Soberania



Gênesis 45.1Então José, não conseguindo se conter diante de todos os que estavam com ele, gritou: — Saiam todos da minha presença! E ninguém ficou com ele, quando José se deu a conhecer a seus irmãos. 2E levantou a voz em choro, de maneira que os egípcios o ouviam e também a casa de Faraó. 3E disse a seus irmãos: — Eu sou José. Meu pai ainda está vivo? E seus irmãos não lhe puderam responder, de tão assustados que ficaram diante dele. 4E José disse aos seus irmãos: — Agora cheguem perto de mim. E eles chegaram. Então ele disse: — Eu sou José, o irmão de vocês, que vocês venderam para o Egito. 5Agora, pois, não fiquem tristes nem irritados contra vocês mesmos por terem me vendido para cá, porque foi para a preservação da vida que Deus me enviou adiante de vocês. 6Porque já houve dois anos de fome na terra, e ainda restam cinco anos em que não haverá lavoura nem colheita. 7Deus me enviou adiante de vocês, para que fosse conservado para vocês um remanescente na terra e para que a vida de vocês fosse salva por meio de um grande livramento. 8Assim, não foram vocês que me enviaram para cá, e sim Deus, que fez de mim como que um pai de Faraó, e senhor de toda a sua casa, e como governador em toda a terra do Egito. 9Voltem depressa para junto de meu pai e digam a ele: “Assim manda dizer o seu filho José: Deus me pôs por senhor em toda a terra do Egito. Venha para junto de mim; não demore. 10O senhor habitará na terra de Gósen e estará perto de mim — o senhor, os seus filhos, os filhos de seus filhos, os seus rebanhos, o seu gado e tudo o que lhe pertence. 11Ali eu o sustentarei, porque ainda haverá cinco anos de fome. Do contrário, acabará empobrecendo — o senhor, a sua casa e tudo o que lhe pertence.” 12José continuou: — Eis que vocês mesmos estão vendo, e meu irmão Benjamim vê também, que sou eu mesmo quem está falando com vocês. 13Anunciem a meu pai toda a minha glória no Egito e tudo o que vocês puderam ver. Vão depressa e tragam o meu pai para cá. 14E, lançando-se ao pescoço de seu irmão Benjamim, chorou. E, abraçado com ele, Benjamim também chorou. 15José beijou todos os seus irmãos e chorou, abraçado com eles. Depois, os seus irmãos falaram com ele. 16Fez-se ouvir na casa de Faraó esta notícia: “Chegaram os irmãos de José.” E Faraó e seus oficiais ficaram contentes com a notícia. 17Então Faraó disse a José: — Diga aos seus irmãos que façam o seguinte: carreguem os animais e voltem para a terra de Canaã; 18peguem o pai e as famílias de vocês e venham para junto de mim. Eu lhes darei o melhor da terra do Egito e vocês comerão a fartura da terra. 19— Ordene que façam também isto: levem da terra do Egito carretas para trazer os filhinhos e as mulheres de vocês; tragam o pai de vocês e venham. 20Não se preocupem com as suas coisas, porque o melhor de toda a terra do Egito será de vocês. 21E os filhos de Israel fizeram assim. José lhes deu carretas, conforme a ordem de Faraó; também lhes deu mantimento para a viagem. 22A cada um deles deu roupas novas, mas a Benjamim deu trezentas moedas de prata e cinco roupas novas. 23Também enviou a seu pai dez jumentos carregados do melhor do Egito, e dez jumentas carregadas de cereais e pão, e mantimento para a viagem do pai. 24E despediu os seus irmãos. Ao partirem, disse-lhes: — Não briguem pelo caminho. 25Então partiram do Egito e vieram à terra de Canaã, a Jacó, seu pai, 26e lhe disseram: — José ainda vive e é governador de toda a terra do Egito. Com isto, o coração lhe ficou como sem bater, porque não podia acreditar no que diziam. 27Mas, quando eles lhe contaram tudo o que José havia falado e quando ele viu as carretas que José havia mandado para levá-lo ao Egito, o espírito de Jacó, o pai deles, reviveu. 28E Israel disse: — Basta! O meu filho José ainda vive. Irei e o verei antes que eu morra.

A passagem expõe a anatomia da reconciliação dos irmãos: A tensão aumenta rapidamente com a trama de José ao esconder sua taça de prata no saco de Benjamim, com as acusações do mordomo de ingratidão e roubo. O epicentro da cena é ocupado pelo apelo fervoroso de Judá, sua compaixão e sacrifício próprio.

Agora, a narrativa alcança o auge quando José abre mão de seu poder sobre seus irmãos e, com uma forte irrupção de emoções, revela-se a eles.

José pode, finalmente, ser autêntico; o irmão outrora alienado pode descartar sua fachada e expressar livremente suas emoções dentro da família que ele ama.

Ele alivia o medo de seus irmãos e pela primeira vez contempla a sua própria história do ponto de vista de Deus. A soberania de Deus que guia sua vida e da família pactual. Por meio desta convicção, José é capaz de reinterpretar as barbaridades que seus irmãos lhe impuseram como o bom propósito de Deus para salvá-los por meio dele.

A passagem oferece a oportunidade de refletir sobre o caráter de Deus, especialmente, a sua soberania sobre as nações. Além disso, o papel de José, seus irmãos e seu pai dão os contornos da responsabilidade de cada indivíduo nas circunstâncias da vida. O sofrimento recebe outro significado diante dos propósitos eternos de Deus.

A reconciliação dos irmãos

A passagem pode ser dividida em três cenários: A casa de José, o palácio do Faraó e a terra de Canaã.

1. José revela sua identidade (45.1-15)

45.1Então José, não conseguindo se conter diante de todos os que estavam com ele, gritou: — Saiam todos da minha presença! E ninguém ficou com ele, quando José se deu a conhecer a seus irmãos. 2E levantou a voz em choro, de maneira que os egípcios o ouviam e também a casa de Faraó. 3E disse a seus irmãos: — Eu sou José. Meu pai ainda está vivo? E seus irmãos não lhe puderam responder, de tão assustados que ficaram diante dele. 4E José disse aos seus irmãos: — Agora cheguem perto de mim. E eles chegaram. Então ele disse: — Eu sou José, o irmão de vocês, que vocês venderam para o Egito. 5Agora, pois, não fiquem tristes nem irritados contra vocês mesmos por terem me vendido para cá, porque foi para a preservação da vida que Deus me enviou adiante de vocês. 6Porque já houve dois anos de fome na terra, e ainda restam cinco anos em que não haverá lavoura nem colheita. 7Deus me enviou adiante de vocês, para que fosse conservado para vocês um remanescente na terra e para que a vida de vocês fosse salva por meio de um grande livramento. 8Assim, não foram vocês que me enviaram para cá, e sim Deus, que fez de mim como que um pai de Faraó, e senhor de toda a sua casa, e como governador em toda a terra do Egito. 9Voltem depressa para junto de meu pai e digam a ele: “Assim manda dizer o seu filho José: Deus me pôs por senhor em toda a terra do Egito. Venha para junto de mim; não demore. 10O senhor habitará na terra de Gósen e estará perto de mim — o senhor, os seus filhos, os filhos de seus filhos, os seus rebanhos, o seu gado e tudo o que lhe pertence. 11Ali eu o sustentarei, porque ainda haverá cinco anos de fome. Do contrário, acabará empobrecendo — o senhor, a sua casa e tudo o que lhe pertence.” 12José continuou: — Eis que vocês mesmos estão vendo, e meu irmão Benjamim vê também, que sou eu mesmo quem está falando com vocês. 13Anunciem a meu pai toda a minha glória no Egito e tudo o que vocês puderam ver. Vão depressa e tragam o meu pai para cá. 14E, lançando-se ao pescoço de seu irmão Benjamim, chorou. E, abraçado com ele, Benjamim também chorou. 15José beijou todos os seus irmãos e chorou, abraçado com eles. Depois, os seus irmãos falaram com ele.

1Então José, não conseguindo se conter diante de todos os que estavam com ele, gritou: — Saiam todos da minha presença! E ninguém ficou com ele, quando José se deu a conhecer a seus irmãos.

O discurso de Judá prova que os irmãos, anteriormente odiosos e egoístas, são agora motivados por amor uns pelos outros e agem com integridade uns com os outros. Ele demoliu por completo as defesas de José, que, sem poder mais se conter, se revela aos irmãos. O homem mais sábio do Egito expressa a mais autêntica paixão.

2E levantou a voz em choro, de maneira que os egípcios o ouviam e também a casa de Faraó.

Essa é a terceira vez em que José chora. Esses extravasamentos emocionais expressam a sua identidade como membro da família eleita sob seu disfarce egípcio, e liberam as emoções represadas.

3E disse a seus irmãos: — Eu sou José. Meu pai ainda está vivo? E seus irmãos não lhe puderam responder, de tão assustados que ficaram diante dele. Talvez a preocupação passional de Judá para com seu pai tenha aberto os olhos de José para reconhecer sua própria insensibilidade durante o teste imposto aos irmãos. Estes no entanto, ficaram atemorizados: suas vidas estavam claramente nas mãos daquele que acreditavam ter assassinado.

Três cenas marcam o restante da passagem: perdão, disciplina e arrependimento.

Perdão: 5Agora, pois, não fiquem tristes nem irritados contra vocês mesmos por terem me vendido para cá, porque foi para a preservação da vida que Deus me enviou adiante de vocês.

José desvia o foco dos irmãos de seus pecados e volta para a graça de Deus. A revelação de seu segredo permite que eles sejam libertos de sua culpa.

Falar sobre perdão é andar em terreno escorregadio. O assunto é demasiadamente sensível. Pode-se dizer que perdão significa rejeitar ou deixar de reivindicar o direito de retribuição da ofensa recebida. Abrir mão do direito de vingança ou do direito de exigir reparação da pessoa que nos ofendeu.

O perdão proposto pelas Escrituras possui três dimensões espirituais. Em Efésios 4.30-32, o apóstolo Paulo orienta os cristãos ofendidos por pecados quanto a como devem tratar os irmãos que os ofendem nestas três dimensões. Vamos analisar o texto:

Efésios 4.30 Não entristeçam o Espírito Santo de Deus, com o qual vocês foram selados para o dia da redenção. 31Livremse de toda amargura, indignação, ira, gritaria e calúnia, bem como de toda maldade. 32Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoandose mutuamente, como Deus os perdoou em Cristo.

A dimensão pessoal. Efésios 4.30 Não entristeçam o Espírito Santo de Deus, com o qual vocês foram selados para o dia da redenção. 31Livremse de toda amargura, indignação, ira, gritaria e calúnia, bem como de toda maldade.

Normalmente, a primeira reação quando alguém peca contra o outro é o ofendido pensar nele mesmo. Devemos pensar em nós mesmos, não no nível de nossos prejuízos, mas no alcance de nossas próprias ofensas.

A dimensão do outro. Efésios 4.32 Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoandose mutuamente...

Quando somos ofendidos temos a tendência de pensar sempre o pior em relação a pessoa que nos ofendeu. Somos influenciados – justamente – a considerar essa pessoa como alguém do mal, um enviado das trevas para nos prejudicar. Esquecemos que, em muitos casos, estamos falando de uma pessoa que Cristo morreu para salvar, de alguém que ama a Deus e tem temor por ele. Por isso, quando formos ofendidos, que o Espírito Santo nos encoraje a ponderar sobre nossa união com Cristo e uns com os outros.

A dimensão de Deus. Efésios 4.32b ...como Deus os perdoou em Cristo.

Diante de ofensas, tendemos a limitar cuidadosamente os termos de perdão. O perdão do nosso Deus em Cristo é incrivelmente grande. A Bíblia nos diz que é em favor de muitas pessoas. Que Deus perdoa todos os tipos de iniquidades e lança o pecado infinitamente longe do pecador. O perdão de Deus é completo e irrevogável. É setenta vezes sete. Você, que foi perdoado, deve ir e fazer o mesmo, orienta Paulo. Pensar em Deus e no seu amor pode amolecer nosso coração para perdoar as ofensas que sofremos.

Disciplina: 8Assim, não foram vocês que me enviaram para cá, e sim Deus, que fez de mim como que um pai de Faraó, e senhor de toda a sua casa, e como governador em toda a terra do Egito. José alivia a culpa e a vergonha de seus irmãos ao colocar o crime deles sob a perspectiva mais ampla da soberania de Deus. Visto que o pecado é parte de seu conselho e de sua presciência eternos – não retirando, porém, a responsabilidade dos homens - não existe base para uma retaliação ou amargura. Se eles não tivessem se arrependido e abandonado o pecado, Deus, em algum momento e de alguma forma, teria julgado sua culpa.

Todos concordam que invariavelmente situações exigem confrontação e reconciliação. Entretanto, sabemos também que não devemos ser muito sensíveis e que seria improdutivo repreender alguém cada vez que não somos tratados da maneira que desejamos.

Como podemos equilibrar a tensão da obrigação de corrigir com a necessidade de moderação? Existem duas situações que devemos priorizar para buscar perdão e reconciliação.

  • ●   Primeira, quando o pecado for suficientemente sério para esfriar ou romper definitivamente o relacionamento.

  • Segunda, quando a ofensa evidencia um padrão de comportamento no qual a outra pessoa está presa ou mesmo não considera a atitude pecaminosa.

    No evangelho de Mateus (Mt 18.15-21) Jesus ensinou o caminho da disciplina entre os irmãos e que faríamos bem em adotar. O procedimento em três estágios proposto por Jesus pretende:

    1) Manter a questão restrita a um grupo mínimo de pessoas. Mateus 18.15“Se o seu irmão pecar contra você, vá e, a sós com ele, mostre-lhe o erro. Se ele o ouvir, você ganhou seu irmão. 16Mas, se ele não o ouvir, leve consigo mais um ou dois outros, de modo que ‘qualquer acusação seja confirmada pelo depoimento de duas ou três testemunhas’.

    Jesus disse para cada crente resolver a situação com o outro sem a necessidade de envolver demais pessoas, inclusive líderes. O intuito é manter o mínimo conhecimento público com relação ao pecado.

  1. 2)  O propósito é o arrependimento do pecador e não a sua condenação.

    Mateus 18.15“Se o seu irmão pecar contra você, vá e, a sós com ele, mostre-lhe o erro. Se ele o ouvir, você ganhou seu irmão.

    O objetivo final de qualquer correção deve ser o arrependimento do pecador impenitente e não a sua destruição. A correção não pode ser exercida com espírito justiceiro ou vingativo.

  2. 3)  Estabelecer a cultura da prestação de contas. Mateus 18.15“Se o seu irmão pecar contra você, vá e, a sós com ele, mostre-lhe o erro. Se ele o ouvir, você ganhou seu irmão.

    As pessoas não estão acostumadas a responder pelos próprios pecados, normalmente temos a tendência de espiritualizar (culpar as forças espirituais), terceirizar (culpar os outros) ou normatizar (culpar a sociedade) pelos pecados.

    Jesus convoca seus discípulos para o arrependimento como forma de lidar com os pecados. Essa é a essência da confrontação: ajudar o outro a ser cada vez mais semelhante a Cristo pela correção do pecado.

Ao admoestar alguém nos tornamos servos. Afinal, qualquer amor que tenha medo de confrontar o amado não é amor de verdade. O medo de confrontar expressa um desejo de ser amado e aceito e por isso evita o confronto. Ademais, a indolência e a covardia são sempre egoístas, uma vez que colocam as próprias necessidades em primeiro lugar. O verdadeiro amor é disposto a confrontar e até mesmo prejudicar o relacionamento a curto prazo se existir possibilidade de cooperar com o outro.

Arrependimento: 14E, lançando-se ao pescoço de seu irmão Benjamim, chorou. E, abraçado com ele, Benjamim também chorou. 15José beijou todos os seus irmãos e chorou, abraçado com

eles. Depois, os seus irmãos falaram com ele. Esse é o sinal do narrador de que o abismo foi vencido, a intimidade foi alcançada. O narrador, contudo, omite a conversa como irrelevante para a reconciliação.

Como receber a correção em caso de ofensa? É consenso que receber admoestação não é uma tarefa fácil e que não estamos habituados a ela. Neste sentido, algumas atitudes podem facilitar nossa aceitação da situação:

  • ●  Ore e peça a Deus que lhe conceda sabedoria e graça para lidar com seus pecados.

  • ●  Não fique na defensiva. Evite dar desculpas e pense com honestidade se você está praticando o que seu irmão está apontando. Não acuse de volta, nem aponte erros do passado.

  • ●  Creia na providência e no cuidado de Deus. O Senhor está usando toda essa situação para tratar áreas de pecado na sua vida.

  • ●  Não interrompa a pessoa. Nunca impeça o outro de manifestar suas frustrações e desalentos. Mostre empatia mesmo que você tenha sido mal compreendido.

  • ●  Procure saber mais detalhes da situação. Faça perguntas para descobrir os reais motivos da ofensa. Não simplifique a dor do outro.

  • ●  Crie um ambiente seguro para o outro se abrir com você. Não deixe o outro sentir que você não está dando a devida importância para a situação.

  • ●  Responda com arrependimento. O arrependimento é o caminho escolhido por Deus para tratar as feridas dos relacionamentos. O arrependimento verdadeiro tem três aspectos: (1) confissão a Deus; (2) confissão a pessoa prejudicada e (3) mudança de atitude imediata.

  • ●  Evite exageros desnecessários. Não exagere em suas reações. Não ameace o outro com o seu problema. Nunca permita a autocomiseração.

    Pode ser que o ofensor não aceite a admoestação. Neste caso, a orientação é buscar ajuda de conselheiros - preferencialmente dentro da própria igreja. Em último caso, e em casos graves de pecado pode ser saudável a disciplina eclesiástica do indivíduo. Entretanto, devemos nos conformar em aceitar pedidos de desculpas ou mesmo promessas de arrependimento sem exigir que as pessoas admitam mais do que aceitam sinceramente. Se existir arrependimento completo, então o relacionamento volta ao estágio anterior a ofensa. Se o arrependimento for parcial, talvez o relacionamento vai precisar se ajustar a realidade atual e sair enfraquecido.

Quando não existe desejo de reconciliação ou admissão de culpa? Mateus 18.17 Se ele se recusar a ouvi-los, conte à igreja; e, se ele se recusar a ouvir também a igreja, trate- o como pagão ou publicano.

Geralmente, é mais difícil perdoar pessoas que não querem admitir o erro e que continuam obstinadas. O perdão neste caso pode ser mais demorado e vai depender de outros recursos como orar e meditar na Palavra de Deus, em especial, nas passagens que ressaltam o perdão de Deus para com seu povo.


2. Convite e provisões do Faraó e de José para Jacó (45.16-24)

16 Fez-se ouvir na casa de Faraó esta notícia: “Chegaram os irmãos de José.” E Faraó e seus oficiais ficaram contentes com a notícia. 17Então Faraó disse a José: — Diga aos seus irmãos que façam o seguinte: carreguem os animais e voltem para a terra de Canaã; 18peguem o pai e as famílias de vocês e venham para junto de mim. Eu lhes darei o melhor da terra do Egito e vocês comerão a fartura da terra. 19— Ordene que façam também isto: levem da terra do Egito carretas para trazer os filhinhos e as mulheres de vocês; tragam o pai de vocês e venham. 20Não se preocupem com as suas coisas, porque o melhor de toda a terra do Egito será de vocês. 21E os filhos de Israel fizeram assim. José lhes deu carretas, conforme a ordem de Faraó; também lhes deu mantimento para a viagem. 22A cada um deles deu roupas novas, mas a Benjamim deu trezentas moedas de prata e cinco roupas novas. 23Também enviou a seu pai dez jumentos carregados do melhor do Egito, e dez jumentas carregadas de cereais e pão, e mantimento para a viagem do pai. 24E despediu os seus irmãos. Ao partirem, disse-lhes: — Não briguem pelo caminho.

16 Fez-se ouvir na casa de Faraó esta notícia: “Chegaram os irmãos de José.” E Faraó e seus oficiais ficaram contentes com a notícia. O Faraó tomou conhecimento da chegada dos irmãos de José.

17Então Faraó disse a José: — Diga aos seus irmãos que façam o seguinte: carreguem os animais e voltem para a terra de Canaã; 18peguem o pai e as famílias de vocês e venham para junto de mim. Eu lhes darei o melhor da terra do Egito e vocês comerão a fartura da terra. A oferta do Faraó de dar a melhor terra do Egito à família de José é uma resposta de gratidão apropriada ao homem que salvou o Egito e garantiu toda a terra para o Faraó (Gn 47.20). Faraó parece estar ciente de que a família de José consiste em pastores que precisam especificamente de pastos.

22A cada um deles deu roupas novas, mas a Benjamim deu trezentas moedas de prata e cinco roupas novas. Aqui, a roupa funciona como símbolo apropriado da afeição e da estima de José por seus irmãos e contrasta fortemente com o ato despir-lhe de seu manto (Gn 37.23). Os irmãos aprenderam a lição sobre a graça soberana, e agora estão acima do ciúme mesquinho.

24E despediu os seus irmãos. Ao partirem, disse-lhes: — Não briguem pelo caminho. Os irmãos não devem se recriminar por causa de seu crime. Se José os perdoou, quanto mais eles devem perdoar uns aos outros.

3. Jacó recebe a boa notícia (45.25-28)

25Então partiram do Egito e vieram à terra de Canaã, a Jacó, seu pai, 26e lhe disseram: — José ainda vive e é governador de toda a terra do Egito. Com isto, o coração lhe ficou como sem bater, porque não podia acreditar no que diziam. 27Mas, quando eles lhe contaram tudo o que José havia falado e quando ele viu as carretas que José havia mandado para levá-lo ao Egito, o espírito de Jacó, o pai deles, reviveu. 28E Israel disse: — Basta! O meu filho José ainda vive. Irei e o verei antes que eu morra.

26e lhe disseram: — José ainda vive e é governador de toda a terra do Egito. Com isto, o coração lhe ficou como sem bater, porque não podia acreditar no que diziam. Os irmãos estão livres de sua culpa e podem dizer a verdade. Eles se regozijam e não invejam a exaltação de José. Jacó recebe a boa notícia, inesperada e surpreendente de que seu filho está vivo.

28E Israel disse: — Basta! O meu filho José ainda vive. Irei e o verei antes que eu morra. Jacó anseia amorosamente pelo filho que estava morto e que agora vive.

Soberania de Deus e responsabilidade humana

Atos 4.26 Os reis da terra se levantaram, e as autoridades se juntaram contra o Senhor e contra o seu Ungido.” 27— Porque de fato, nesta cidade, Herodes e Pôncio Pilatos, com gentios e gente de Israel, se juntaram contra o teu santo Servo Jesus, a quem ungiste, 28para fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito predeterminaram.

José, o filho favorito de Jacó é enviado para auxiliar os seus irmãos; eles o vendem sem culpa por 20 peças de prata; as circunstâncias dão várias reviravoltas até que ele se torna o senhor de toda a terra do Egito. Na presente cena de reconciliação é a mão de Deus que dirige toda a confusão da culpa humana em direção a um propósito gracioso. A história de José fornece um paralelo notável da morte de Cristo - Deus decide de antemão que, por meio de mãos más, ele pregará Cristo na cruz e, assim, salvará o mundo.

Os reformadores e pós-reformadores dedicam bastante atenção à soberania de Deus. Em sua exposição sobre o assunto, Stephen Charnock (1628-1680 pastor presbiteriano puritano inglês) Indica a existência de uma soberania tríplice em Deus: a natural e, consequentemente, absoluta sobre todas as coisas; a espiritual ou graciosa, que é a soberania que Deus tem sobre a igreja; e a gloriosa (escatológica), designando o reino de Deus em seu reinado sobre os santos no céu e os pecadores no inferno.

Deve-se fazer uma distinção importante: no sentido estrito não existe nenhuma distinção de atributos em Deus, não se pode entender a soberania de Deus a menos que os atributos sejam todos associados à sua perfeição. Assim, por exemplo, a bondade de Deus tem relação com sua soberania à medida que ele jamais pode usar sua autoridade senão para o bem das criaturas e para conduzi-las até seu verdadeiro objetivo. De modo que sua bondade se manifesta em sua soberania. À medida que Deus exerce sua soberania, seus outros atributos (sabedoria, justiça, bondade e etc.) estão todos presentes no exercício dessa soberania, o que significa que sua soberania não é tirânica, opressiva ou impiedosa, mas perfeitamente boa, justa e sábia.

Ainda mais relevante é o fato de que reconhecer Deus como Deus é reconhecer sua soberania, pois ele não pode ser Deus se não possuir soberania na essência do seu ser. Conforme observado por Charnock, "é tão possível para ele não ser Deus quanto o é não ser supremo [...] Imaginar um poder infinito sem uma soberania suprema é imaginar uma estátua majestosa e desprovida de sentidos, apta para ser contemplada, mas inapta para ser obedecida".

O soberano do Egito

Gênesis 45.8 Assim, não foram vocês que me enviaram para cá, e sim Deus, que fez de mim como que um pai de Faraó, e senhor de toda a sua casa, e como governador em toda a terra do Egito.

  • ●  DEUS - Todos os episódios da história de José servem para demonstrar como os propósitos de Deus são finalmente cumpridos por meio e a despeito de atos humanos. José descreve-se como agente de Deus.

  • ●  GRAÇA - Deus, em sua graça soberana, tem guiado a história de seu povo. Por meio dos sofrimentos de José, o Senhor salva a semente santa.

●  HOMEM - José, teologiza sobre as implicações espirituais dessa doutrina de modo singular. Deus está operando por meio dele para produzir o bem. Isso o capacita a perdoar e a encorajar seus irmãos para que façam o mesmo. O pecado deve ser visto dentro do contexto dos propósitos eternos de Deus. O cristão pode confiar que Deus produzirá o bem independentemente daquilo que as pessoas querem.

Conclusão

O episódio demonstra a soberania de Deus através da reconciliação de José com seus irmãos. A narrativa mostra como Deus transforma a maldade humana em instrumento de salvação, reiterando que sua soberania é bondosa, justa e sábia. Para os cristãos, essa compreensão oferece consolo e encorajamento para perdoar, arrepender e confiar em Deus.



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