Descanso
Gênesis 46.1Israel partiu com tudo o que possuía. E chegou a Berseba e ofereceu sacrifícios ao Deus de Isaque, seu pai. 2Deus falou a Israel em visões, de noite, e disse: — Jacó! Jacó! Ele respondeu: — Eis-me aqui! 3Então disse: — Eu sou Deus, o Deus do seu pai. Não tenha medo de ir para o Egito, porque lá eu farei de você uma grande nação. 4Eu irei com você para o Egito e certamente farei com que você volte de lá. A mão de José fechará os seus olhos. 5Então Jacó saiu de Berseba. Os filhos de Israel levaram seu pai Jacó, os filhinhos e as mulheres deles nas carretas que Faraó havia mandado para o levar. 6Levaram o gado e os bens que haviam adquirido na terra de Canaã e foram para o Egito, Jacó e toda a sua descendência. 7Seus filhos e os filhos de seus filhos, suas filhas e as filhas de seus filhos e toda a sua descendência, levou-os consigo para o Egito. 8São estes os nomes dos filhos de Israel, Jacó, e seus filhos, que foram para o Egito: Rúben, o primogênito de Jacó. 9Os filhos de Rúben: Enoque, Palu, Hezrom e Carmi. 10Os filhos de Simeão: Jemuel, Jamim, Oade, Jaquim, Zoar e Saul, filho de uma mulher cananeia. 11Os filhos de Levi: Gérson, Coate e Merari. 12Os filhos de Judá: Er, Onã, Selá, Perez e Zera; Er e Onã, porém, morreram na terra de Canaã. Os filhos de Perez foram Hezrom e Hamul. 13Os filhos de Issacar: Tola, Puva, Jó e Sinrom. 14Os filhos de Zebulom: Serede, Elom e Jaleel. 15São estes os filhos de Lia, que ela teve com Jacó em Padã-Arã, além de Diná, sua filha. Ao todo os seus filhos e as suas filhas eram trinta e três pessoas. 16Os filhos de Gade: Zifiom, Hagi, Suni, Esbom, Eri, Arodi e Areli. 17Os filhos de Aser: Imna, Isvá, Isvi, Berias e Sera, irmã deles. Os filhos de Berias foram Héber e Malquiel. 18São estes os filhos de Zilpa, a qual Labão deu à sua filha Lia; estes ela teve com Jacó, a saber, dezesseis pessoas. 19Os filhos de Raquel, mulher de Jacó: José e Benjamim. 20A José, na terra do Egito, nasceram Manassés e Efraim. São os filhos que teve com Asenate, filha de Potífera, sacerdote de Om. 21Os filhos de Benjamim: Belá, Bequer, Asbel, Gera, Naamã, Eí, Rôs, Mupim, Hupim e Arde. 22São estes os filhos de Raquel, que nasceram a Jacó, ao todo catorze pessoas. 23O filho de Dã: Husim. 24Os filhos de Naftali: Jazeel, Guni, Jezer e Silém. 25São estes os filhos de Bila, a qual Labão deu à sua filha Raquel; e estes ela teve com Jacó, ao todo sete pessoas. 26Todos os que foram com Jacó para o Egito, que eram os seus descendentes, fora as mulheres dos filhos de Jacó, eram sessenta e seis pessoas. 27E os filhos de José, que lhe nasceram no Egito, eram dois. Todas as pessoas da casa de Jacó, que entraram no Egito, foram setenta. 28Jacó enviou Judá adiante de si a José para que soubesse encaminhá-lo a Gósen. E chegaram à terra de Gósen. 29Então José aprontou a sua carruagem e foi ao encontro de Israel, seu pai, a Gósen. Apresentou-se, lançou-se ao pescoço do pai e chorou assim longo tempo. 30Israel disse a José: — Já posso morrer, pois vi o seu rosto e sei que você ainda está vivo. 31E José disse a seus irmãos e à casa de seu pai: — Partirei e darei a notícia a Faraó, dizendo: “Meus irmãos e a casa de meu pai, que estavam na terra de Canaã, vieram para junto de mim. 32Os homens são pastores, criadores de gado, e trouxeram consigo o seu rebanho, o seu gado e tudo o que têm.” 33Quando, pois, Faraó mandar chamá-los e perguntar: “Qual é o trabalho de vocês?”, 34respondam: “Estes seus servos foram criadores de gado desde a mocidade até agora, tanto nós como os nossos pais.” Assim, vocês poderão morar na terra de Gósen, porque todo pastor de rebanho é abominação para os egípcios. 47.1 Então José foi e deu a notícia a Faraó: — O meu pai e os meus irmãos, com os seus rebanhos e o seu gado, com tudo o que têm, chegaram da terra de Canaã; e eis que estão na terra de Gósen. 2E levou cinco dos seus irmãos e os apresentou a Faraó. 3Então Faraó perguntou aos irmãos de José: — Qual é o trabalho de vocês? Eles responderam: — Nós, seus servos, somos pastores de rebanho, como já foram os nossos pais. 4Disseram mais a Faraó: — Viemos para morar nesta terra, porque na terra de Canaã não há pasto para o rebanho destes seus servos, pois a fome é severa. E agora pedimos que o senhor permita que estes seus servos morem na terra de Gósen. 5Então Faraó disse a José: — Seu pai e seus irmãos vieram para junto de você. 6A terra do Egito está à sua disposição. Faça com que seu pai e seus irmãos se estabeleçam na melhor região da terra; que morem na terra de Gósen. Se souber que há no meio deles homens capazes, ponha-os por responsáveis pelo gado que me pertence. 7José levou Jacó, seu pai, e o apresentou a Faraó; e Jacó abençoou Faraó. 8Então Faraó perguntou a Jacó: — Quantos anos o senhor já tem? 9Jacó lhe respondeu: — São cento e trinta anos de peregrinação. Foram poucos e maus os anos de minha vida e não chegam aos anos de vida de meus pais, nos dias das suas peregrinações. 10Depois Jacó abençoou Faraó e saiu de sua presença. 11Então José estabeleceu seu pai e seus irmãos e lhes deu propriedades na terra do Egito, no melhor da terra, na terra de Ramessés, como Faraó havia ordenado. 12E José providenciou alimento para seu pai, seus irmãos e toda a casa de seu pai, segundo o número de seus filhos.
A passagem apresenta a nação de Israel em estado embrionário unida sob o patriarcado de Jacó e a regência de José. A tensão da passagem gira em torno da pergunta a respeito da capacidade da nação vulnerável de assentar-se e descansar em isolamento pacífico no Egito.
José articula seu plano de apresentar a família ao Faraó como pastores, para que este os assente em Gósen. A narrativa alcança o auge quando o patriarca se encontra com o Faraó. No desfecho, José executa as diretrizes do Faraó e acomoda os israelitas na terra, onde todas as suas necessidades são satisfeitas. Com a iniciativa e a aprovação plena do Faraó, os filhos de Jacó são assentados seguros e alimentados em Gósen, o melhor da terra do Egito. Essa cena termina com a nação inexperiente aninhada seguramente no início do exílio no Egito. No início do episódio, Deus promete transformar Jacó em uma grande nação no Egito (Gn 46.3). No final da passagem, ele efetua seu assentamento no local ideal por meio da administração inteligente de José. A família finalmente encontrou seu descanso em Gósen, ainda que permanecendo como refugiados.
O descanso, de acordo com a Escritura, é um estado em que a vida floresce de modo pleno - espiritual, física e socialmente. É um lugar de descanso, de shalom. Por isso, Jesus afirmou ser o Senhor do sábado – do descanso. De que maneira o assentamento de Israel em Gósen, sob a administração de José e a aprovação do Faraó, prefigura o descanso que Deus promete ao seu povo, mesmo em meio ao "exílio" neste mundo?
A análise do texto busca paralelos entre essa narrativa e o povo de Deus atual, tratando de temas como secularização, identidade cristã e o significado do "descanso" prometido por Deus.
O exílio de Jacó
A passagem descreve três estágios do exílio da nação: a promessa de Deus, o encontro com José e o assentamento em Gósen.
1. Deus encontra Jacó (46.1-27)
46.1Israel partiu com tudo o que possuía. E chegou a Berseba e ofereceu sacrifícios ao Deus de Isaque, seu pai. 2Deus falou a Israel em visões, de noite, e disse: — Jacó! Jacó! Ele respondeu: — Eis-me aqui! 3Então disse: — Eu sou Deus, o Deus do seu pai. Não tenha medo de ir para o Egito, porque lá eu farei de você uma grande nação. 4Eu irei com você para o Egito e certamente farei com que você volte de lá. A mão de José fechará os seus olhos. 5Então Jacó saiu de Berseba. Os filhos de Israel levaram seu pai Jacó, os filhinhos e as mulheres deles nas carretas que Faraó havia mandado para o levar. 6Levaram o gado e os bens que haviam adquirido na terra de Canaã e foram para o Egito, Jacó e toda a sua descendência. 7Seus filhos e os filhos de seus filhos, suas filhas e as filhas de seus filhos e toda a sua descendência, levou-os consigo para o Egito. 8São estes os nomes dos filhos de Israel, Jacó, e seus filhos, que foram para o Egito: Rúben, o primogênito de Jacó. 9Os filhos de Rúben: Enoque, Palu, Hezrom e Carmi. 10Os filhos de Simeão: Jemuel, Jamim, Oade, Jaquim, Zoar e Saul, filho de uma mulher cananeia. 11Os filhos de Levi: Gérson, Coate e Merari. 12Os filhos de Judá: Er, Onã, Selá, Perez e Zera; Er e Onã, porém, morreram na terra de Canaã. Os filhos de Perez foram Hezrom e Hamul. 13Os filhos de Issacar: Tola, Puva, Jó e Sinrom. 14Os filhos de Zebulom: Serede, Elom e Jaleel. 15São estes os filhos de Lia, que ela teve com Jacó em Padã-Arã, além de Diná, sua filha. Ao todo os seus filhos e as suas filhas eram trinta e três pessoas. 16Os filhos de Gade: Zifiom, Hagi, Suni, Esbom, Eri, Arodi e Areli. 17Os filhos de Aser: Imna, Isvá, Isvi, Berias e Sera, irmã deles. Os filhos de Berias foram Héber e Malquiel. 18São estes os filhos de Zilpa, a qual Labão deu à sua filha Lia; estes ela teve com Jacó, a saber, dezesseis pessoas. 19Os filhos de Raquel, mulher de Jacó: José e Benjamim. 20A José, na terra do Egito, nasceram Manassés e Efraim. São os filhos que teve com Asenate, filha de Potífera, sacerdote de Om. 21Os filhos de Benjamim: Belá, Bequer, Asbel, Gera, Naamã, Eí, Rôs, Mupim, Hupim e Arde. 22São estes os filhos de Raquel, que nasceram a Jacó, ao todo catorze pessoas. 23O filho de Dã: Husim. 24Os filhos de Naftali: Jazeel, Guni, Jezer e Silém. 25São estes os filhos de Bila, a qual Labão deu à sua filha Raquel; e estes ela teve com Jacó, ao todo sete pessoas. 26Todos os que foram com Jacó para o Egito, que eram os seus descendentes, fora as mulheres dos filhos de Jacó, eram sessenta e seis pessoas. 27E os filhos de José, que lhe nasceram no Egito, eram dois. Todas as pessoas da casa de Jacó, que entraram no Egito, foram setenta.
46.1Israel partiu com tudo o que possuía. E chegou a Berseba e ofereceu sacrifícios ao Deus de Isaque, seu pai. O sacrifício no altar funciona para estabelecer a comunhão entre Deus e o adorador, e para estabelecer o ambiente espiritual certo para a visão que segue. Em hebreus Jesus é apresentado como o sacrifício perfeito que garante o acesso perfeito dos crentes à presença santa de Deus (Hb 10.19-22).
2Deus falou a Israel em visões, de noite, e disse: — Jacó! Jacó! Ele respondeu: — Eis-me aqui! A revelação de Deus aqui se assemelha a sua revelação a Jacó em Betel (28.10-22).
3... Eu sou Deus, o Deus do seu pai. Ao adorar no altar que Isaque construiu, Jacó demonstra que ele adora o mesmo Deus de seus pais. A comunhão entre Deus e Jacó nessa ocasião gira em torno das promessas de Deus aos patriarcas. Mais especificamente, ele busca a garantia divina de que Deus estará com a semente eleita dos patriarcas também fora da Terra Prometida.
3... Não tenha medo de ir para o Egito... Jacó está inquieto em relação à migração da Terra Prometida para o Egito, uma terra cheia de perigos e longe da bênção de Deus.
3... porque lá eu farei de você uma grande nação. 4Eu irei com você para o Egito e certamente farei com que você volte de lá. Mais uma vez, ao deixar a Terra Prometida, Deus promete a Jacó que estará com ele e que o trará de volta. Deus será a escolta de Jacó em sua descida para o Egito, assim como o foi quando ele subiu para o norte até Harã.
A promessa inclui o compromisso de Deus de dar aos patriarcas a terra de Canaã. O Egito é o ventre que Deus usa para gerar a sua nação santa.
Essa é a última fala documentada de Deus aos patriarcas. Ela forma uma prévia da história de Israel na terra do Egito. A próxima revelação de Deus será a revelação a Moisés, junto à sarça ardente (Êx 3.1-4.17), cerca de 430 anos depois.
5Então Jacó saiu de Berseba. Os filhos de Israel levaram seu pai Jacó, os filhinhos e as mulheres deles nas carretas que Faraó havia mandado para o levar. Jacó depende da provisão e da proteção de Deus. As promessas não se realizarão por meio da força humana, mas por meio da graça divina. Seus filhos assumem agora o controle para realizar a migração.
6Levaram o gado e os bens que haviam adquirido na terra de Canaã e foram para o Egito, Jacó e toda a sua descendência. 7Seus filhos e os filhos de seus filhos, suas filhas e as filhas de seus filhos e toda a sua descendência, levou-os consigo para o Egito. A migração é total e de longo prazo, mas não definitiva.
8São estes os nomes dos filhos de Israel, Jacó, e seus filhos, que foram para o Egito... Os filhos de Jacó são uma nação em miniatura. A promessa do versículo 3 já está sendo cumprida em estado embrionário.
19Os filhos de Raquel, mulher de Jacó: José e Benjamim. Raquel recebe um status superior na genealogia. Apenas ela é chamada de esposa de Jacó e é a única que recebe um título.
27E os filhos de José, que lhe nasceram no Egito, eram dois. Todas as pessoas da casa de Jacó, que entraram no Egito, foram setenta. A família de Jacó emergirá novamente daquilo que se tornará um exílio difícil no Egito.
Essa genealogia mostra os relacionamentos dos membros da família de Jacó. O narrador está mais preocupado com a ideologia do que com a precisão histórica. Ele apresenta Israel como o número perfeito e representativo das nações a serem abençoadas por meio de Israel. As genealogias bíblicas, como um gênero literário, são evidentemente idealistas, fornecendo informações reais sobre personagens reais, mesmo assim, não foram escritas segundo o rigor da historiografia legal - não pretendem ser precisas em termos de números ou datas.
2. José reencontra Israel em Gósen (46.28-30)
28Jacó enviou Judá adiante de si a José para que soubesse encaminhá-lo a Gósen. E chegaram à terra de Gósen. 29Então José aprontou a sua carruagem e foi ao encontro de Israel, seu pai, a Gósen. Apresentou-se, lançou-se ao pescoço do pai e chorou assim longo tempo. 30Israel disse a José: — Já posso morrer, pois vi o seu rosto e sei que você ainda está vivo.
28Jacó enviou Judá adiante de si a José para que soubesse encaminhá-lo a Gósen. E chegaram à terra de Gósen. Judá está assumindo a liderança. Ironicamente, Judá, que assumiu a responsabilidade por ter separado José de Jacó (37.26), foi encarregado agora com a organização do reencontro.
29Então José aprontou a sua carruagem e foi ao encontro de Israel, seu pai, a Gósen. Apresentou- se, lançou-se ao pescoço do pai e chorou assim longo tempo. Vemos aqui não um estadista exaltado à espera de seus servos, mas um filho ansioso correndo para saudar seu pai. O filho que Israel acreditava estar morto há mais de 20 anos agora está diante dele.
Apresentou-se, lançou-se ao pescoço do pai e chorou assim longo tempo. Israel viajou ao Egito para ver seu filho, cuja perda o deixou em estado de luto por mais de 20 anos. José abre mão de sua posição exaltada e salta em sua carruagem para ir ao encontro de seu pai. Pai e filho, até então separados, correm para se encontrarem e se abraçarem, como o pai e seu filho pródigo (Lc 15.24).
A longa espera, repleta de dúvidas, dores e sofrimentos provenientes destes anos de separação, são dramaticamente expostos nas poucas palavras do narrador inspirado.
30Israel disse a José: — Já posso morrer, pois vi o seu rosto e sei que você ainda está vivo. O homem que temia que seus filhos o levariam à sepultura com tristeza, agora, em pranto pode morrer em paz. Ele viverá mais 17 anos.
3. Jacó abençoa o Faraó (46.31-47.10)
31E José disse a seus irmãos e à casa de seu pai: — Partirei e darei a notícia a Faraó, dizendo: “Meus irmãos e a casa de meu pai, que estavam na terra de Canaã, vieram para junto de mim. 32Os homens são pastores, criadores de gado, e trouxeram consigo o seu rebanho, o seu gado e tudo o que têm.” 33Quando, pois, Faraó mandar chamá-los e perguntar: “Qual é o trabalho de vocês?”, 34respondam: “Estes seus servos foram criadores de gado desde a mocidade até agora, tanto nós como os nossos pais.” Assim, vocês poderão morar na terra de Gósen, porque todo pastor de rebanho é abominação para os egípcios. 47.1 Então José foi e deu a notícia a Faraó: — O meu pai e os meus irmãos, com os seus rebanhos e o seu gado, com tudo o que têm, chegaram da terra de Canaã; e eis que estão na terra de Gósen. 2E levou cinco dos seus irmãos e os apresentou a Faraó. 3Então Faraó perguntou aos irmãos de José: — Qual é o trabalho de vocês? Eles responderam: — Nós, seus servos, somos pastores de rebanho, como já foram os nossos pais. 4Disseram mais a Faraó: — Viemos para morar nesta terra, porque na terra de Canaã não há pasto para o rebanho destes seus servos, pois a fome é severa. E agora pedimos que o senhor permita que estes seus servos morem na terra de Gósen. 5Então Faraó disse a José: — Seu pai e seus irmãos vieram para junto de você. 6A terra do Egito está à sua disposição. Faça com que seu pai e seus irmãos se estabeleçam na melhor região da terra; que morem na terra de Gósen. Se souber que há no meio deles homens capazes, ponha-os por responsáveis pelo gado que me pertence. 7José levou Jacó, seu pai, e o apresentou a Faraó; e Jacó abençoou Faraó. 8Então Faraó perguntou a Jacó: — Quantos anos o senhor já tem? 9Jacó lhe respondeu: — São cento e trinta anos de peregrinação. Foram poucos e maus os anos de minha vida e não chegam aos anos de vida de meus pais, nos dias das suas peregrinações. 10Depois Jacó abençoou Faraó e saiu de sua presença. 11Então José estabeleceu seu pai e seus irmãos e lhes deu propriedades na terra do Egito, no melhor da terra, na terra de Ramessés, como Faraó havia ordenado. 12E José providenciou alimento para seu pai, seus irmãos e toda a casa de seu pai, segundo o número de seus filhos.
31E José disse a seus irmãos e à casa de seu pai: — Partirei e darei a notícia a Faraó, dizendo: “Meus irmãos e a casa de meu pai, que estavam na terra de Canaã, vieram para junto de mim. 32Os homens são pastores, criadores de gado, e trouxeram consigo o seu rebanho, o seu gado e tudo o que têm.” José tomou todo o cuidado para garantir que o Faraó concedesse à sua família a ordem de se assentar em Gósen.
34... Assim, vocês poderão morar na terra de Gósen, porque todo pastor de rebanho é abominação para os egípcios. Embora os pastores sejam detestáveis aos egípcios, José quer isolar sua família, para que ela preserve sua identidade única até as promessas patriarcais se cumprirem.
1 Então José foi e deu a notícia a Faraó: — O meu pai e os meus irmãos, com os seus rebanhos e o seu gado, com tudo o que têm, chegaram da terra de Canaã; e eis que estão na terra de Gósen. José enfatiza que sua família é uma família de pastores, para garantir ao Faraó que ela não buscará ambições sociais ou políticas, e para preservá-la de um modo de vida estranho e da miscigenação com os egípcios.
O problema da miscigenação cultural e do sincretismo acompanhou Israel ao longo de toda a sua história. O apóstolo João advertiu os crentes em suas cartas a respeito dos perigos de assimilar ideias estranhas ao ensino apostólico. Atualmente, esse é um dos maiores perigos para o povo de Deus: a secularização. O povo de Deus começa a absorver e adotar métodos e práticas que são retirados de uma cultura que a todo momento rejeita o próprio Deus e sua palavra. A secularização deixa marcas indeléveis de sua presença na vida dos crentes, as mais marcantes são: o pragmatismo, o nominalismo, o sincretismo e o misticismo.
Mark Dever admite: “Precisamos de igrejas que são conscientemente distintas de nossa cultura. Precisamos de igrejas cujo principal indicador de sucesso não seja resultados evidentes, e sim fidelidade bíblica perseverante. Precisamos de igrejas que nos ajudem a recuperar aqueles aspectos do cristianismo que são distintos do mundo e que nos unem”.
2E levou cinco dos seus irmãos e os apresentou a Faraó. José adia a apresentação de seu pai ao Faraó, possivelmente para evitar o embaraço de obriga-lo a pedir um favor como fizeram seus irmãos.
5Então Faraó disse a José: — Seu pai e seus irmãos vieram para junto de você. 6A terra do Egito está à sua disposição. Faça com que seu pai e seus irmãos se estabeleçam na melhor região da terra; que morem na terra de Gósen. Os pronunciamentos e as diretrizes do Faraó para a família devem-se a seu favor para com José e à sua posição como seu vizir. O Faraó demonstra hospitalidade como serviço ao homem (José) que o salvou. Assim, os cristãos também demonstram hospitalidade como seu serviço a seu Salvador.
Ainda que a hospitalidade possa parecer uma prática em desuso nos dias de hoje, o princípio subjacente a ela permanece relevante. Os crentes são incentivados a se engajarem mutuamente em diversas esferas de suas vidas. Comunidades cristãs saudáveis são caracterizadas pelo cuidado, provisão, intercessão, disciplina e admoestação, entre outros aspectos.
6... Se souber que há no meio deles homens capazes, ponha-os por responsáveis pelo gado que me pertence. Dentro de sua própria profissão, os irmãos de José podem se desenvolver na administração real do Faraó e gozar dos privilégios e da proteção que normalmente não são concedidos a estrangeiros.
A contrapartida do isolamento e da separação dos irmãos de José na terra de Gósen é que eles poderão servir ao Egito com seus talentos. Como maneira de conter a secularização, os crentes não podem tornar-se estranhos as pessoas da terra. Eles são chamados a servir e se envolver com todos os aspectos da vida social da humanidade, e influenciar para que a cultura experimente mudanças causadas pela sua presença.
Tim Keller explica: “exercemos impacto em prol do evangelho se formos iguais às pessoas ao redor e ao mesmo tempo profundamente diferentes delas”. Devemos ser iguais aos nossos vizinhos na maneira de vestir, alimentar, se divertir, no trabalho, nas atividades culturais e civis. Por outro lado, diferentes, na integridade, generosidade, hospitalidade, solidariedade e serviço.
7José levou Jacó, seu pai, e o apresentou a Faraó; e Jacó abençoou Faraó. O patriarca, portador da promessa de Deus de transformar-se em uma grande nação, encontra o senhor do Egito, contrastando vividamente dois estilos de vida. O Faraó está seguro e realizado, mas, ao mesmo tempo, dependente da bênção de Deus. Jacó é precário e completamente dependente da boa vontade do Faraó, e é o detentor da bênção divina.
7... Jacó abençoou Faraó. Isso poderia ser traduzido como “saudou”. Esse tipo de saudação inclui pronunciamentos de bênçãos.
8Então Faraó perguntou a Jacó: — Quantos anos o senhor já tem? Os egípcios preocupavam-se com a morte, enquanto os faraós, que professavam ser eternos, buscavam imortalizar seus corpos. Jacó, excede a duração de vida ideal dos egípcios de 110 anos. Sua idade deixa o Faraó impressionado.
9Jacó lhe respondeu: — São cento e trinta anos de peregrinação. Foram poucos e maus os anos de minha vida e não chegam aos anos de vida de meus pais, nos dias das suas peregrinações. Jacó anuncia sua estadia/identidade no Egito como peregrino. Esse peregrino, com uma existência precária e sem terra, nunca questiona a promessa de Deus relaciona a terra. Ele está em uma peregrinação para a cidade celestial.
10Depois Jacó abençoou Faraó e saiu de sua presença. O patriarca “se despediu”, novamente com o pronunciamento de bênçãos.
11Então José estabeleceu seu pai e seus irmãos e lhes deu propriedades na terra do Egito, no melhor da terra, na terra de Ramessés, como Faraó havia ordenado. 12E José providenciou alimento para seu pai, seus irmãos e toda a casa de seu pai, segundo o número de seus filhos. As propriedades referem-se a posse inalienável, recebida de uma pessoa com a autoridade para conceder.
O descanso de Deus
Hebreus 4.9 Portanto, resta um repouso sabático para o povo de Deus. 10Porque aquele que entrou no descanso de Deus, também ele mesmo descansou de suas obras, como Deus descansou das suas.
O autor de Hebreus liga o conceito de “descanso” com de um “sábado” escatológico, quando Deus restaurará seu povo e a criação decaída ao seu plano original para eles. A perspectiva de desfrutar do descanso no futuro é uma motivação para os crentes, vislumbrando o livramento futuro da luta e da perseguição como se fosse uma realidade presente.
A história da raça humana consiste em exílio e em um anseio por retornar para a terra prometida. A sociedade é um Egito impregnado de egoísmo, vanglória e orgulho. O mundo em seu estado atual não é o nosso lar verdadeiro. Fomos criados para um lugar sem morte nem separação do amor, sem decadência, doenças e envelhecimento. Somos, portanto, exilados e estrangeiros aqui.
A raça humana abandonou a Deus para viver por conta própria; nossos primeiros pais foram expulsos do jardim de Deus e banidos da face de Deus, em cuja presença está nosso descanso verdadeiro. Estamos alienados de Deus, de nosso verdadeiro eu, uns dos outros e do ambiente da criação.
Como a criação pode ser curada e restaurada? Como a morte e a decadência podem ser vencidas?". O evangelho responde a essas perguntas ao afirmar que Jesus deixa seu verdadeiro descanso-lar (Fp 2.6,7), nasce em um lugar distante da casa de seus pais humanos, vagueia sem um lugar para repousar a cabeça (Mt 8.20) e, por fim, é crucificado fora dos portões da cidade, em sinal de exílio e de rejeição (Hb 13.11,12). Ele toma o nosso lugar e experimenta o exílio - o estado de afastamento - que a raça humana merece. Ele é expulso para que nós possamos ser levados para casa - a morte e a ressurreição de Jesus são o supremo êxodo e a suprema fuga do exílio. Quando Jesus ressurge do túmulo, ele destrói o poder da morte e se torna antegozo vivo dos novos céus e da nova terra que serão nosso lar verdadeiro.
Descansando das obras
3Então disse: — Eu sou Deus, o Deus do seu pai. Não tenha medo de ir para o Egito, porque lá eu farei de você uma grande nação. 4Eu irei com você para o Egito e certamente farei com que você volte de lá. A mão de José fechará os seus olhos.
As três ênfases teológicas de Gênesis:
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● Deus é o verdadeiro administrador e governador da terra do Egito. Ele guia Jacó para o exílio e prepara um lugar de descanso para seu povo. Deus estabeleceu nosso descanso ao repousar de suas obras e o reorientou ao enviar Jesus, o Senhor do sábado. A cada domingo, seu povo é convocado a celebrar e proclamar a chegada definitiva do descanso de suas obras.
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● GRAÇA - Deus restituiu o filho de Jacó e lhe proveu um lugar de descanso. Israel experimentou a bondosa graça divina em sua vida. A Bíblia declara que, pela pura e soberana graça de Deus, os crentes receberam as promessas divinas e desfrutam das bênçãos decorrentes da ressurreição de Cristo.
● HOMEM - A nação de Israel estava aprendendo a responder a Deus corretamente, a mudança de comportamento pode ser resultado do estímulo egoísta do coração, ou por meio da força bruta da lei. Nestes casos, não existe descanso. O evangelho fornece a única maneira correta de responder a Deus: “sou plenamente aceito e salvo em Jesus pela graça, portanto obedeço”. Descansamos então, finalmente, de nossas obras.
Conclusão
A história de Jacó no Egito, liderada por José, é uma prefiguração do descanso divino para o povo de Deus. Ela demonstra que Deus é o verdadeiro provedor e que o descanso espiritual é alcançado pela graça em Cristo, resultando em obediência genuína. A permanência de Israel em Gósen, mesmo no exílio, simboliza o descanso escatológico futuro.
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