O Arauto do Rei
Mateus 3.1 Naqueles dias, apareceu João Batista pregando no deserto da Judeia. 2Ele dizia: — Arrependam-se, porque está próximo o Reino dos Céus. 3Pois é a João que se refere o que foi dito por meio do profeta Isaías: “Voz do que clama no deserto: Preparem o caminho do Senhor, endireitem as suas veredas.” 4João usava uma roupa feita de pelos de camelo e um cinto de couro. O seu alimento eram gafanhotos e mel silvestre. 5Então os moradores de Jerusalém, de toda a Judeia e de toda a região em volta do Jordão iam até onde ele estava. 6E, confessando os seus pecados, eram batizados por ele no rio Jordão. 7Quando João viu que muitos fariseus e saduceus vinham ao seu batismo, disse-lhes: — Raça de víboras! Quem deu a entender que vocês podem fugir da ira que está por vir? 8Produzam fruto digno de arrependimento! 9E não pensem que podem dizer uns aos outros: “Temos por pai Abraão”, porque eu afirmo a vocês que Deus pode fazer com que destas pedras surjam filhos a Abraão. 10E o machado já está posto à raiz das árvores. Portanto, toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo. 11Eu batizo vocês com água, para arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de carregar as sandálias. Ele os batizará com o Espírito Santo e com fogo. 12Ele tem a pá em suas mãos, limpará a sua eira e recolherá o seu trigo no celeiro; porém queimará a palha num fogo que nunca se apaga.
Após as introduções necessárias, o evangelista Mateus inicia os temas centrais de seu evangelho com a proclamação da vinda do Reino, que se estende de 3.1 a 7.29. Nessa primeira grande seção, inserida na estrutura de cinco sermões de Mateus, o foco inicial é a preparação para a chegada desse Reino.
Concordando com os outros evangelhos, Mateus introduz o ministério de Jesus com o de João Batista. De forma concisa, o evangelista omite detalhes da juventude de Jesus e da história de João, buscando uma imersão dramática na narrativa. A tradição cristã silenciou quase por completo sobre o período conhecido como "os anos da obscuridade" em Nazaré, no qual Jesus "cresceu em sabedoria e em estatura".
Os primeiros pregadores do Evangelho estavam, primordialmente, focados nos eventos da vida de Jesus que se iniciavam com o seu batismo, considerados mais relevantes.
Deus voltava a falar por meio de um novo profeta que conclamava o povo ao arrependimento e anunciava a chegada de alguém ainda mais importante. Trata-se de uma referência a uma figura importante que está prestes a se manifestar ou fazer sua entrada pública. Nesses casos, um arauto o precede, encarregado de preparar o caminho,
remover os obstáculos e organizar tudo para a sua chegada. Diante da iminente chegada do Rei, qual é a urgência e a autenticidade do arrependimento pessoal?
O Ministério de João Batista: Preparação para o Rei
A origem, o nascimento e o significado de João Batista são descritos em detalhes em Lucas (Lc1.5-25, 57-80). Mateus se concentra no papel de João como precursor do Rei — O anunciador do Messias.
O pregador. 3.1-3
Mateus 3.1 Naqueles dias, apareceu João Batista pregando no deserto da Judeia. 2Ele dizia: — Arrependam-se, porque está próximo o Reino dos Céus. 3Pois é a João que se refere o que foi dito por meio do profeta Isaías: “Voz do que clama no deserto: Preparem o caminho do Senhor, endireitem as suas veredas.”
Mateus 3.1 Naqueles dias, apareceu João Batista pregando no deserto da Judeia. João recebeu o nome de João Batista devido à grande importância do batismo em seu ministério. Ele iniciou sua pregação no “deserto da Judeia”, uma área com limites pouco definidos que incluía a porção mais baixa do vale do Jordão, ao norte do mar Morto, e a região imediatamente a oeste dele. Trata-se de um local extremamente quente e, com exceção do próprio rio Jordão, muito seco, embora não desabitado. A região era utilizada como pastagem e abrigava comunidades essênias.
2Ele dizia: — Arrependam-se, porque está próximo o Reino dos Céus. A pregação de João Batista se estruturava em dois pontos centrais. O primeiro era o imperativo ao arrependimento (metanoia), um chamado comum dos profetas para o retorno à aliança com Yahweh. Esse termo implica uma transformação radical da pessoa, que vai além de uma mera mudança intelectual, de pesar ou de penitência. Envolve uma guinada fundamental de mente e ação, resultando no “fruto digno de arrependimento”, pois as ações humanas são vistas como fundamentalmente desviadas e necessitadas de correção drástica.
João dirigia esse apelo com especial fervor aos líderes religiosos da época (3.7,8). O renomado teólogo e erudito batista reformado John Gill observou:
“João convida todos eles, sem qualquer distinção, a se arrependerem; e, por meio deste, ataca tacitamente a doutrina da justificação pelas obras, que eles abraçaram, à qual a doutrina do arrependimento é diretamente oposta ...”
O Evangelho, de maneira muito pertinente, apresenta a exortação ao arrependimento antes da chegada do reino dos céus. Isso ocorre porque, sem o arrependimento, não pode haver uma aceitação verdadeira e sincera — nem entrada — na dispensação do Evangelho, que é o reino dos céus.
O segundo pilar da pregação de João era a proclamação da proximidade do reino dos céus, servindo como base para o arrependimento. Desde o Antigo Testamento, havia uma expectativa crescente da intervenção divina para estabelecer a justiça, esmagar a oposição e renovar o universo. Embora houvesse pouca unanimidade no século I quanto à natureza exata desse reino messiânico, uma visão popular incluía o fim do domínio romano e a instauração de paz e prosperidade.
João Batista afirmava que este Reino "está próximo" (3.2; 4.17). Enquanto os judeus se referiam ao Messias como “aquele que haveria de vir” (11.3) e à era messiânica como a “era que há de vir” (Hb 6.5), João anunciava sua chegada iminente.
A natureza dinâmica do conceito de “Reino”, combinada com a ambiguidade da expressão “está próximo”, aponta para um tema recorrente: a manifestação do Reino por meio da pregação e dos milagres de Jesus, sua concretização em Sua morte e ressurreição, e sua plena realização no fim dos tempos.
Um ponto a ser destacado é a constante interligação entre o anúncio do Reino e o arrependimento. Assim como o anjo revelou a José que o propósito primário de Jesus era salvar Seu povo do pecado (1.21), o primeiro anúncio do Reino está intrinsecamente ligado ao arrependimento e à confissão de pecados (3.6). Esses temas permanecem entrelaçados ao longo do Evangelho de Mateus e se tornam mais claros à medida que a narrativa avança.
3Pois é a João que se refere o que foi dito por meio do profeta Isaías: “Voz do que clama no deserto: Preparem o caminho do Senhor, endireitem as suas veredas.” O versículo 3 serve de base para a pregação de João Batista, conforme descrito no versículo 2. Trata-se de uma das onze citações diretas do Antigo Testamento feitas por Mateus.
Isaías 40.3 Uma voz clama: “No deserto preparem o caminho do Senhor! No ermo façam uma estrada reta para o nosso Deus! 4Todos os vales serão levantados, e todos os montes e colinas serão rebaixados; o que é tortuoso será retificado, e os lugares ásperos serão aplanados. 5A glória do Senhor se manifestará, e toda a humanidade a verá, pois a boca do Senhor o disse.”
A metáfora da construção de uma estrada para “endireitar” o caminho de Yahweh refere-se ao arrependimento.
Em Mateus 3.3, contudo, o caminho é o do Senhor Jesus. Essa identificação de Jesus com Yahweh (o Senhor) é recorrente no Novo Testamento e estabelece que o Reino é tanto o Reino de Deus quanto o Reino de Jesus.
Embora a divindade de Cristo esteja apenas implícita nestes textos, a implicação claramente transcende a ideia de Jesus ser um mero enviado real. Mateus, ao citar João Batista como “a voz”, indica que a era escatológica já está despontando com a vinda de Jesus.
A vida do pregador. 3.4-6
4João usava uma roupa feita de pelos de camelo e um cinto de couro. O seu alimento eram gafanhotos e mel silvestre. 5Então os moradores de Jerusalém, de toda a Judeia e de toda a região em volta do Jordão iam até onde ele estava. 6E, confessando os seus pecados, eram batizados por ele no rio Jordão.
4João usava uma roupa feita de pelos de camelo e um cinto de couro. O seu alimento eram gafanhotos e mel silvestre. A vestimenta de João Batista, feita de “pelos de camelo e um cinto de couro”, não apenas indicava uma condição de pobreza, mas também estabelecia uma clara conexão com o profeta Elias. Tanto a roupa quanto a alimentação austera sugerem um homem habituado à vida no deserto, um estilo de vida que o associava aos profetas.
O ministério de Elias e o de João Batista foram marcados pela dureza e pela austeridade. Sua vestimenta e alimentação simples serviam como um testemunho que confirmava a mensagem que pregavam e, ao mesmo tempo, condenava a idolatria da busca por conforto físico e espiritual.
Os pregadores precisam zelar com grande cuidado por suas próprias vidas. Embora Deus não exija perfeição de seus ministros, Ele requer uma conduta exemplar em áreas cruciais, como vida familiar, relacionamentos, doutrina e finanças (1Tm 3.1-7).
5Então os moradores de Jerusalém, de toda a Judeia e de toda a região em volta do Jordão iam até onde ele estava. João Batista causou um impacto estrondoso, atraindo multidões de locais distantes que vinham para ouvir sua pregação e serem batizadas por ele.
Para ouvir as boas-novas do evangelho, é necessário um esforço pessoal e um coração quebrantado e contrito.
6E, confessando os seus pecados, eram batizados por ele no rio Jordão. A lei estipulava a confissão do pecado como uma responsabilidade individual pelos erros cometidos (Lv 5.5; 26.40; Nm 5.6,7; Pv 28.13). No entanto, o texto grego não especifica se a confissão exigida era individual ou coletiva, nem se ocorria simultaneamente ou antes do batismo. João Batista, por sua vez, demandava uma conduta reta como pré-requisito essencial para que o batismo fosse aceitável diante de Deus. Dado que João Batista conclamava as pessoas ao arrependimento e ao batismo como preparação para a chegada do Messias, é razoável inferir que a renúncia pública ao pecado era uma condição prévia ao batismo.
O texto não fornece base doutrinária para a exigência católica- romana de confissão auricular de pecados a um sacerdote autorizado pela Cúria Romana. A confissão de pecado, conforme o texto, relaciona-se mais com a atitude do confessor de abandonar os seus pecados.
A mensagem do pregador. 3.7-12
7Quando João viu que muitos fariseus e saduceus vinham ao seu batismo, disse-lhes: — Raça de víboras! Quem deu a entender que vocês podem fugir da ira que está por vir? 8Produzam fruto digno de arrependimento! 9E não pensem que podem dizer uns aos outros: “Temos por pai Abraão”, porque eu afirmo a vocês que Deus pode fazer com que destas pedras surjam filhos a Abraão. 10E o machado já está posto à raiz das árvores. Portanto, toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo. 11Eu batizo vocês com água, para arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de carregar as sandálias. Ele os batizará com o Espírito Santo e com fogo. 12Ele tem a pá em suas mãos, limpará a sua eira e recolherá o seu trigo no celeiro; porém queimará a palha num fogo que nunca se apaga.
7Quando João viu que muitos fariseus e saduceus vinham ao seu batismo, disse-lhes: — Raça de víboras! Quem deu a entender que vocês podem fugir da ira que está por vir? É possível que muitos fariseus e saduceus se dirigissem ao batismo com a mesma ostentação que marcava suas demais práticas religiosas. Eles demonstravam publicamente estar preparados para o Messias; contudo, o arrependimento de seus pecados não era genuíno.
Nenhum de nós, por sermos ortodoxos ou profundamente bíblicos em nossas práticas religiosas, deve presumir que isso nos coloca no favor de Deus e nos isenta da necessidade de arrependimento.
8Produzam fruto digno de arrependimento! 9E não pensem que podem dizer uns aos outros: “Temos por pai Abraão”, porque eu afirmo a vocês que Deus pode fazer com que destas pedras surjam filhos a Abraão. A chegada do Reino de Deus exige arrependimento, e sua ausência acarreta julgamento. É crucial que esse arrependimento seja genuíno.
Para evitar a “ira que está por vir”(v. 7), nosso estilo de vida deve estar em plena consonância com a confissão oral de arrependimento (v. 8). A mera descendência de Abraão não é suficiente (v. 9). O Antigo Testamento demonstra que Deus frequentemente eliminava muitos israelitas, preservando apenas um remanescente. O versículo 9, além de repreender a hipocrisia dos líderes que se consideravam justos, sublinha que a participação no Reino é fruto da graça, estendendo suas fronteiras para além da nação de Israel e das distinções étnicas.
O evangelista utiliza três figuras de linguagem direta para descrever a chegada do Rei: O lenhador, o Purificador e o Divisor. Charles Spurgeon disse:
“Assim, o arauto preparou o povo para o Rei, que seria o purificador, o lenhador e o divisor. Minha alma, contemple o seu Senhor sob esses aspectos e o adore!”
10E o machado já está posto à raiz das árvores. Portanto, toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo. Da mesma forma que o Reino já está irrompendo, também o julgamento se aproxima; ambos são inseparáveis. Pregar o Reino é pregar arrependimento; toda árvore, independentemente de suas raízes, que não produzir bom fruto será destruída.
“Ele indica que o Rei está vindo; o cortador de todas as árvores infrutíferas chegou. O grande lenhador pôs seu machado à raiz das árvores. Ele ergue o seu machado, golpeia, e a árvore infrutífera é abatida e lançada ao fogo. O relato é vívido. O Batista vê florestas caindo sob o machado, pois aquele a quem ele anuncia será o juiz dos homens e o executor da justiça. Que anúncio ele tinha para fazer! Que imagem os seus olhos crentes viram! Nossa visão é a mesma: o machado ainda está ativo. Senhor, não me cortes nem me lances ao fogo. Eu sei que a ausência de bom fruto é tão fatal quanto a presença de fruto mau. Senhor, não me deixes ser infrutífero, para que eu não seja cortado e lançado no fogo.”
11Eu batizo vocês com água, para arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de carregar as sandálias. Ele os
batizará com o Espírito Santo e com fogo. João Batista contrapõe seu batismo ao daquele que virá depois dele, que é descrito como “mais poderoso” — expressão utilizada no Antigo Testamento para se referir a Deus. Isso inverte a ordem habitual, na qual o sucessor costuma ser o discípulo, o menor. Entretanto, o papel especial de João é o de precursor, responsável por anunciar a figura messiânica.
Apesar de ser o pregador mais proeminente em Israel por séculos, João afirma não ser digno nem mesmo de “carregar” as sandálias do que está por vir. Seu ministério tinha como objetivo preparar o caminho para o Senhor, conclamando o povo ao arrependimento. O batismo que realizava era essencialmente preparatório e apontava para aquele que traria o batismo definitivo, inaugurando a era messiânica com Espírito e com fogo.
Assim, a intenção do evangelista Mateus não era contrastar dois tipos de batismos, mas dois tipos de ministérios.
A imagem do “Batismo com o Espírito Santo” tem raízes profundas no Antigo Testamento, como se observa em passagens como Ezequiel 36.25-27; 39.29 e Joel 2.28. Por exemplo, o profeta Ezequiel declara:
Ezequiel 36.25-27: "Então aspergirei água pura sobre vocês, e vocês ficarão purificados. Eu os purificarei de todas as suas impurezas e de todos os seus ídolos. Eu lhes darei um coração novo e porei dentro de vocês um espírito novo. Tirarei de vocês o coração de pedra e lhes darei um coração de carne. Porei dentro de vocês o meu Espírito e farei com que andem nos meus estatutos, guardem e observem os meus juízos."
Enquanto o batismo em água ministrado por João estava associado ao arrependimento, aquele para quem ele preparava o caminho administraria o batismo com o Espírito e fogo, que purifica e refina. Em uma época em que muitos judeus criam que o Espírito Santo havia se retirado até a chegada da era messiânica, esse anúncio era recebido com grande expectativa.
12Ele tem a pá em suas mãos, limpará a sua eira e recolherá o seu trigo no celeiro; porém queimará a palha num fogo que nunca se apaga. A chegada do Messias representará um julgamento, no qual o bom (o trigo) será separado do mau (a palha). João Batista utiliza a imagem do forcado de joeirar, que lança o trigo e a palha ao ar: o vento espalha a palha, por ser leve, enquanto o trigo, mais pesado, cai para ser recolhido. A palha, então, é ajuntada e queimada, deixando a eira completamente limpa.
Charles Spurgeon acrescenta vivacidade a advertência do pregador:
“O ensino de nosso Senhor agirá como uma grande pá, recolhendo os verdadeiros e lançando fora os falsos e inúteis, para que sejam destruídos. Foi assim na vida de nosso Senhor; é assim todos os dias, onde Ele é pregado. Ele é o grande divisor. É por sua Palavra que separa os pecadores dos santos e reúne um povo para si mesmo.”
O “fogo que nunca se apaga” simboliza o temível julgamento escatológico (o inferno, conforme Mateus 5:29). A separação realizada pelo Messias, na qual a palha é queimada, aponta para essa realidade. Assim, a iminente chegada do Reino de Deus exige um arrependimento urgente, genuíno e que se manifeste por meio de frutos visíveis.
O inferno é uma realidade definitiva e inegável; sua existência permanece verdadeira independentemente de ser negada.
Diante disso, a iminente chegada do Reino de Deus exige um arrependimento urgente, autêntico e frutífero. Contudo, essa resposta não brota da capacidade humana, mas é produzida pela intervenção soberana de Deus — aquilo que a teologia reformada denomina Chamado Eficaz.
A Doutrina do Chamado Eficaz
Gênesis 12.1O Senhor disse a Abrão: — Saia da sua terra, da sua parentela e da casa do seu pai e vá para a terra que lhe mostrarei. 2Farei de você uma grande nação, e o abençoarei, e engrandecerei o seu nome. Seja uma bênção! 3Abençoarei aqueles que o abençoarem e amaldiçoarei aquele que o amaldiçoar. Em você serão benditas todas as famílias da terra. 4Partiu, pois, Abrão, como o Senhor lhe havia ordenado. E Ló foi com ele. Abrão tinha setenta e cinco anos quando saiu de Harã.
O chamado de Deus a Abrão é uma das passagens mais centrais de todo o Antigo Testamento. Nele, Deus coloca Abrão no centro de Seu plano para reverter tudo o que se desfez desde a expulsão de Adão e Eva do Éden. Esse chamado exige de Abrão uma fé tremenda: ele deve deixar para trás a segurança de sua terra, sua parentela e toda sua estrutura familiar, para então seguir rumo a uma terra desconhecida. Ali, confiando unicamente na promessa de divina, Abraão receberá descendência e território — dois elementos essenciais para que venha a se tornar uma “grande nação”.
Os crentes devem ser guiados, em todos os aspectos de suas vidas, pela preocupação de agradar ao Senhor que os “chamou” para relacionar-se com Ele.
O conceito de chamado, nesse caso, está relacionado à conversão: Deus chamou pessoas para estarem eternamente com Cristo.
O chamado do Rei, por meio de seus arautos, não é meramente um convite, mas um chamado pessoal e eficaz, que desperta a fé e o arrependimento no coração do indivíduo. É por meio desse chamado que o pecador, outrora morto em seus delitos e pecados, é vivificado pelo Espírito Santo e capacitado a responder em obediência. O chamado, portanto, não é apenas o início da vida cristã, mas também a garantia da perseverança, pois aquele a quem Deus chama, Ele também justifica e glorifica.
O chamado é efetivo
Podemos definir o chamado como um ato exclusivo de Deus, realizado por meio da pregação do evangelho da graça, pelo qual Ele convoca as pessoas a si mesmo, de modo incondicional, para responderem com fé salvífica.
A pregação humana é o meio utilizado por Deus para chamar os homens. O papel dos crentes é esclarecer a mensagem do evangelho, enquanto Deus a torna eficaz.
Elementos do chamado de Deus
resumida em quatro pontos principais:
● Deus, em Sua soberania, criou tudo para a Sua própria glória. ● Adão pecou, e toda a humanidade pecou com ele,
nossos pecados e assumir a nossa culpa.
2. O convite ao arrependimento e à fé no evangelho de Cristo. Deus promete o perdão de todos os pecados e a vida eterna para àqueles que se arrependem, confiam em seu evangelho e respondem ao Seu chamado.
3. A promessa de perdão e vida eterna.
O que acontece quando o chamado é atendido? (Evidências)
A conversão é a resposta pessoal e espontânea ao chamado de Deus, na qual o indivíduo se arrepende de seus pecados e confia em Cristo para a salvação. Uma vez que Deus chama os eleitos por meio da pregação e regenera seus corações, o arrependimento e a fé tornam-se a resposta necessária. A conversão não é apenas a aceitação mental de verdades sobre Jesus, mas uma confiança absoluta em que Ele pode salvar. Trata-se de uma mudança de confiança, na qual o indivíduo deposita toda a sua fé em Cristo.
Os dois aspectos envolvidos nessa confiança são arrependimento e fé.
● Arrependimento é a admissão consciente da verdade do evangelho e a disposição de mudar de atitude em relação ao pecado, reconhecendo que todos pecaram.
● Fé é a confiança consciente na veracidade do evangelho e de todos os fatos narrados nele, especialmente na história de Jesus
Aplicações
Mateus 3.2 Ele dizia: — Arrependam-se, porque está próximo o Reino dos Céus.
Quando o rei chama pessoas por meio de seus arautos, todos os setores da vida são transformados.
● O Rei
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O chamado do Rei é direto, soberano e imperativo. Sua natureza altera por completo a escala de prioridades daqueles que o seguem.
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O chamado é para um relacionamento. O Rei confere muito mais valor à nossa essência e ao caráter que desenvolvemos do que às nossas ações ou realizações. Por isso, é fundamental que haja uma transformação completa no caráter daqueles que recebem o chamado.
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A resposta ao chamado deve ser imediata e pronta. Os seguidores do Rei têm o dever de obedecer sem hesitação ou restrições.
● O Reino
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O chamado gera um profundo amor pelo Rei e por Seu Reino. Consequentemente, o indivíduo se dedica de forma natural e voluntária à Palavra de Deus e se engaja ativamente em sua igreja local.
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Compromisso de lealdade com o Reino por meio do batismo e da Ceia. O convertido assume publicamente e conscientemente sua lealdade ao Senhor Jesus.
Conclusão
Os cristãos são aqueles que, ao responderem ao chamado de Deus por meio do evangelho, se arrependem de seus pecados e se voltam para Cristo com fé, resultando em uma mudança de vida evidente, produzida pelo Espírito Santo.
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