassados serviram além do Eufrates, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra vocês estão vivendo. Eu, porém, e a minha família serviremos ao Senhor.

Josué convoca as tribos de Israel e propõe um desafio: eles deveriam ponderar e escolher se continuariam a servir ao Senhor ou não. Todavia, ele mesmo faz uma declaração assombrosa e corajosa. Josué afirma que ele e a sua família serviriam a Deus. Além do próprio Deus, ninguém enxerga com mais clareza o nosso verdadeiro caráter do que nossos cônjuges e nossos filhos. Indiscutivelmente, é no lar que nossa vida espiritual prospera ou fracassa. Nesse sentido, examinaremos os ensinamentos da Bíblia sobre a liderança do marido, o auxílio das mulheres, a submissão dos filhos na devoção do lar.

A primeira regra acerca da espiritualidade do casal é que eles devem ser governados pelas Escrituras Sagradas. Nesse caso, Efésios oferece excelentes vislumbres:

Efésios 5.22Esposas, cada uma de vocês deve se sujeitar ao seu marido, como ao Senhor, 23pois o marido é o cabeça da esposa, como também Cristo é o cabeça da igreja, que é o seu corpo, do qual ele é o Salvador. 24Como a igreja está sujeita a Cristo, assim a esposa esteja sujeita em tudo ao marido. 25Maridos, cada um de vocês deve amar a sua esposa, assim como Cristo amou a igreja e entregouse por ela 26para santificála, tendoa purificado pelo lavar da água por meio da palavra, 27e apresentála a si mesmo como igreja gloriosa, sem mancha, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e sem culpa.

Efésios 6.1Filhos, obedeçam aos seus pais no Senhor, pois isso é justo. 2“Honre o seu pai e a sua mãe” — que é o primeiro mandamento com promessa — 3“a fim de que tudo corra bem com você, e você tenha vida longa na terra”. 4Pais, não irritem os seus filhos; antes, criemnos segundo a instrução e o conselho do Senhor.

Paulo faz uma conexão indiscutível das atribuições dos maridos e esposas, com as funções bíblicas da igreja e do seu Salvador. Note que a tarefa principal do homem é ser como Jesus, suprindo, primeiramente, as necessidades espirituais de sua família. Em outras palavras, os homens devem liderar a vida espiritual da sua casa. Contudo, como Jesus, ele precisa ser um líder íntegro, justo, misericordioso e amoroso. Corrigir sua família com brandura, porém, cumprindo a lei de Deus. Às vezes, a repreensão será necessária e deve ser administrada com humildade e respeito (Ef 6.4 “Pais, não irritem os seus filhos; antes, criemnos segundo a instrução e o conselho do Senhor.”).

As mulheres devem cooperar com seus maridos na medida em que espelham a forma que a igreja serve a Cristo. A igreja deve servir fiel e alegremente sempre cooperando na causa de Cristo. Da mesma forma, as esposas devem considerar suas funções de auxiliar o marido de forma fiel e alegre, sem jamais, deixar somente para o marido a responsabilidade de edificar sua casa. A missão de edificação da casa, assim como a missão da edificação da igreja, não é responsabilidade apenas de um dos membros da aliança. A igreja é chamada a edificar uns aos outros, de igual modo, as mulheres devem edificar as suas famílias. Portanto, a responsabilidade de liderar a espiritualidade da família é do homem, que não pode negligenciar sua tarefa, contudo, as mulheres têm que assumir as suas funções de intercessão e testemunho sempre que a situação exigir. Os filhos devem aceitar a autoridade dos pais com amor, sujeição e bondade “pois isso é justo” (Ef 6.1).

Algumas sugestões práticas:

Faça devocionais pessoais. Proceder piedosamente no lar requer momentos de buscar a comunhão pessoal com Deus. Para isso, o cristão pode seguir os seguintes passos:

  1. 1)  Estabeleça um horário em sua agenda diária – dê preferências aos horários de melhor desempenho pessoal. Se não tiver um tempo disponível, crie um diminuindo outras atividades de sua vida. Não existe nada mais importante do que um encontro pessoal com o Rei da glória.

  2. 2)  Seja disciplinado e constante. Não deixe de fazer nenhum dia sequer. Não desmarque em hipótese nenhuma. Encontre um local tranquilo e siga um plano de leitura e oração permanente.

  3. 3)  Ore para que o Espírito Santo conduza seu coração. O crente deve ser sempre e humildemente sujeito ao Espírito Santo. Apatia e frieza não combinam com a presença alegre e poderosa de Deus.

  4. 4)  Leia um trecho das Escrituras. Não leia uma passagem muito longa. Concentre-se em um versículo ou doutrina ressaltada no texto. Tome o cuidado de não especular e ir além do que Deus falou. Não crie novas doutrinas. Busque a Deus no texto.

  5. 5)  Medite nas Escrituras. A meditação cristã é diferente das meditações das religiões orientais, nas quais os indivíduos esvaziam a mente. Na meditação cristã a mente do crente paira sobre uma verdade para extrair sua doçura e levá-lo à adoração.

  6. 6)  Pregue a verdade para a sua alma. Estimule a sua fé, a alegria e a devoção ao Senhor. Examine sua vida e sinceramente aplique a verdade a ela.

  7. 7)  Louve ao senhor com gratidão. Encerre seu devocional com louvores em seus lábios. Termine orando e deixe que o Espírito Santo encha seu coração de prazer e saciedade.

Mantenha a pureza de seu lar. Precisamos ser cuidadosos e vigilantes acerca das influências que penetram sorrateiramente em nossas vidas e nossos lares. A base fundamental da espiritualidade do casal no lar é a consciência acentuada da onipresença de Deus. O salmista diz:

Salmo 101.1 Cantarei a tua lealdade e justiça; a ti, Senhor, cantarei louvores! 2Considerarei o caminho da integridade; quando virás ao meu encontro? Dentro da minha casa viverei com um coração íntegro. 3Não olharei com aprovação para nada que seja perverso.

A integridade que o salmista considera não é a perfeição sem pecado, mas a sinceridade sem hipocrisia – muito presente nos religiosos hipócritas. Se você seguir um hipócrita até a sua vida particular poderá enxergar as suas mentiras. Matthew Henry um crente puritano afirmou: “não basta vestir nossa religião quando saímos e aparecemos diante dos homens, mas por meio dela precisamos governar a nós mesmos no seio de nossa família”. Se um casal é verdadeiramente santo, mostrará isso tanto no lar como na vida pública. Um cristão verdadeiro é o mesmo em todos os lugares, porque Deus é o mesmo em todos os lugares.

Davi acrescenta um detalhe precioso no versículo 3: “Não olharei com aprovação para nada que seja perverso”. Os crentes devem ter o cuidado de não permitir que influências corrompedoras penetrem em suas vida e em suas casas. Se queremos resistir aos ataques de Satanás precisamos

controlar o que deixamos entrar em nossa alma e também em nosso lar. Devemos fechar a porta de nossas casas e abrir a Bíblia.

Atualmente vivemos em uma época de imagens que, facilmente, conquistam os nossos corações. Televisores, telas de dispositivos eletrônicos, carros, casas e pessoas lindamente trajadas nos cercam constantemente. Certamente, não vamos conseguir evitar que o mundo continue produzindo imagens. Entretanto, podemos controlar quais imagens deixamos entrar em nossos lares. Quem sabe não chegou o momento de colocarmos um limite nas formas de mídias ou tecnologias que consumimos. Talvez seja o momento de dar boas-vindas a influências que promovam a santidade.

O culto doméstico. Os crentes podem substituir os momentos de lazer a frente da televisão ou das telas dos dispositivos por períodos de instrução, oração, louvor e doutrinamento através do culto doméstico.

Os puritanos levavam tão a sério o dever do culto doméstico que consideravam que a negligência com o ensino e o discipulado no seio familiar “quebrava a aliança com Deus e entregava a alma dos filhos nas mãos do Diabo” (Thomas Manton). Todos nós sabemos e testificamos que os esforços sérios de casais piedosos podem contribuir de maneira definitiva para o amadurecimento espiritual, ainda muito cedo, de seus filhos.

Como implementar o culto doméstico:

  1. 1)  Separe um momento em que toda a família pode estar reunida. Os puritanos tinham o costume de se preparar para o dia do Senhor, realizando em seus lares, no sábado à noite, o culto doméstico. O domingo, no fim do dia, também nos parece uma opção interessante, devido a sua posição estratégica na semana das famílias.

  2. 2)  Determine o material que será estudado. Pode ser um catecismo, uma confissão de fé ou alguma literatura. Contudo, mesmo com outras fontes, sempre deve ser lida uma passagem da Bíblia. O importante é escolher conteúdos doutrinários robustos, evitando as futilidades que em nada contribuem para a edificação da família.

  3. 3)  Crie uma liturgia retirada da própria Bíblia. A liturgia da igreja é a escolha mais adequada. Fale, cante, ore e ensine a palavra de Deus.

  4. 4)  Não permita que o culto doméstico seja enfadonho ou maçante. Lembre-se Deus está presente no meio do seu povo, portanto, clame pela sua gloriosa presença.

Conclusão

Um casal que cultiva a espiritualidade bíblica e consequentemente saudável, pode esperar que seu lar seja tranquilo e quieto. Quando casais com o coração sincero e contrito buscam a presença santa de Deus e invocam o seu nome em suas casas, certamente, experimentaram refrigério, consolo e alegria. Contudo, não se engane, precisamos desenvolver novos hábitos, disciplinas e desejos piedosos para realizarmos esse ato de serviço ao Senhor.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Justo e Justificador

Discipulado: Como discipular?

Substituição