Autoridade


Gênesis 41.1 Passados dois anos completos, Faraó teve um sonho e eis que estava em pé junto ao rio Nilo. 2Do rio subiam sete vacas de boa aparência e gordas e pastavam no meio dos juncos. 3Após elas subiam do rio outras sete vacas, de aparência feia e magras; e pararam junto às primeiras, na margem do rio. 4As vacas de aparência feia e magras engoliam as sete vacas de boa aparência e gordas. Então Faraó acordou. 5Tornando a dormir, sonhou outra vez. De uma só haste saíam sete espigas cheias e boas. 6E após elas nasciam sete espigas mirradas e queimadas pelo vento leste. 7As espigas mirradas devoravam as sete espigas grandes e cheias. Então Faraó acordou. Tinha sido um sonho. 8De manhã, ao despertar muito perturbado, mandou chamar todos os magos do Egito e todos os seus sábios. Contou-lhes os seus sonhos, mas não havia ninguém que pudesse dar a interpretação. 9Então o copeiro-chefe disse a Faraó: — Hoje me lembro das minhas ofensas. 10Quando Faraó ficou irado com os seus servos e me pôs na prisão, na casa do comandante da guarda, a mim e ao padeiro-chefe, 11tivemos um sonho na mesma noite, eu e ele. Sonhamos, e cada sonho tinha o seu próprio significado. 12Achava-se conosco um jovem hebreu, escravo do comandante da guarda. Contamos a ele os nossos sonhos, e ele nos deu a interpretação, a cada um segundo o seu sonho. 13E tal como nos interpretou, assim aconteceu: eu fui restituído ao meu cargo, e o outro foi enforcado. 14Então Faraó mandou chamar José, e o fizeram sair às pressas da masmorra. Ele se barbeou, mudou de roupa e foi apresentar-se a Faraó. 15Este lhe disse: — Tive um sonho, e não há quem o interprete. Porém ouvi falar a respeito de você que, quando ouve um sonho, é capaz de interpretá-lo. 16José respondeu: — Isso não está em mim; mas Deus dará resposta favorável a Faraó. 17Então Faraó disse a José: — No meu sonho, eu estava em pé na margem do Nilo, 18e eis que subiam dele sete vacas gordas e de boa aparência e pastavam no meio dos juncos. 19Após estas subiam outras sete vacas, fracas, muito feias e magras. Eu nunca tinha visto vacas tão feias, em toda a terra do Egito. 20E as vacas magras e ruins devoravam as primeiras sete vacas gordas. 21E, depois de as terem engolido, não davam aparência de que as tinham devorado, pois o aspecto delas continuava ruim como no princípio. Então acordei. 22Depois, vi, em meu sonho, que sete espigas saíam da mesma haste, cheias e boas. 23Depois delas nasceram sete espigas secas, mirradas e queimadas pelo vento leste. 24As sete espigas mirradas devoravam as sete espigas boas. Contei isso aos magos, mas ninguém foi capaz de me dar a interpretação. 25Então José respondeu: — O sonho de Faraó é apenas um; Deus revelou a Faraó o que ele vai fazer. 26As sete vacas boas serão sete anos; as sete espigas boas, também sete anos; o sonho é um só. 27As sete vacas magras e feias, que subiam após as primeiras, serão sete anos, bem como as sete espigas mirradas e queimadas pelo vento leste serão sete anos de fome. 28— Esta é a palavra, como acabo de dizer a Faraó: Deus manifestou a Faraó o que ele vai fazer. 29Eis que vêm sete anos de grande abundância por toda a terra do Egito. 30Depois virão sete anos de fome. Toda aquela abundância será esquecida na terra do Egito e a fome consumirá a terra; 31e não será lembrada a abundância na terra, por causa da fome que seguirá, porque será gravíssima. 32O sonho de Faraó foi repetido, porque a coisa é estabelecida por Deus, e Deus se apressa a fazê-la. 33— Agora, pois, Faraó devia escolher um homem ajuizado e sábio e encarregá-lo de dirigir a terra do Egito. 34Faraó devia fazer isto: pôr administradores sobre a terra e recolher a quinta parte dos frutos da terra do Egito nos sete anos de fartura. 35Esses administradores deviam ajuntar toda a colheita dos bons anos que virão, recolher cereal por ordem de Faraó, para mantimento nas cidades, e guardá-lo em armazéns. 36Assim, o mantimento servirá para abastecer a terra nos sete anos da fome que haverá no Egito, para que a terra não seja destruída pela fome. 37O conselho agradou a Faraó e a todos os seus oficiais. 38Então Faraó perguntou aos seus oficiais: — Será que poderíamos achar alguém melhor do que José, um homem em quem está o Espírito de Deus? 39Depois, Faraó disse a José: — Visto que Deus revelou tudo isto a você, não há ninguém tão ajuizado e sábio como você. 40Você será o administrador da minha casa, e todo o meu povo obedecerá à sua palavra. Somente no trono eu serei maior do que você. 41E Faraó disse mais a José: — Eis que eu o constituo autoridade sobre toda a terra do Egito. 42Então Faraó tirou o seu anel-sinete da mão e o pôs no dedo de José. Mandou que o vestissem com roupas de linho fino e lhe pôs no pescoço um colar de ouro. 43E o fez subir na sua segunda carruagem, e clamavam diante dele: “Inclinem-se todos!” Desse modo, deu-lhe autoridade sobre toda a terra do Egito. 44Disse ainda Faraó a José: — Eu sou Faraó, mas sem a sua ordem ninguém poderá fazer nada em toda a terra do Egito. 45E Faraó chamou José de Zafenate-Paneia e lhe deu por mulher Asenate, filha de Potífera, sacerdote de Om. E José percorreu toda a terra do Egito. 46José tinha trinta anos de idade quando se apresentou a Faraó, rei do Egito, e andou por toda a terra do Egito. 47Nos sete anos de fartura a terra produziu com abundância. 48E José ajuntou todo o mantimento que houve na terra do Egito durante os sete anos e o guardou nas cidades; o mantimento do campo ao redor de cada cidade foi guardado na mesma cidade. 49Assim, José ajuntou muitíssimo cereal, como a areia do mar, até perder a conta, porque ia além das medidas. 50Antes de chegar a fome, nasceram dois filhos a José, os quais lhe deu Asenate, filha de Potífera, sacerdote de Om. 51Ao primogênito José chamou de Manassés, pois disse: “Deus me fez esquecer todo o meu trabalho e toda a casa de meu pai.” 52Ao segundo deu o nome de Efraim, pois disse: “Deus me fez próspero na terra da minha aflição.” 53Passados os sete anos de abundância que houve na terra do Egito, 54começaram os sete anos de fome, como José havia predito. E havia fome em todas as terras, mas em toda a terra do Egito havia pão. 55Quando toda a terra do Egito começou a sentir a fome, o povo clamou a Faraó por pão; e Faraó dizia a todos os egípcios: — Vão falar com José e façam o que ele disser. 56Havendo, pois, fome sobre toda a terra, José abriu todos os celeiros e vendia aos egípcios; porque a fome aumentava na terra do Egito. 57E todas as terras vinham ao Egito para comprar de José, porque a fome aumentava em todo o mundo.

As duas últimas passagens vinham intensificando a tensão para que o texto chegasse à conclusão climática. Até mesmo a humilhação — ser lançado na prisão e ser esquecido — estabeleceu o fundamento para o cumprimento do propósito de Deus. O salmista descreve a situação de José na prisão como:

Salmo 105.16Deus fez vir fome sobre a terra e cortou os meios de se obter pão. 17Adiante deles enviou um homem, José, que foi vendido como escravo. 18Apertaram os seus pés com correntes e puseram uma coleira de ferro no seu pescoço, 19até cumprir-se a profecia a respeito dele, e tê-lo provado a palavra do Senhor. 20O rei mandou soltá-lo; o dominador dos povos o pôs em liberdade. 21Constituiu-o senhor de sua casa e administrador de tudo o que possuía, 22para, como bem quisesse, sujeitar os seus príncipes e ensinar a sabedoria aos seus anciãos.

O ambiente da passagem ocorre dois anos após o episódio no qual José interpreta os sonhos dos oficiais de Faraó. A narrativa do sonho duplo do Faraó, sem ninguém que os consiga interpretar, é um cenário familiar ao leitor, que conhece os eventos anteriores. O desenvolvimento da cena, que gira em torno dos sonhos, é a ascensão de José até a declaração climática do Faraó:

Gênesis 41.40 Você será o administrador da minha casa, e todo o meu povo obedecerá à sua palavra. Somente no trono eu serei maior do que você.

O texto descreve a ascensão de José ao cargo de primeiro-ministro do Faraó, servindo como uma analogia para a exaltação de Cristo à direita de Deus. Nele, o Messias crucificado recebe do Pai a autoridade sobre a igreja e o universo, assumindo a administração concreta do poder que lhe foi confiado.


José assume o governo do Egito


A cena desenvolve-se em três estágios relacionados aos sonhos:

1. Os sonhos e o dilema do Faraó (41.1-8)

Gênesis 41.1 Passados dois anos completos, Faraó teve um sonho e eis que estava em pé junto ao rio Nilo. 2Do rio subiam sete vacas de boa aparência e gordas e pastavam no meio dos juncos. 3Após elas subiam do rio outras sete vacas, de aparência feia e magras; e pararam junto às primeiras, na margem do rio. 4As vacas de aparência feia e magras engoliam as sete vacas de boa aparência e gordas. Então Faraó acordou. 5Tornando a dormir, sonhou outra vez. De uma só haste saíam sete espigas cheias e boas. 6E após elas nasciam sete espigas mirradas e queimadas pelo vento leste. 7As espigas mirradas devoravam as sete espigas grandes e cheias. Então Faraó acordou. Tinha sido um sonho. 8De manhã, ao despertar muito perturbado, mandou chamar todos os magos do Egito e todos os seus sábios. Contou-lhes os seus sonhos, mas não havia ninguém que pudesse dar a interpretação.

Gênesis 41.1 Passados dois anos completos... Dois anos inteiros de aflição contrastam com uma libertação rápida e com os 14 anos que se seguirão.

1... Faraó teve um sonho e eis que estava em pé junto ao rio Nilo. No Antigo Oriente Próximo, acreditava-se que sonhos reais indicavam um vínculo especial entre Deus e o rei.

2Do rio subiam sete vacas de boa aparência e gordas e pastavam no meio dos juncos. 3Após elas subiam do rio outras sete vacas, de aparência feia e magras; e pararam junto às primeiras, na margem do rio. 4As vacas de aparência feia e magras engoliam as sete vacas de boa aparência e gordas. Então Faraó acordou. 5Tornando a dormir, sonhou outra vez. De uma só haste saíam sete espigas cheias e boas. 6E após elas nasciam sete espigas mirradas e queimadas pelo vento leste. 7As espigas mirradas devoravam as sete espigas grandes e cheias. Então Faraó acordou. Tinha sido um sonho. O Faraó teve sonhos enigmáticos: sete vacas de má aparência e sete de boa; e sete espigas cheias e saudáveis, contrastando com sete mirradas e queimadas. Todas essas imagens simbolizavam, de forma natural, o alimento.

8De manhã, ao despertar muito perturbado, mandou chamar todos os magos do Egito e todos os seus sábios. Contou-lhes os seus sonhos, mas não havia ninguém que pudesse dar a interpretação. O Faraó provavelmente está perturbado, pois atribui as colheitas fartas de seu reinado às boas e mágicas relações com o deus do trigo. Em contraste com o espírito agitado do Faraó, José possui o espírito de Deus (Gn 41.38).

8... mandou chamar todos os magos do Egito e todos os seus sábios. Esses sábios eram na verdade, sacerdotes influentes que se ocupavam com a magia e a adivinhação. Porém até para eles existem algumas coisas impossíveis.


2. A libertação e a ascensão de José (41.9-40)

9Então o copeiro-chefe disse a Faraó: — Hoje me lembro das minhas ofensas. 10Quando Faraó ficou irado com os seus servos e me pôs na prisão, na casa do comandante da guarda, a mim e ao padeiro-chefe, 11tivemos um sonho na mesma noite, eu e ele. Sonhamos, e cada sonho tinha o seu próprio significado. 12Achava-se conosco um jovem hebreu, escravo do comandante da guarda. Contamos a ele os nossos sonhos, e ele nos deu a interpretação, a cada um segundo o seu sonho. 13E tal como nos interpretou, assim aconteceu: eu fui restituído ao meu cargo, e o outro foi enforcado. 14Então Faraó mandou chamar José, e o fizeram sair às pressas da masmorra. Ele se barbeou, mudou de roupa e foi apresentar-se a Faraó. 15Este lhe disse: — Tive um sonho, e não há quem o interprete. Porém ouvi falar a respeito de você que, quando ouve um sonho, é capaz de interpretá-lo. 16José respondeu: — Isso não está em mim; mas Deus dará resposta favorável a Faraó. 17Então Faraó disse a José: — No meu sonho, eu estava em pé na margem do Nilo, 18e eis que subiam dele sete vacas gordas e de boa aparência e pastavam no meio dos juncos. 19Após estas subiam outras sete vacas, fracas, muito feias e magras. Eu nunca tinha visto vacas tão feias, em toda a terra do Egito. 20E as vacas magras e ruins devoravam as primeiras sete vacas gordas. 21E, depois de as terem engolido, não davam aparência de que as tinham devorado, pois o aspecto delas continuava ruim como no princípio. Então acordei. 22Depois, vi, em meu sonho, que sete espigas saíam da mesma haste, cheias e boas. 23Depois delas nasceram sete espigas secas, mirradas e queimadas pelo vento leste. 24As sete espigas mirradas devoravam as sete espigas boas. Contei isso aos magos, mas ninguém foi capaz de me dar a interpretação. 25Então José respondeu: — O sonho de Faraó é apenas um; Deus revelou a Faraó o que ele vai fazer. 26As sete vacas boas serão sete anos; as sete espigas boas, também sete anos; o sonho é um só. 27As sete vacas magras e feias, que subiam após as primeiras, serão sete anos, bem como as sete espigas mirradas e queimadas pelo vento leste serão sete anos de fome. 28— Esta é a palavra, como acabo de dizer a Faraó: Deus manifestou a Faraó o que ele vai fazer. 29Eis que vêm sete anos de grande abundância por toda a terra do Egito. 30Depois virão sete anos de fome. Toda aquela abundância será esquecida na terra do Egito e a fome consumirá a terra; 31e não será lembrada a abundância na terra, por causa da fome que seguirá, porque será gravíssima. 32O sonho de Faraó foi repetido, porque a coisa é estabelecida por Deus, e Deus se apressa a fazê-la. 33— Agora, pois, Faraó devia escolher um homem ajuizado e sábio e encarregá-lo de dirigir a terra do Egito. 34Faraó devia fazer isto: pôr administradores sobre a terra e recolher a quinta parte dos frutos da terra do Egito nos sete anos de fartura. 35Esses administradores deviam ajuntar toda a colheita dos bons anos que virão, recolher cereal por ordem de Faraó, para mantimento nas cidades, e guardá-lo em armazéns. 36Assim, o mantimento servirá para abastecer a terra nos sete anos da fome que haverá no Egito, para que a terra não seja destruída pela fome. 37O conselho agradou a Faraó e a todos os seus oficiais. 38Então Faraó perguntou aos seus oficiais: — Será que poderíamos achar alguém melhor do que José, um homem em quem está o Espírito de Deus? 39Depois, Faraó disse a José: — Visto que Deus revelou tudo isto a você, não há ninguém tão ajuizado e sábio como você. 40Você será o administrador da minha casa, e todo o meu povo obedecerá à sua palavra. Somente no trono eu serei maior do que você.

9Então o copeiro-chefe disse a Faraó: — Hoje me lembro das minhas ofensas. Conforme observado em Gênesis 40.23, o copeiro havia esquecido José. Todavia, na providência divina, Deus orquestra um tempo perfeito, superando os erros humanos.

14Então Faraó mandou chamar José, e o fizeram sair às pressas da masmorra. Ele se barbeou, mudou de roupa e foi apresentar-se a Faraó. Nesse contexto, barbear-se e trocar de roupas representam uma alteração em seu status social.

16José respondeu: — Isso não está em mim; mas Deus dará resposta favorável a Faraó. José enfatiza que a interpretação do sonho do Faraó está sob a autoridade e o favor de Deus.

25Então José respondeu: — O sonho de Faraó é apenas um; Deus revelou a Faraó o que ele vai fazer. 26As sete vacas boas serão sete anos; as sete espigas boas, também sete anos; o sonho é um só. 27As sete vacas magras e feias, que subiam após as primeiras, serão sete anos, bem como as sete espigas mirradas e queimadas pelo vento leste serão sete anos de fome. Deus é a fonte tanto do sonho quanto de sua interpretação; José é um intérprete inspirado, não um mágico.

28— Esta é a palavra, como acabo de dizer a Faraó: Deus manifestou a Faraó o que ele vai fazer. Deus soberanamente governa as nações, controlando sua economia e a própria vida.

Teologicamente, é notável como a predestinação, fortemente enfatizada no discurso, se alinha a um vigoroso chamado à ação. O fato de que Deus já determinou e agirá rapidamente é, precisamente, a razão pela qual líderes responsáveis devem agir com igual proporção.

33— Agora, pois, Faraó devia escolher um homem ajuizado e sábio e encarregá-lo de dirigir a terra do Egito. 34Faraó devia fazer isto: pôr administradores sobre a terra e recolher a quinta parte dos frutos da terra do Egito nos sete anos de fartura. 35Esses administradores deviam ajuntar toda a colheita dos bons anos que virão, recolher cereal por ordem de Faraó, para mantimento nas cidades, e guardá-lo em armazéns. 36Assim, o mantimento servirá para abastecer a terra nos sete anos da fome que haverá no Egito, para que a terra não seja destruída pela fome.

José assume um risco ao aconselhar o Faraó sem ter sido solicitado solicitado. Agindo com cautela, ele invoca a autoridade do Faraó e inteligentemente evita autopromoção. Sua interpretação, no entanto, já envolve um risco inerente.

Neste ponto, a sabedoria é definida como "discernimento". José pode estar alertando: "Que o Faraó não repita o mesmo erro, confiando em seus oficiais que falharam em “discernir” os sonhos!”.

37O conselho agradou a Faraó e a todos os seus oficiais. O Faraó, em um ato de sabedoria, acata as palavras de Deus e responde de forma apropriada.

38Então Faraó perguntou aos seus oficiais: — Será que poderíamos achar alguém melhor do que José, um homem em quem está o Espírito de Deus? O Espírito de Deus (Ruah) se manifesta de forma singular em indivíduos escolhidos, concedendo-lhes capacidades extraordinárias para edificar seu reino. Isso se concretiza por meio de ações como comandar exércitos, erguer o tabernáculo, profetizar e guiar o povo com sabedoria e discernimento. No caso de José, suas notáveis habilidades em interpretar sonhos e em planejar um curso de ação eficaz foram o que convenceram o Faraó da presença do Espírito de Deus nele.

39Depois, Faraó disse a José: — Visto que Deus revelou tudo isto a você, não há ninguém tão ajuizado e sábio como você. 40Você será o administrador da minha casa, e todo o

meu povo obedecerá à sua palavra. Somente no trono eu serei maior do que você. Após triunfar sobre os mais renomados sábios do Egito, José assume a total responsabilidade sobre toda a nação egípcia. Esta é uma poderosa história de vitória apesar da fraqueza, que encontra um eco na vitória de Cristo na cruz.


3. A administração de José (41.41-57)

41E Faraó disse mais a José: — Eis que eu o constituo autoridade sobre toda a terra do Egito. 42Então Faraó tirou o seu anel-sinete da mão e o pôs no dedo de José. Mandou que o vestissem com roupas de linho fino e lhe pôs no pescoço um colar de ouro. 43E o fez subir na sua segunda carruagem, e clamavam diante dele: “Inclinem-se todos!” Desse modo, deu-lhe autoridade sobre toda a terra do Egito. 44Disse ainda Faraó a José: — Eu sou Faraó, mas sem a sua ordem ninguém poderá fazer nada em toda a terra do Egito. 45E Faraó chamou José de Zafenate-Paneia e lhe deu por mulher Asenate, filha de Potífera, sacerdote de Om. E José percorreu toda a terra do Egito. 46José tinha trinta anos de idade quando se apresentou a Faraó, rei do Egito, e andou por toda a terra do Egito. 47Nos sete anos de fartura a terra produziu com abundância. 48E José ajuntou todo o mantimento que houve na terra do Egito durante os sete anos e o guardou nas cidades; o mantimento do campo ao redor de cada cidade foi guardado na mesma cidade. 49Assim, José ajuntou muitíssimo cereal, como a areia do mar, até perder a conta, porque ia além das medidas. 50Antes de chegar a fome, nasceram dois filhos a José, os quais lhe deu Asenate, filha de Potífera, sacerdote de Om. 51Ao primogênito José chamou de Manassés, pois disse: “Deus me fez esquecer todo o meu trabalho e toda a casa de meu pai.” 52Ao segundo deu o nome de Efraim, pois disse: “Deus me fez próspero na terra da minha aflição.” 53Passados os sete anos de abundância que houve na terra do Egito, 54começaram os sete anos de fome, como José havia predito. E havia fome em todas as terras, mas em toda a terra do Egito havia pão. 55Quando toda a terra do Egito começou a sentir a fome, o povo clamou a Faraó por pão; e Faraó dizia a todos os egípcios: — Vão falar com José e façam o que ele disser. 56Havendo, pois, fome sobre toda a terra, José abriu todos os celeiros e vendia aos egípcios; porque a fome aumentava na terra do Egito. 57E todas as terras vinham ao Egito para comprar de José, porque a fome aumentava em todo o mundo.

41E Faraó disse mais a José: — Eis que eu o constituo autoridade sobre toda a terra do Egito. José alcança a posição de vizir (primeiro-ministro), o cargo executivo mais elevado, imediatamente abaixo do faraó.

42Então Faraó tirou o seu anel-sinete da mão e o pôs no dedo de José. Mandou que o vestissem com roupas de linho fino e lhe pôs no pescoço um colar de ouro. 43E o fez subir na sua segunda carruagem, e clamavam diante dele: “Inclinem-se todos!” Desse modo, deu-lhe autoridade sobre toda a terra do Egito. 44Disse ainda Faraó a José: — Eu sou Faraó, mas sem a sua ordem ninguém poderá fazer nada em toda a terra do Egito. A posse de José pelo faraó foi marcada pela entrega do anel-selo, vestes de linho fino e um colar de ouro, com um cortejo em carruagem para José. Tais elementos são reconhecidos como símbolos de investidura no Egito.

45E Faraó chamou José de Zafenate-Paneia e lhe deu por mulher Asenate, filha de Potífera, sacerdote de Om. E José percorreu toda a terra do Egito. A imposição de um novo nome a José representa sua nova identidade e valida sua posição no Egito, sublinhando a autoridade superior do Faraó. De escravo, José ascende a vizir egípcio, espelhando o papel de Daniel na Babilônia. Ambos assumem nomes pagãos, mas sem aderir à religião pagã.

45... sacerdote de Om. O sumo sacerdote de Om, embora detivesse o prestigiado título de "Maior dos videntes", ocupava uma posição mais política do que espiritual. Consequentemente, José desposou uma mulher da alta nobreza egípcia.

No Egito, José adaptou sua aparência, mas não os seus princípios. Ele aceitou vestes, nome e educação pagãos. Contudo, José jamais violou a lei eterna de Deus que estava gravada em seu coração.

46José tinha trinta anos de idade quando se apresentou a Faraó, rei do Egito, e andou por toda a terra do Egito. A ascensão de José ao poder ocorreu em apenas 13 anos. A competência e a lealdade inabalável de José são a resposta direta à bênção de Deus.

Nessa narrativa, José é apresentado como um personagem que personifica as virtudes valorizadas e exaltadas pelos escritores bíblicos: a paciência diante do sofrimento injusto; a lealdade inabalável frente a ameaças à sua posição e à própria vida; e sinceridade perante a autoridade.

Todavia, o cerne desta narrativa não reside em José, mas sim na inabalável fidelidade de Deus às Suas promessas, manifestada através de atos providenciais e dons carismáticos. Após treze anos de amargura, Deus, de forma súbita, eleva o fiel José a uma posição de proeminência, diretamente sobre todo o Egito e, indiretamente, sobre o mundo. Para isso, concede-lhe carismaticamente sabedoria sobrenatural e o espírito de um verdadeiro estadista.

50Antes de chegar a fome, nasceram dois filhos a José, os quais lhe deu Asenate, filha de Potífera, sacerdote de Om. 51Ao primogênito José chamou de Manassés, pois disse: “Deus me fez esquecer todo o meu trabalho e toda a casa de meu pai.” 52Ao segundo deu o nome de Efraim, pois disse: “Deus me fez próspero na terra da minha aflição.” A menção ao nascimento dos dois filhos de José não é mera coincidência, mas um detalhe crucial. Os nomes de ambos os filhos são uma exaltação a Deus: o primeiro pela preservação, e o segundo pela bênção. Esses nomes celebram a nova fase na vida de José, marcando o fim de seu passado e o potencial de um novo começo.

A trajetória de José, de escravo a primeiro-ministro, reflete a jornada de Israel, de um povo fugitivo do Egito a uma grande nação sob Davi e Salomão. Da mesma forma, espelha a história de Jesus, da manjedoura à exaltação à direita de Deus. Este padrão de humildade e subsequente exaltação é um modelo para todos os fiéis e sublinha que o sucesso não advém da habilidade humana, mas da providência divina.

57E todas as terras vinham ao Egito para comprar de José, porque a fome aumentava em todo o mundo. Este versículo serve de ligação para o evento seguinte, quando os irmãos de José chegam ao Egito.

José se encontra em uma encruzilhada, onde precisa navegar entre a influência do poder imperial e a presença divina. Ele percebe que, embora o poder secular seja forte e represente um perigo, não é inerentemente mau. Contudo, José compreende que, por mais imponente que seja, o poder temporal não detém o controle sobre o futuro.


Assentado a direita de Deus

Efésios 1.20 Ele exerceu esse poder em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e fazendo-o sentar à sua direita nas regiões celestiais, 21acima de todo principado, potestade, poder, domínio e de todo nome que se possa mencionar, não só no presente século, mas também no vindouro. 22E sujeitou todas as coisas debaixo dos pés de Cristo e, para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à igreja, 23a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas.

Paulo cita o Salmo 8:6 e afirma que Cristo está acima de todos os poderes. Cristo reina supremo no universo. Ele é o governante proeminente e de plena autoridade sobre todas as coisas. Paulo destaca a significância da igreja no plano de redenção de Deus: Ela é o ponto central do governo e da presença de Cristo no universo.

José prefigura Jesus - a sabedoria de Deus - que surpreendentemente é elevado da cruz para governar o mundo.

Assim como todos tiveram que se curvar perante José “cada joelho se dobrará perante o nome de Jesus” (Fp 2.10).

Estar assentado, por sua própria natureza, implica autoridade. A Bíblia detalha os diferentes níveis de autoridade.

1. Autoridade civil.

Romanos 13.1 Que todos estejam sujeitos às autoridades superiores. Porque não há autoridade que não proceda de Deus, e as autoridades que existem foram por ele instituídas.

2. Autoridade no lar.

Efésios 5.22 Esposas, que cada uma de vocês se sujeite a seu próprio marido, como ao Senhor; 23porque o marido é o cabeça da esposa, como também Cristo é o cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo.

3. Autoridade da igreja.

Mateus 18.17 E, se ele se recusar a ouvir essas pessoas, exponha o assunto à igreja; e, se ele se recusar a ouvir também a igreja, considere-o como gentio e publicano. 18 — Em verdade lhes digo que tudo o que ligarem na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que desligarem na terra terá sido desligado nos céus.

4. Autoridade dos presbíteros.

Hebreus 13.17 Obedeçam aos seus líderes e sejam submissos a eles, pois zelam pela alma de vocês, como quem deve prestar contas. Que eles possam fazer isto com alegria e não gemendo; do contrário, isso não trará proveito nenhum para vocês.

Cada uma dessas autoridades tem uma coisa em comum: estão sujeitas à autoridade de Cristo exercida por meio de sua palavra escrita, a saber, a Escritura Sagrada.

2 Timóteo 3.16 Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, 17a fim de que o servo de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.

Autoridade desfrutada

Gênesis 41.40 Você será o administrador da minha casa, e todo o meu povo obedecerá à sua palavra. Somente no trono eu serei maior do que você.

Cristo assumiu o governo da Igreja, do céu e da terra, e iniciou a administração real e concreta do poder que lhe foi confiado. Jesus não apenas recebeu passivamente o domínio, o poder, a majestade e a glória divina, mas está ativamente engajado na continuidade de sua obra.

  • ●  Deus - Ele governa e protege sua Igreja por meio de seu Espírito e de seus oficiais designados. Ele também tem controle sobre os poderes celestiais, exerce autoridade sobre as forças da natureza e sobre todos os poderes que se opõem ao seu reino, e continuará a reinar até que o último inimigo seja subjugado.

  • ●  Graça - Cristo apresenta continuamente ao Pai seu sacrifício consumado, que serve de base para a concessão da graça perdoadora de Deus. Ele aplica e torna eficaz sua obra sacrificial na justificação e santificação dos pecados. Além disso, Cristo intercede constantemente por seus seguidores, rogando por sua aceitação, fundamentada em seu sacrifício, e por sua segurança no mundo.

●  Homem - Cristo prossegue sua obra profética por meio do Espírito Santo. Antes de se despedir dos discípulos, Ele lhes prometeu o Espírito Santo, que os auxiliaria, ensinaria as verdades do reino, os guiaria em toda a verdade e os enriqueceria com a plenitude de Cristo. Essa promessa se cumpriu no dia de Pentecostes; e, desde então, Cristo, por intermédio do Espírito, tem agido e continua a agir como nosso grande Profeta de diversas maneiras: inspirando a Escritura; na pregação dos apóstolos e dos ministros da Palavra; na direção da Igreja, tornando-a coluna e baluarte da verdade; e conferindo eficácia à verdade nos corações e na vida dos crentes.


Conclusão

A fidelidade de Deus se manifesta na elevação de José, de escravo a primeiro-ministro do Egito, prefigurando a exaltação de Cristo. Independentemente das circunstâncias, o plano divino se cumpre,capacitando José com sabedoria para governar e salvar nações da fome, assim como Cristo governa o universo e provê salvação. O êxito não vem da habilidade humana, mas da providência divina e da obediência à autoridade de Deus.




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Justo e Justificador

Discipulado: Como discipular?

Substituição