Adoção




Gênesis 47.13 Não havia alimento em toda a terra, porque a fome era muito grande. Assim, o povo do Egito e o povo de Canaã desfaleciam por causa da fome. 14Então José arrecadou todo o dinheiro que havia na terra do Egito e na terra de Canaã, pelo cereal que compravam, e o recolheu à casa de Faraó. 15Quando acabou o dinheiro na terra do Egito e na terra de Canaã, todos os egípcios foram a José e disseram: — Queremos comida! Por que o senhor nos deixaria morrer em sua presença só porque o dinheiro acabou? 16José respondeu: — Se vocês não têm dinheiro, tragam o seu gado. Em troca do gado eu lhes darei comida. 17Então trouxeram o seu gado a José e ele lhes deu mantimento em troca de cavalos, rebanhos, gado e jumentos. E José os sustentou aquele ano em troca de todo o gado deles. 18Tendo acabado aquele ano, foram a José no ano seguinte e lhe disseram: — Não podemos esconder de meu senhor que o dinheiro acabou e que meu senhor já é dono dos animais. Nada mais nos resta diante de meu senhor, a não ser o nosso corpo e a nossa terra. 19Por que o senhor nos deixaria perecer em sua presença, tanto a nós como à nossa terra? Compre a nós e a nossa terra em troca de mantimento, e nós e a nossa terra seremos escravos de Faraó. Dê-nos semente para que vivamos e não morramos, e a terra não fique deserta. 20Assim, José comprou toda a terra do Egito para Faraó, porque os egípcios venderam cada um o seu campo, porque a fome era extrema sobre eles. E a terra passou a ser de Faraó. 21Quanto ao povo, ele o escravizou de uma a outra extremidade da terra do Egito. 22José só não comprou a terra dos sacerdotes, porque os sacerdotes recebiam uma porção de mantimento de Faraó e viviam dessa porção que Faraó lhes dava; por isso, não venderam a sua terra. 23Então José disse ao povo: — Eis que hoje comprei vocês e a terra de vocês para Faraó. Aqui estão as sementes, para que semeiem a terra. 24Das colheitas vocês darão a quinta parte a Faraó. As outras quatro partes serão de vocês, para semear o campo e para servir de alimento a vocês, aos que estão em suas casas, e para alimentar os seus filhos. 25Eles disseram a José: — O senhor salvou a nossa vida! Que possamos alcançar favor diante de meu senhor e seremos escravos de Faraó. 26E José estabeleceu por lei até o dia de hoje que, na terra do Egito, um quinto pertence a Faraó. Só a terra dos sacerdotes não ficou sendo de Faraó. 27Assim, Israel habitou na terra do Egito, na terra de Gósen. Nela adquiriram propriedades, e foram fecundos, e muito se multiplicaram. 28Jacó viveu na terra do Egito dezessete anos. Assim, os dias de Jacó, os anos da sua vida, foram cento e quarenta e sete. 29Aproximando-se, pois, o tempo da morte de Israel, chamou o seu filho José e lhe disse: — Se agora alcancei favor diante de você, peço que ponha a sua mão debaixo da minha coxa e use de bondade e fidelidade para comigo; peço que você não me sepulte no Egito, 30mas que eu possa descansar com os meus pais. Por isso, você me levará do Egito e me colocará na sepultura deles. José respondeu: — Farei o que o senhor me pede. 31Então Jacó lhe disse: — Jure para mim. José jurou e Israel se inclinou sobre a cabeceira da cama. 48.1 Passadas estas coisas, disseram a José: — Seu pai está doente. Então José tomou consigo seus dois filhos, Manassés e Efraim. 2E avisaram a Jacó: — Eis que o seu filho José vem visitá-lo. Israel fez um esforço e se sentou na cama. 3Então Jacó disse a José: — O Deus Todo-Poderoso me apareceu na cidade de Luz, na terra de Canaã, me abençoou 4e me disse: “Eis que eu o farei fecundo e o multiplicarei. De você farei uma multidão de povos e à sua descendência darei esta terra como propriedade perpétua.” 5E agora os seus dois filhos, que lhe nasceram na terra do Egito antes que eu viesse para junto de você aqui no Egito, são meus. Efraim e Manassés serão meus, assim como Rúben e Simeão são meus. 6Mas os filhos que você gerar depois deles serão seus; segundo o nome de um de seus irmãos serão chamados na sua herança. 7Quando eu vinha de Padã, para minha tristeza morreu Raquel na terra de Canaã, no caminho, a pouca distância de Efrata; eu a sepultei ali no caminho de Efrata, que é Belém. 8Quando Israel viu os filhos de José, perguntou: — Quem são estes? 9José respondeu a seu pai: — São meus filhos, que Deus me deu aqui. Israel disse: — Traga-os para perto de mim, para que eu os abençoe. 10Os olhos de Israel já estavam fracos por causa da velhice, de modo que não podia ver bem. Por isso José levou os filhos para perto dele; e ele os beijou e os abraçou. 11Então Israel disse a José: — Eu não esperava ver o seu rosto outra vez; e eis que Deus me permitiu ver também os seus filhos. 12E José, tirando-os dentre os joelhos de seu pai, se prostrou com o rosto em terra, diante dele. 13Depois José pegou os dois filhos e os colocou diante do pai. Pegou Efraim com a mão direita, para que ficasse à esquerda de Israel, e Manassés com a mão esquerda, para que ficasse à direita de Israel. 14Mas Israel estendeu a mão direita e a pôs sobre a cabeça de Efraim, que era o mais novo, e pôs a mão esquerda sobre a cabeça de Manassés, cruzando assim as mãos, mesmo sendo Manassés o primogênito. 15E Israel abençoou José, dizendo: — O Deus em cuja presença andaram meus pais Abraão e Isaque, o Deus que tem sido o meu pastor durante a minha vida até este dia, 16o Anjo que me tem livrado de todo mal, abençoe estes meninos! Que por meio deles seja lembrado o meu nome e o nome de meus pais Abraão e Isaque! Que cresçam e se tornem uma multidão sobre a terra. 17José viu que seu pai havia posto a mão direita sobre a cabeça de Efraim e isto não lhe agradou. Pegou a mão de seu pai para mudá-la da cabeça de Efraim para a cabeça de Manassés. 18E José disse ao pai: — Não assim, meu pai, pois o primogênito é este; ponha a mão direita sobre a cabeça dele. 19Mas seu pai recusou e disse: — Eu sei, meu filho, eu sei. Ele também será um povo, também ele será grande. Mas o seu irmão menor será maior do que ele, e a sua descendência será uma multidão de nações. 20Assim, os abençoou naquele dia, declarando: — Por vocês Israel abençoará, dizendo: “Deus faça com você como fez com Efraim e com Manassés.” E assim Israel pôs Efraim antes de Manassés. 21Depois Israel disse a José: — Eis que estou morrendo, mas Deus estará com vocês e os fará voltar à terra de seus pais. 22Dou a você uma parte a mais que a seus irmãos, um declive montanhoso, o qual tomei das mãos dos amorreus com a minha espada e com o meu arco.

Essa passagem consiste de dois episódios: A administração de José no Egito e os preparativos para a morte de Jacó. Os dois episódios são unidos pela administração de José em ambos os eventos de sua lealdade a Faraó e ao pai. O autor retoma as preocupações mais amplas desse livro com a bênção futura de Israel na Terra Prometida.

A morte iminente de Jacó exige que os assuntos sejam resolvidos. A herança da bênção é crucial para a família da aliança. A cena é estabelecida com a saúde deteriorada de Jacó e a chegada de José com Manassés e Efraim. Ela transcorre com duas cerimônias formais, nas quais Jacó adota os filhos de José para elevá-los ao status de pais fundadores e confere a bênção a José, que é representado por seus filhos.

Os crentes, ainda que vivendo no mundo, foram adotados por Deus como filhos legítimos e elevados à condição de herdeiros, por causa da obra de Cristo na cruz. O filho legítimo de Deus, abriu mão de suas prerrogativas, para que os filhos de Adão fossem recebidos na família de Deus.

Jacó, à beira da morte, adota e abençoa os filhos de José, Manassés e Efraim, subvertendo a primogenitura, prefigurando a adoção divina pela graça em Cristo, conferindo-nos o status de filhos e herdeiros, independentemente de mérito, e confirmando as promessas da fé na Terra Prometida. Como a doutrina da adoção divina pode influenciar a vida dos crentes?

A preparação para a morte de Jacó

Por causa da circunstância incomum de ser sepultado em solo estrangeiro, Jacó toma todas as precauções para garantir que a família santa retorne à Terra Prometida. Ele não se deixa iludir pela prosperidade no Egito. José

continua a demonstrar sua lealdade ao Faraó e a seu pai, juntamente com suas habilidades administrativas sábias e sensatas. A passagem pode ser resumida em três acontecimentos: O cenário de preservação em meio à crise humanitária, a lealdade de José ao pai e a adoção dos filhos de José.

1. A administração de José no Egito (47.13-26)

13 Não havia alimento em toda a terra, porque a fome era muito grande. Assim, o povo do Egito e o povo de Canaã desfaleciam por causa da fome. 14Então José arrecadou todo o dinheiro que havia na terra do Egito e na terra de Canaã, pelo cereal que compravam, e o recolheu à casa de Faraó. 15Quando acabou o dinheiro na terra do Egito e na terra de Canaã, todos os egípcios foram a José e disseram: — Queremos comida! Por que o senhor nos deixaria morrer em sua presença só porque o dinheiro acabou? 16José respondeu: — Se vocês não têm dinheiro, tragam o seu gado. Em troca do gado eu lhes darei comida. 17Então trouxeram o seu gado a José e ele lhes deu mantimento em troca de cavalos, rebanhos, gado e jumentos. E José os sustentou aquele ano em troca de todo o gado deles. 18Tendo acabado aquele ano, foram a José no ano seguinte e lhe disseram: — Não podemos esconder de meu senhor que o dinheiro acabou e que meu senhor já é dono dos animais. Nada mais nos resta diante de meu senhor, a não ser o nosso corpo e a nossa terra. 19Por que o senhor nos deixaria perecer em sua presença, tanto a nós como à nossa terra? Compre a nós e a nossa terra em troca de mantimento, e nós e a nossa terra seremos escravos de Faraó. Dê-nos semente para que vivamos e não morramos, e a terra não fique deserta. 20Assim, José comprou toda a terra do Egito para Faraó, porque os egípcios venderam cada um o seu campo, porque a fome era extrema sobre eles. E a terra passou a ser de Faraó. 21Quanto ao povo, ele o escravizou de uma a outra extremidade da terra do Egito. 22José só não comprou a terra dos sacerdotes, porque os sacerdotes recebiam uma porção de mantimento de Faraó e viviam dessa porção que Faraó lhes dava; por isso, não venderam a sua terra. 23Então José disse ao povo: — Eis que hoje comprei vocês e a terra de vocês para Faraó. Aqui estão as sementes, para que semeiem a terra. 24Das colheitas vocês darão a quinta parte a Faraó. As outras quatro partes serão de vocês, para semear o campo e para servir de alimento a vocês, aos que estão em suas casas, e para alimentar os seus filhos. 25Eles disseram a José: — O senhor salvou a nossa vida! Que possamos alcançar favor diante de meu senhor e seremos escravos de Faraó. 26E José estabeleceu por lei até o dia de hoje que, na terra do Egito, um quinto pertence a Faraó. Só a terra dos sacerdotes não ficou sendo de Faraó.

13 Não havia alimento em toda a terra, porque a fome era muito grande. Assim, o povo do Egito e o povo de Canaã desfaleciam por causa da fome. A fome se espalhou por toda terra - Egito e Canaã.

14Então José arrecadou todo o dinheiro que havia na terra do Egito e na terra de Canaã, pelo cereal que compravam, e o recolheu à casa de Faraó. José amealhou todo o dinheiro da terra, não restou nenhuma riqueza. Ele não ficou com nada para si mesmo.

17Então trouxeram o seu gado a José e ele lhes deu mantimento em troca de cavalos, rebanhos, gado e jumentos. Os egípcios ofereceram seus rebanhos como pagamento por mantimentos.

18... Nada mais nos resta diante de meu senhor, a não ser o nosso corpo e a nossa terra. O termo traduzido por corpo significa frequentemente “cadáver”. O termo caracteriza uma pessoa em estado de fraqueza, opressão ou dificuldade. A situação era extremamente grave. Não havendo mais nada a oferecer em troca de comida, as pessoas se ofereciam como escravos.

20Assim, José comprou toda a terra do Egito para Faraó, porque os egípcios venderam cada um o seu campo, porque a fome era extrema sobre eles. E a terra passou a ser de Faraó. 21Quanto ao

povo, ele o escravizou de uma a outra extremidade da terra do Egito. A gravidade da carestia abrangia toda a terra do Egito, aparentemente, não poupou ninguém, exceto o Faraó e talvez sua elite política. Israel, por viver em uma região separada e por manter a sua subsistência por meio de animais, foram pouco impactados pela crise (Gn 47.27).

22José só não comprou a terra dos sacerdotes, porque os sacerdotes recebiam uma porção de mantimento de Faraó e viviam dessa porção que Faraó lhes dava; por isso, não venderam a sua terra. Apenas os sacerdotes egípcios escaparam da servidão e do espólio de suas terras.

23Então José disse ao povo: — Eis que hoje comprei vocês e a terra de vocês para Faraó. Aqui estão as sementes, para que semeiem a terra. Ele os reduz a fazendeiros em terra estatal arrendada. Mesmo assim, o narrador os apresenta como gratos por poderem ficar com 80% da colheita.

24Das colheitas vocês darão a quinta parte a Faraó. As outras quatro partes serão de vocês, para semear o campo e para servir de alimento a vocês, aos que estão em suas casas, e para alimentar os seus filhos. José cobrou uma taxa de 20% durante os anos de abundância para garantir o futuro. Agora ele cobra um imposto real de 20% pelo privilégio de usar a terra e de plantar a semente. Segundo os padrões do Antigo Oriente Próximo, juros de 20% é uma taxa baixa; a média era 33,3%. José era um governante justo com o faraó, seu senhor, e com o povo.

A designação divina permanece válida, independentemente do pecado. Governantes corruptos e tiranos não anulam o fato de terem sido escolhidos por Deus. Exceto quando governantes exigem que os crentes pequem diretamente contra Deus, eles merecem obediência (leis, impostos e ordens) em virtude de sua designação.

25Eles disseram a José: — O senhor salvou a nossa vida! Que possamos alcançar favor diante de meu senhor e seremos escravos de Faraó. 26E José estabeleceu por lei até o dia de hoje que, na terra do Egito, um quinto pertence a Faraó. Só a terra dos sacerdotes não ficou sendo de Faraó. Os egípcios não veem José como tirano, mas como um salvador. Eles não avaliam as ações de José segundo os padrões da prática de Israel. Em Israel, o Senhor deu a cada família uma porção da Terra Prometida e proibiu que qualquer um, inclusive o rei, se apropriar dela.

Em Êxodo 1.8-11, Moisés descreve o Faraó escravizando os hebreus, e os hebreus suspiram sob a miséria. Em Gênesis 47.21, um hebreu escraviza os egípcios, e os egípcios exaltam José por salvá-los. O contraste implica ingratidão e crueldade do futuro Faraó que não conhecia José.

Enquanto todo o Egito enfrentava essa situação, os israelitas desfrutavam de uma condição distinta.

2. Jacó adota os filhos de José (47.27-48.10)

27Assim, Israel habitou na terra do Egito, na terra de Gósen. Nela adquiriram propriedades, e foram fecundos, e muito se multiplicaram. 28Jacó viveu na terra do Egito dezessete anos. Assim, os dias de Jacó, os anos da sua vida, foram cento e quarenta e sete. 29Aproximando-se, pois, o tempo da morte de Israel, chamou o seu filho José e lhe disse: — Se agora alcancei favor diante de você, peço que ponha a sua mão debaixo da minha coxa e use de bondade e fidelidade para comigo; peço que você não me sepulte no Egito, 30mas que eu possa descansar com os meus pais. Por isso, você me levará do Egito e me colocará na sepultura deles. José respondeu: — Farei o que o senhor me pede. 31Então Jacó lhe disse: — Jure para mim. José jurou e Israel se inclinou sobre a cabeceira da cama. 48.1 Passadas estas coisas, disseram a José: — Seu pai está doente. Então José tomou consigo seus dois filhos, Manassés e Efraim. 2E avisaram a Jacó: — Eis que o seu filho José vem visitá-lo. Israel fez um esforço e se sentou na cama. 3Então Jacó disse a José: — O Deus Todo- Poderoso me apareceu na cidade de Luz, na terra de Canaã, me abençoou 4e me disse: “Eis que eu o farei fecundo e o multiplicarei. De você farei uma multidão de povos e à sua descendência darei esta terra como propriedade perpétua.” 5E agora os seus dois filhos, que lhe nasceram na terra do Egito antes que eu viesse para junto de você aqui no Egito, são meus. Efraim e Manassés serão meus, assim como Rúben e Simeão são meus. 6Mas os filhos que você gerar depois deles serão seus; segundo o nome de um de seus irmãos serão chamados na sua herança. 7Quando eu vinha de Padã, para minha tristeza morreu Raquel na terra de Canaã, no caminho, a pouca distância de Efrata; eu a sepultei ali no caminho de Efrata, que é Belém. 8Quando Israel viu os filhos de José, perguntou: — Quem são estes? 9José respondeu a seu pai: — São meus filhos, que Deus me deu aqui. Israel disse: — Traga-os para perto de mim, para que eu os abençoe. 10Os olhos de Israel já estavam fracos por causa da velhice, de modo que não podia ver bem. Por isso José levou os filhos para perto dele; e ele os beijou e os abraçou. 11Então Israel disse a José: — Eu não esperava ver o seu rosto outra vez; e eis que Deus me permitiu ver também os seus filhos. 12E José, tirando-os dentre os joelhos de seu pai, se prostrou com o rosto em terra, diante dele.

27Assim, Israel habitou na terra do Egito, na terra de Gósen. Nela adquiriram propriedades, e foram fecundos, e muito se multiplicaram. A independência e a prosperidade dos israelitas contrastam fortemente com o destino dos egípcios. O crescimento de Israel e a aquisição de terra contrastam fortemente com a perda de terra e de liberdade dos egípcios. Isso é um cumprimento da promessa de Deus (3Então disse: — Eu sou Deus, o Deus do seu pai. Não tenha medo de ir para o Egito, porque lá eu farei de você uma grande nação.) e um vínculo com Êxodo – Moisés lança as bases do relato do livro de Êxodo.

28Jacó viveu na terra do Egito dezessete anos. Assim, os dias de Jacó, os anos da sua vida, foram cento e quarenta e sete. Jacó viveu cento e quarenta e sete anos, o que é bem menos que seu avô Abraão (175) e seu pai Isaque (180).

29Aproximando-se, pois, o tempo da morte de Israel, chamou o seu filho José e lhe disse: — Se agora alcancei favor diante de você, peço que ponha a sua mão debaixo da minha coxa e use de bondade e fidelidade para comigo; peço que você não me sepulte no Egito. O Jacó moribundo depende do favor de José. José está no controle e tem o poder de cumprir os desejos de seu pai. Além do mais, ele está antecipando que reconhecerá José como seu primogênito na próxima cena. José representa um exemplo de cuidado dos pais na velhice, enquanto Jacó ilustra como a certeza da salvação oferece tranquilidade na maturidade.

30mas que eu possa descansar com os meus pais. Por isso, você me levará do Egito e me colocará na sepultura deles. Trata-se da caverna de Macpela. Pela fé, Israel aposta seu destino na terra prometida, não na melhor terra do Egito.

31Então Jacó lhe disse: — Jure para mim. José jurou e Israel se inclinou sobre a cabeceira da cama. Jacó precisa de garantias, porque ele sabe da dificuldade da missão.

1 Passadas estas coisas, disseram a José: — Seu pai está doente. Então José tomou consigo seus dois filhos, Manassés e Efraim. Um tempo indeterminado passou entre as duas cenas. A posição de José na corte egípcia o mantinha distante da família. José adianta-se para consagrar seus filhos de uma mãe egípcia ao Deus de Israel e ao seu povo da aliança.

2E avisaram a Jacó: — Eis que o seu filho José vem visitá-lo. Israel fez um esforço e se sentou na cama. Mesmo doente, Jacó renova suas forças para conceder a bênção.

3Então Jacó disse a José: — O Deus Todo-Poderoso me apareceu na cidade de Luz, na terra de Canaã, me abençoou 4e me disse: “Eis que eu o farei fecundo e o multiplicarei. De você farei uma multidão de povos e à sua descendência darei esta terra como propriedade perpétua.” O discurso de Jacó aponta a sua autoridade para conferir a bênção e para adotar os filhos de José. A autoridade de Jacó para legitimar os filhos de José, para que fossem contados entre os seus 12 filhos, provém das promessas conferidas, especialmente a ele.

4e me disse: “Eis que eu o farei fecundo e o multiplicarei. De você farei uma multidão de povos e à sua descendência darei esta terra como propriedade perpétua.” Um contraste forte com os egípcios, que perderam sua terra, e um contraste sutil com as posses temporárias de Israel no Egito.

5E agora os seus dois filhos, que lhe nasceram na terra do Egito antes que eu viesse para junto de você aqui no Egito, são meus. Efraim e Manassés serão meus, assim como Rúben e Simeão são meus. Ele escolheu os dois filhos de José dentre seus 52 netos. Moisés explica a razão pela qual os descendentes de José receberam porções de terra equivalentes às dos outros filhos de Israel.

Os dois filhos de José gozam de um status igual ao de Rúben (que profanou o leito do pai) e Simeão (que foi violento contra os siquemitas) entre as doze tribos de Israel. O território de José podia ser dividido em duas tribos porque Levi não recebe uma porção da terra (Js 14.4).

7Quando eu vinha de Padã, para minha tristeza morreu Raquel na terra de Canaã, no caminho, a pouca distância de Efrata; eu a sepultei ali no caminho de Efrata, que é Belém. Tendo adotado os filhos de José, eles também são filhos de Raquel, e como tais eles assumem o lugar póstumo dos outros filhos que Raquel lhe poderia ter dado. Raquel é honrada e lembrada na porção dupla dada ao seu primogênito.

8Quando Israel viu os filhos de José, perguntou: — Quem são estes? Jacó certamente conhece os filhos de José, provavelmente, a pergunta para identificar os beneficiários faz parte do ritual jurídico de adoção.

9José respondeu a seu pai: — São meus filhos, que Deus me deu aqui. Israel disse: — Traga-os para perto de mim, para que eu os abençoe. José reconhece seus filhos como dádiva de Deus.

10... e ele os beijou e os abraçou. Esses gestos de afeição genuína têm também um significado ritual, equivalente a dizer: “agora, eles são meus filhos”.

11Então Israel disse a José: — Eu não esperava ver o seu rosto outra vez; e eis que Deus me permitiu ver também os seus filhos. A cerimônia de adoção começa com José atribuindo a Deus o crédito de seus filhos – no verso anterior - e termina com Jacó louvando a Deus. Para José, eles são um presente incrível após anos de aflição; para Jacó, eles são uma visão incrível após ter perdido toda esperança de rever José. As reflexões de José e de Jacó sobre as bênçãos atuais de Deus estabelecem o ambiente espiritual para as bênçãos que se seguem.

12E José, tirando-os dentre os joelhos de seu pai, se prostrou com o rosto em terra, diante dele. Aquele que é igual ao Faraó se humilha diante do patriarca que medeia as promessas de Deus. Isso encerra o ritual de adoção.

3. Jacó abençoa Efraim e Manassés (48.13-20)

13Depois José pegou os dois filhos e os colocou diante do pai. Pegou Efraim com a mão direita, para que ficasse à esquerda de Israel, e Manassés com a mão esquerda, para que ficasse à direita de Israel. 14Mas Israel estendeu a mão direita e a pôs sobre a cabeça de Efraim, que era o mais novo, e pôs a mão esquerda sobre a cabeça de Manassés, cruzando assim as mãos, mesmo sendo Manassés o primogênito. 15E Israel abençoou José, dizendo: — O Deus em cuja presença andaram meus pais Abraão e Isaque, o Deus que tem sido o meu pastor durante a minha vida até este dia, 16o Anjo que me tem livrado de todo mal, abençoe estes meninos! Que por meio deles seja lembrado o meu nome e o nome de meus pais Abraão e Isaque! Que cresçam e se tornem uma multidão sobre a terra. 17José viu que seu pai havia posto a mão direita sobre a cabeça de Efraim e isto não lhe agradou. Pegou a mão de seu pai para mudá-la da cabeça de Efraim para a cabeça de Manassés. 18E José disse ao pai: — Não assim, meu pai, pois o primogênito é este; ponha a mão direita sobre a cabeça dele. 19Mas seu pai recusou e disse: — Eu sei, meu filho, eu sei. Ele também será um povo, também ele será grande. Mas o seu irmão menor será maior do que ele, e a sua descendência será uma multidão de nações. 20Assim, os abençoou naquele dia, declarando: — Por vocês Israel abençoará, dizendo: “Deus faça com você como fez com Efraim e com Manassés.” E assim Israel pôs Efraim antes de Manassés. 21Depois Israel disse a José: — Eis que estou morrendo, mas Deus estará com vocês e os fará voltar à terra de seus pais. 22Dou a você uma parte a mais que a seus irmãos, um declive montanhoso, o qual tomei das mãos dos amorreus com a minha espada e com o meu arco.

13Depois José pegou os dois filhos e os colocou diante do pai. Pegou Efraim com a mão direita, para que ficasse à esquerda de Israel, e Manassés com a mão esquerda, para que ficasse à direita de Israel. Começa agora o ritual de bênção. José arranja o cenário para dar a Manassés a bênção maior, colocando-o diretamente sob a mão direita.

14Mas Israel estendeu a mão direita e a pôs sobre a cabeça de Efraim, que era o mais novo, e pôs a mão esquerda sobre a cabeça de Manassés, cruzando assim as mãos, mesmo sendo Manassés o primogênito. Deliberadamente, o patriarca inverte a posição dos filhos. Efraim alcançará destaque no futuro, especialmente quando Josué, um efraimita, assumir a liderança da nação.

15E Israel abençoou José, dizendo: — O Deus em cuja presença andaram meus pais Abraão e Isaque, o Deus que tem sido o meu pastor durante a minha vida até este dia... Jacó abençoa da mesma forma como seu pai o abençoou (Gn 27.27-29). Ao se tornarem parte da família da aliança, Efraim e Manassés tornam-se também herdeiros de todas as suas bênçãos divinas.

Jacó liga seus netos - agora filhos adotados - a seu próprio pai e ao seu avô. As promessas da aliança de Deus a Abraão e a Isaque são certas porque eles caminharam diante de Deus. Para que seus herdeiros também experimentem as bênçãos prometidas, eles também precisam andar diante dele.

15... Deus que tem sido o meu pastor durante a minha vida até este dia... Jacó reconhece Deus como o pastor especial de sua vida. O próprio Deus, pessoalmente, cuidou de Jacó e ele reconhece isso.

16o Anjo que me tem livrado de todo mal, abençoe estes meninos! Que por meio deles seja lembrado o meu nome e o nome de meus pais Abraão e Isaque! Que cresçam e se tornem uma multidão sobre a terra. O Deus encarnado (“o Anjo”) lutou com Jacó e, tendo ouvido seu clamor para ser abençoado, o abençoou. Jacó conheceu a realidade da presença de Deus por meio de experiências próprias.

17José viu que seu pai havia posto a mão direita sobre a cabeça de Efraim e isto não lhe agradou. Pegou a mão de seu pai para mudá-la da cabeça de Efraim para a cabeça de Manassés. José expressa sua objeção imediatamente após Jacó cruzar as mãos. José acreditava que era errado desconsiderar os direitos de primogenitura.

19Mas seu pai recusou e disse: — Eu sei, meu filho, eu sei. Ele também será um povo, também ele será grande. Mas o seu irmão menor será maior do que ele, e a sua descendência será uma multidão de nações. O patriarca, capacitado por Deus, é maior do que o governador do Egito. Esse é um toque irônico. O Isaque cego abençoou Jacó sem saber. Jacó, apesar de praticamente cego, sabe e segue voluntariamente o plano não convencional de Deus.

Os caminhos de Deus em graça soberana ignoram os caminhos humanos da convenção social. Em Gênesis, Deus muitas vezes escolhe o filho mais jovem, não o mais velho, como portador da herança.

A tribo de Efraim experimentou o cumprimento da promessa de Deus em seu espetacular crescimento numérico.

20Assim, os abençoou naquele dia, declarando: — Por vocês Israel abençoará, dizendo: “Deus faça com você como fez com Efraim e com Manassés.” E assim Israel pôs Efraim antes de Manassés. As tribos de José tornam-se o paradigma da fertilidade e da bênção de Deus.

21Depois Israel disse a José: — Eis que estou morrendo, mas Deus estará com vocês e os fará voltar à terra de seus pais. Jacó profetiza o retorno do povo da aliança para a terra da promessa.

A adoção de filhos

João 1.10 O Verbo estava no mundo, o mundo foi feito por meio dele, mas o mundo não o conheceu. 11Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. 12Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome, 13os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.

João ensina que os indivíduos se tornam "filhos" de Deus — sendo Jesus o único "Filho unigênito" — ao receberem Cristo pela fé. Ao contrário do nascimento biológico, o novo nascimento é uma ação divina. As pessoas são consideradas "filhos" de Deus em um momento específico: o novo nascimento.

O livro de Gênesis narra a história do administrador do Egito, visto pelos egípcios como seu salvador. José recebe de seu pai a missão de proteger e guiar a família de volta à terra prometida. Em reconhecimento à sua lealdade, Jacó adotou seus dois filhos primogênitos como herdeiros, incluindo- os em sua própria linhagem. Assim, dois nascidos no Egito se tornam herdeiros das promessas divinas para Israel.

Jesus recebeu do Pai a missão de resgatar seus filhos, dentre os filhos da desobediência (Ef 2.2-3). A doutrina da adoção ensina que os que antes eram filhos da ira foram integrados à família de Deus. Isso ocorreu devido à lealdade de Jesus Cristo, que suportou o exílio para que todos os que nele confiassem se tornassem também filhos e herdeiros de Deus. O filho unigênito de Deus enfrentou o abandono, a ira e a rejeição do Pai na cruz do Calvário; e com isso, todos os que mereciam a punição, se tornaram filhos de Deus.

A confissão de Londres de 1689 ensina:

Em seu único Filho, Jesus Cristo, e, por causa dEle, Deus deliberou fazer participantes da graça da adoção todos quantos são justificados. Por essa graça eles são recebidos no número dos filhos de Deus, e desfrutam das liberdades e privilégios dessa condição; recebem sobre si o nome de Deus; recebem o espírito de adoção; têm acesso com ousadia ao trono de graça, e clamam Aba, Pai; recebem compaixão, proteção, e a provisão de suas necessidades. E são castigados por Deus, como por um pai; porém, jamais são lançados fora, pois estão selados para o dia da redenção. E herdam as promessas, na qualidade de herdeiros da salvação eterna.

Vivendo como filhos de Deus

Gênesis 48.5 E agora os seus dois filhos, que lhe nasceram na terra do Egito antes que eu viesse para junto de você aqui no Egito, são meus. Efraim e Manassés serão meus, assim como Rúben e Simeão são meus.

Três ênfases teológicas de Gênesis:

  • ●  DEUS – Deus, em sua soberania, nos adota em sua família. Assim como Israel decidiu soberanamente que os dois filhos de José, nascidos no Egito e de mãe egípcia, seriam herdeiros de suas promessas, Deus, por sua própria vontade, escolheu dentre aqueles que eram filhos da ira para fazer parte de sua família, a igreja.

    Fazer parte de uma igreja vai além de simplesmente pertencer a uma comunidade, comparecer a reuniões e participar de atividades. Ser membro de uma igreja é declarar publicamente e viver intencionalmente como filho de Deus.

  • ●  GRAÇA – Os descendentes de José foram incluídos entre as tribos de Israel, não por mérito próprio, mas pela extensão graciosa da promessa e da bênção divina. Deus, em sua graça, concedeu suas preciosas promessas àqueles que mereciam a sua condenação.

    A graça divina abrange a possibilidade de que crentes fiéis cometam pecados graves. Nesse sentido, o autor de Hebreus adverte que Deus disciplina Seus filhos como um pai amoroso.

    Hebreus 12. 6 porque o Senhor corrige a quem ama e castiga todo filho a quem aceita.

  • ●  HOMENS – Os filhos de Deus não vivem uma vida de escravidão, mas desfrutam o privilégio do relacionamento pessoal com Deus. Como moradores do Egito, os filhos de José estavam sujeitos aos acontecimentos dramáticos dos egípcios, porém, Jacó os coloca em um novo relacionamento com a família pactual.

    Paulo afirmou:

    Romanos 8.15 Porque vocês não receberam um espírito de escravidão, para viverem outra vez atemorizados, mas receberam o Espírito de adoção, por meio do qual clamamos: “Aba, Pai.”

John Owen sobre a comunhão com Pai por meio do Filho disse:

Não existe homem que não tenha alguma carência quanto às coisas de Deus, mas Cristo será para ele aquilo de que necessita. Ele está morto? Cristo é a vida. Está fraco? Cristo é tanto o poder quanto a sabedoria de Deus. Ele tem sentimento de culpa sobre si? Cristo é a justiça perfeita. Muitas pobres criaturas sentem suas carências, mas não sabem onde está o remédio para elas. De fato, seja vida, seja luz, seja poder, seja alegria, tudo está em Cristo.51

Conclusão

A adoção de Efraim e Manassés por Jacó ilustra a graça divina que, em Cristo, elege e integra os filhos da ira em sua família santa. Justificados, recebemos o status de filhos, o Espírito de adoção, a ousadia de clamar "Aba, Pai", e a herança eterna, mesmo com disciplina. A adoção transforma crentes, conferindo-lhes um novo relacionamento com Deus e privilégios de herdeiros, independentemente de mérito.


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