Discipulado: Discípulo discipula
Efésios 4.7 E a graça foi concedida a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo. 8Por isso diz: “Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e concedeu dons aos homens.” 9Ora, o que quer dizer “ele subiu”, senão que também havia descido até as regiões inferiores da terra? 10Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para encher todas as coisas. 11E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, 12com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, 13até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado de pessoa madura, à medida da estatura da plenitude de Cristo, 14para que não mais sejamos como crianças, arrastados pelas ondas e levados de um lado para outro por qualquer vento de doutrina, pela artimanha das pessoas, pela astúcia com que induzem ao erro. 15Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, 16de quem todo o corpo, bem-ajustado e consolidado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio crescimento para a edificação de si mesmo em amor.
Como vimos anteriormente, ser discípulo de Jesus significa orientar toda a nossa vida ao padrão de Jesus. “O discípulo é um pecador perdoado aprendendo Cristo em arrependimento e fé” (Colin Marshall e Tony Payne – Projeto Videira). O discípulo cultiva um estilo de vida próprio que é denominado de discipulado. Discipulado é o termo que utilizamos para designar o ato de seguir a Cristo. Seguir Jesus está relacionado com conhecer e desfrutar de Cristo, aprender e ser santificado por Cristo e ensinar Cristo às outras pessoas. Em outras palavras, um discípulo é alguém que segue e ajuda outras pessoas a seguirem Cristo - alguém que discipula. O cristão trabalha pelo bem de outras pessoas enquanto sua própria vida é transformada. Nós discipulamos, ensinamos e advertimos para apresentar as pessoas que amamos a Deus, porque é a ele quem amamos verdadeiramente, porque foi ele quem mais nos amou. Esse amor ao próximo é o ponto fundamental do fazer discípulos. Servimos às pessoas por causa de Cristo.
Em resumo, a vida dos seguidores de Jesus, deve ser dedicada a ajudar outras pessoas a seguirem Jesus. Essa é a definição mais singela de discipular: ajudar outras pessoas a seguirem Cristo. O que significaria, para você, entregar-se a esse padrão bíblico de discipulado?
Dever em seu livro “Discipulado”:
Se você nunca viu porcos se aproximando de um cocho na hora da comida, talvez consiga imaginar a cena. Eles se empurram, se atropelam e grunhem. Engolem o máximo possível, sem pensar nos outros. Aqui cabe uma pergunta cômica, que vale a pena ser considerada por um momento: "Foi assim que você participou do culto na igreja, no domingo passado?" Não, não estou chamando você de porco. Mas pare e pense: onde você estacionou o carro? A que horas chegou à igreja? Onde se sentou? Com quem falou? Cada uma dessas decisões lhe deu uma oportunidade de se entregar ao bem alheio e, assim, unir-se à obra de Cristo ou deu-lhe a chance de cuidar de si e fazer o que é melhor para si mesmo? Você
estabeleceu estratégias, de forma consciente, para abençoar outras pessoas com cada uma dessas decisões?
Mark conclui:
A fé cristã verdadeira não se assemelha à alimentação de porcos. Ela não procura apenas a satisfação própria e tampouco é preguiçosa. Ela é ativa: trabalha em favor do próximo. Ela opera com a energia suprida pelo Deus que atua com poder em nós. Age por meio da pregação, da admoestação e do ensino. Tudo isso para que o próximo seja apresentado maduro em Cristo no dia de sua vinda.
A vida dedicada a fazer discípulos é uma vida voltada ao próximo. Ela atua no poder de Deus para anunciar Cristo e levar as pessoas a serem maduras nele. Esse é o padrão que enxergamos na Bíblia.
BASE BÍBLICA
Efésios 4.7 E a graça foi concedida a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo. 8Por isso diz: “Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e concedeu dons aos homens.” 9Ora, o que quer dizer “ele subiu”, senão que também havia descido até as regiões inferiores da terra? 10Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para encher todas as coisas. 11E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, 12com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, 13até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado de pessoa madura, à medida da estatura da plenitude de Cristo, 14para que não mais sejamos como crianças, arrastados pelas ondas e levados de um lado para outro por qualquer vento de doutrina, pela artimanha das pessoas, pela astúcia com que induzem ao erro. 15Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, 16de quem todo o corpo, bem-ajustado e consolidado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio crescimento para a edificação de si mesmo em amor.
O Senhor concede dons espirituais aos seus discípulos para que possam edificar os outros discípulos. O que, então, essa passagem nos ensina a respeito dos dons espirituais concedidos a cada um para o discipulado dos santos?
A origem Cristológica do discipulado
Efésios 4.7 A cada um de nós foi dada a graça, conforme a medida com que Cristo distribuiu os dons. 8Por isso é que foi dito: “Quando ele subiu em triunfo às alturas, levou cativos muitos prisioneiros e deu dons aos homens”. 9Ora, o que significa “ele subiu”, senão que também havia descido às profundezas da terra? 10Aquele que desceu é o mesmo que subiu acima de todos os céus, a fim de encher todas as coisas.
O doador dos dons espirituais é o Cristo que ascendeu em triunfo aos céus. O discipulado tem origem no sacrifício e no triunfo de Cristo. Conforme a passagem, cada dom concedido à igreja é um dom de Cristo para a sua edificação. O que o apóstolo tem em mente, não é tanto uma subida/descida em termos espaciais, mas, a humilhação/morte e a exaltação/ressurreição de Cristo. Sendo que essa última trouxe a autoridade e o poder de Cristo. Como resultado ele concedeu, então, a sua igreja, tanto os dons, como principalmente, o Espírito Santo para edificá-la em unidade conduzindo-a para a maturidade (discipulado).
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Os dons pertencem a Cristo que os concedeu a igreja, e, é a igreja quem deve dirigir os crentes na utilização dos dons. Desse modo, qualquer tentativa de personificar os dons, atribuindo a si mesmo a propriedade ou a posse individual – ou de grupos – dos mesmos, torna-se uma afronta cruel e perversa a Cristo, que por meio de seu sacrifício pessoal na cruz triunfou, concedendo-os gratuitamente aos homens.
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Os crentes não podem reter os dons concedidos pela graça de Deus. Existem indivíduos que limitam, intencionalmente, a utilização dos dons para as pessoas que eles gostam, que tratam bem ou que fazem o que eles querem, do jeito que querem. Ninguém tem o direito de escolher como os dons serão usados ou em favor de quem serão utilizados, porque não foram eles que os conquistaram. Ademais, utilizar os dons para discipular pessoas que podem de alguma forma retribuir, ou simplesmente por egoísmo, não parece ser condizente com o tipo de serviço proposto na Bíblia. A igreja – local e depois universal - deve ser o eixo central e o ponto de partida da utilização dos dons.
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Os indivíduos, que por leniência ou desconhecimento desprezam os dons de Cristo, estão desprezando, eles mesmos, o próprio Jesus. Uma vez que foi ele mesmo que concedeu dons a igreja. Não podemos dar desculpas – em muitos casos apenas subterfúgios evasivos – para alimentar a nossa indolência. Qualquer pretexto para fugir das nossas responsabilidades para com o discipulado, torna-se apenas, motivo de desonra e desprezo ao Senhor Jesus que sofreu a humilhação e que foi exaltado pelo Pai.
A natureza essencial do discipulado: ensino
Efésios 4.11 Ele designou alguns para apóstolos; outros, para profetas; outros, para evangelistas; outros, para pastores e mestres, 12com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado,
Olhando com atenção para a descrição dos dons fornecida pelo apóstolo, observamos que os cinco dons têm relação direta com o ministério de ensino autoritativo da igreja – com a tarefa de governar dos presbíteros. Todos eles são designados como “dons” de Cristo para a igreja. Provavelmente, o que destaca os presbíteros na igreja local, mais do que qualquer outra tarefa, é o ensino.
Os presbíteros devem participar de todo o ensino da igreja:
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● Eles são responsáveis por modular o que é ensinado na congregação.
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● Os presbíteros devem proteger a igreja dos falsos ensinamentos. Os presbíteros precisam estar atentos em relação a pessoas ou ideias que distorcem o evangelho ou desvirtuam a Bíblia.
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● Os presbíteros precisam identificar a verdade. Talvez a coisa mais importante que os presbíteros possam fazer para proteger a igreja dos
falsos mestres e seus ensinamentos seja conhecer a autêntica verdade bíblica.
Uma atitude simples é deixar claro o que a igreja acredita e como as pessoas podem discutir possíveis pontos de discordância (exemplo: a Declaração de Fé e o Catecismo Nova Cidade são documentos oficiais que deixam claro quais são as bases teológicas da IRF). Além disso, os candidatos à membresia devem ouvir sobre as crenças da igreja antes de decidir-se unir a ela. As classes de novos membros precisam estudar os pontos mais controversos de maneira intencional.
● Finalmente, os presbíteros devem perpetuar o ensino. Todo presbítero deve treinar outros presbíteros. Parte do ensino da igreja é despertar a vocação em outros irmãos.
Em algumas áreas do nosso país, as igrejas e os irmãos estão sucumbindo diante da falta completa de ministros preparados e capacitados para conduzir o povo de Deus. As pessoas estão sedentas pelo evangelho transformador do Senhor Jesus. É grave e preocupante a incapacidade teológica e bíblica dos líderes de muitas igrejas. Ao mesmo tempo, na internet, todo tipo de ensino é disseminado como se fosse a boa Palavra de Deus e as pessoas estão sendo enganadas – e se permitindo enganar – sem a devida instrução. Portanto, torna-se urgente a formação de ministros plenamente capacitados e prontos para instruir o povo de Deus nas igrejas locais, como, também, a valorização daqueles que se empenham em cumprir com afinco a tarefa que lhes cabe.
O propósito do discipulado
Efésios 4.12 com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado,
No versículo 12, temos, portanto, dois propósitos interligados. Um que é imediato e outro que é consequente. O propósito imediato de Cristo ao conceder apóstolos, profetas, evangelistas e pastores-mestres para a sua igreja é que por meio do ministério da Palavra exercido por eles a comunidade seja equipada e treinada para exercer os mais variados ministérios. Como consequência derradeira: “o corpo de Cristo seja edificado”. Sendo assim, todos os dons, são essencialmente dons para o serviço.
Um ponto que não pode passar despercebido é o fato de que aprouve ao Cristo glorificado escolher edificar seu povo por meio de outras pessoas. É inegável que podemos e devemos estudar as Escrituras e procurar crescer e amadurecer na fé através de nossos esforços pessoais. Todavia, existe uma medida de crescimento que vai acontecer exclusivamente através do ministério de outras pessoas.
O limite do discipulado
Efésios 4.13 até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo.
O propósito dos dons concedidos para governar, treinar e ensinar a igreja é a edificação do corpo de Cristo até que... Paulo estabelece o limite do trabalho. Todavia, o que significa estes três termos usados pelo apóstolo? Qual é a medida do crescimento perfeito dos crentes?
1. 13a... alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus. Considerando a expressão em perspectiva dos versículos precedentes, torna-se inequívoco que o que Paulo tem em vista é que a igreja inteira - constituída não só dos apóstolos, profetas, evangelistas e pastores/mestres (12), mas de todos os demais crentes - seja fiel ao chamado que recebeu (1) de servir com o intuito de edificar o corpo de Cristo.
A questão não é temporal ou de progressão. Paulo não tem em mente um dia em que a igreja vai ser uma uniformidade. Ele não é um idealista frustrado. O apóstolo está relembrando um princípio básico: a unidade é promovida quando a igreja promove o conhecimento de Cristo. Por incrível que pareça, a comunidade pode se tornar outra coisa que não a promotora do conhecimento de Cristo. Isso acontece quando a ênfase central da igreja não é o conhecimento do Filho de Deus. Essa questão reacende a discussão em relação ao propósito da igreja local. Quando cumprimos os propósitos de Deus, naturalmente, alcançaremos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus.
2. 13b... e cheguemos à maturidade. A figura essencial é a de uma pessoa forte, madura e bem formada. Essa maturidade pode ser descrita como um indivíduo fisicamente robusto, em seu melhor estado emocional, sem defeito e espiritualmente capaz.
Do ponto de vista das Escrituras, a maturidade não é um estado de ascensão espiritual ou eclesiástica. Muito menos a condição de evolução do conhecimento dos crentes. A maturidade não é medida por critérios como tempo de conversão, experiências desastrosas e comportamento cáustico - às vezes essas coisas podem fazer a pessoa involuir. Quantos crentes parecem ter regredido à medida que o tempo passa. O Cristão maduro é aquele que não tem o seu coração dividido. Cada coisa tem o seu devido lugar.
3. 13c... atingindo a medida da plenitude de Cristo. É a plenitude daquele que cumpriu de maneira completa a missão terrena para a qual fora “ungido”, e que anseia conceder a todos os que creem nele salvação plena e perfeita.
Novamente, não são elementos modernos ou progressistas que estão em perspectiva. Paulo, não pensa em uma linha de chegada ou em uma jornada de vencedores. O que está em vista não são os indivíduos, mas o exemplo deixado por Cristo de obediência plena ao Pai.
Temos o escopo central da vida da igreja. Cada crente com seu próprio dom, treinados pelos líderes da igreja devem trabalhar para que Cristo seja apresentado, representado e evidenciado. Calvino disse: “Não devemos nos sentir envergonhados de sermos alunos da igreja, à qual Cristo confiou nossa educação”.
A maturidade plena
Efésios 4.14 O propósito é que deixemos de ser como crianças, levados de um lado para outro pelas ondas ou jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina, pela astúcia e pela esperteza de homens que induzem ao erro. 15Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em todas as coisas naquele que é a cabeça, Cristo.
De acordo com o texto, o protótipo da maturidade está caracterizado em termos negativos e positivos. As consequências de sua ausência e as marcas distintivas de sua presença.
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● 14a... deixemos de ser como crianças. Habilidosamente, Paulo compara a vida do imaturo com as tempestades do mar (levados de um lado para outro pelas ondas ou jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina). Paulo sabia muito bem o que era ser jogado de cá para lá ao sabor das ondas (At 27.14-44). As crianças instáveis são como barquinhos num mar tempestuoso, inteiramente à mercê dos ventos, das tempestades e ondas.
Do ponto de vista prático, os crentes imaturos na descrição do apóstolo, (pela astúcia e pela esperteza de homens que induzem ao erro) caem em qualquer armadilha teológica, não conhecem a palavra de Deus e consequentemente não podem resistir à artimanha dos homens. Ademais, não conseguem nunca chegar a convicções definitivas, são inconstantes e o pior, em muitos casos, pensam que já alcançaram a maturidade. As crianças gostam de emitir juízos acerca de assuntos que elas ainda não dominam e sempre tem a solução para as grandes questões. Finalmente, sempre existirá os impostores e os hipócritas para ameaçarem a fé. Por isso Deus nos deu a sua Palavra para lutarmos contra os ventos e tempestades das doutrinas falsas.
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● 15Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em todas as coisas naquele que é acabeça,Cristo. Aênfasedoapóstolorecaisobreacabeça,Cristoaqueleem quem devemos crescer e de quem vem o nosso crescimento. A cabeça é a fonte e a natureza da maturidade.
Agora, se perguntarmos como a igreja cresce para a maturidade, Paulo está com a resposta pronta: “seguindo a verdade em amor”. Quando os crentes permitem que a igreja seja jogada para lá e pra cá pelas lufadas ferozes dos falsos mestres eles a condenam à perpétua imaturidade. Ao invés disso, precisamos da verdade e do amor. John Stott observa:
Graças a Deus que há aqueles na igreja contemporânea que estão resolutos, custe o que custar, no sentido de defender e sustentar a verdade revelada por Deus. Mas às vezes revelam uma notável falta de amor. Outros cometem o erro oposto, estão resolutos, custe o que custar, a sustentar e demonstrar o amor... estão dispostos a sacrificar até mesmo as verdades centrais da revelação.
Nesse sentido, a verdade se torna árida se não for temperada pelo amor. O amor se torna lânguido se não for potencializado pela verdade. Jesus nos ensinou essa mistura em seu tratamento com as pessoas. O filho de Deus era capaz de advertir e admoestar as pessoas quanto aos seus desvios da vontade de Deus de forma direta e honesta. As pessoas, às vezes, se incomodam muito mais com a forma do que com o conteúdo.
Logo, a membresia da igreja é responsável por proteger a verdade da mensagem de Deus. Os crentes devem ser vigorosos em disciplinar os irmãos que ensinam em discordância com a revelação de Deus nas Escrituras. Portanto, o apóstolo chama a atenção para a labuta de todos os cristãos: deixarem as práticas de crianças - caracterizado pela instabilidade doutrinária e seguir a verdade de Deus aliada ao amor.
Edificação do corpo
Efésios 4.16 Dele, todo o corpo, ajustado e unido pelo auxílio de todas as juntas, cresce e edifica a si mesmo em amor à medida que cada parte realiza a sua função.
Paulo conclui esta seção, dizendo que Cristo, como cabeça, faz com que seu corpo, a igreja, exista e viva. Ele é o cabeça da igreja em todos os sentidos: espiritual, orgânico, vital e real. Como cabeça ele exerce sua liderança sobre a igreja, ele o faz, de fato, sobre todas as coisas em prol da igreja. Desse modo, a mensagem central que o apóstolo está transmitindo é que a igreja deve toda a sua edificação e maturidade a Cristo.
Ele acrescenta um ponto derradeiro. Tal como o corpo humano, quando devidamente ajustado, sustentado e vinculado por suas juntas, experimenta um amadurecimento saudável, assim também a igreja na medida que cada parte realiza a sua função - com a supervisão de Cristo - crescerá cada vez mais. Seu argumento é de que na igreja cada membro espiritualmente vivo faz sua parte realizando seu ministério no poder do Espírito Santo conforme o dom concedido por Cristo.
Na prática, quando todas as partes individuais cooperam, a igreja toda cresce espiritualmente com vistas a sua própria edificação. Para nossa tristeza, nos últimos anos, foi ensinado em muitos círculos - alguns influenciados pela teologia liberal, outros em reação aos abusos cometidos por alguns líderes - de que nem todos precisam servir as suas igrejas locais. Essas pessoas argumentam que se elas já estão trabalhando, estudando ou socializando, neste caso, sua tarefa, automaticamente, está cumprida. O resultado é que a igreja foi amputada de membros preciosos. O que Paulo aponta neste texto de maneira inequívoca é que todos devem fazer a sua parte no corpo de Cristo para a sua edificação. Paulo trouxe o assunto para perto de todos nós. Calvino comentou que “nenhum crescimento é de utilidade quando não corresponde a todo o corpo. A pessoa que deseja crescer isoladamente segue um rumo equivocado”. Então, quando
consideramos atentamente no cuidado de Cristo com seu corpo, nenhum de nós vai querer ser tudo para si mesmo, senão que, tudo que venhamos a ser, sejamos relacionados uns aos outros.
OS INIMIGOS DO DISCIPULADO.
O discipulado tem três inimigos ferozes que irão empreender toda a sua força para tentar comprometer o discipulado. São eles:
1. O elitismo espiritual.
O elitismo é um conceito secular que se manifesta na convicção de que o conhecimento especializado e acadêmico são pré-requisitos indispensáveis para a participação em determinados campos, como a ciência, a política ou a cultura. Na igreja, o elitismo aparece na excessiva valorização do conhecimento e das qualificações formais como critérios para se tornar um discipulador. O Senhor Jesus, estabeleceu um modelo para sua igreja que despreza qualquer forma de elitismo. Qualquer seguidor de Cristo, pode, por meio de sua palavra, edificar outras pessoas.
2. Hierarquização.
A ideia de que o discipulado funciona como uma rede de crescimento em que o indivíduo ingressa e à medida que vai avançando no processo alcança patamares maiores de importância e relevância. Por outro lado, algumas pessoas entendem que elas devem ser cuidadas por um líder maior, uma vez que elas estão na liderança de ministérios ou áreas da igreja. As escrituras ensinam que o princípio elementar de funcionamento do discipulado consiste em ser discipulado, enquanto discipulamos. Falando de outra forma, no ato de discipular, seremos ao mesmo tempo discipulados.
3. Pragmatismo.
O pragmatismo se apresenta na exaltação dos métodos e dos números. O conceito de que se alguma coisa produziu resultado, logo, essa prática deve estar correta. O discipulado, não pode ser movido por números e metas. O trabalho do discipulador se assemelha ao de um agricultor que planta a semente e aguarda até que o Senhor conceda o crescimento.
CONCLUSÃO
A vida cristã é também a vida dedicada a discipular. Os discípulos discipulam. Seguimos aquele que convoca as pessoas para que o sigam ao convocar outras pessoas para que o sigam. Mark Dever argumenta: “O ato de discipular é fundamental para o cristianismo. Como isso poderia ser mais claro? Se não trabalhamos para fazer discípulos, é possível que não sejamos discípulos dele”.
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